O Funcionamento da Mente Humana segundo a Visão Sistêmica
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Autor Instituto AION
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/2/2008 12:25:21 AM
A inteligência é uma característica exclusiva dos seres vivos. Apesar de a indústria tecnológica pretender atribuir aos computadores e aos sistemas cibernéticos propriedades de inteligência artificial, é precisamente pelo fato de ser artificial que não podemos falar em inteligência, pelo menos não no sentido pleno da palavra. A inteligência não está separada da vida, assim como não existe vida artificial, tampouco inteligência. A idéia de circuitos eletrônicos ligados a um processador central, capacitado de memória para tratar informações, “tomar decisões” e produzir resultados é uma idéia mecanicista e cartesiana que a era industrial assimilou de maneira extraordinária. Embora os robôs e equipamentos cibernéticos possam realizar operações que envolvam algum tipo de aprendizagem, nenhuma máquina tem ou poderá ter inteligência no sentido humano do termo. Não se trata de um discurso romântico. Somente o ser humano possui a capacidade de fazer abstrações e, construir realidades e, sobretudo, criar significados. Essa é a verdadeira inteligência. O cérebro humano tem a capacidade de reconhecer cerca de 400 bilhões de informações por segundo, mas nossa consciência só assimila 2 mil delas nesse mesmo tempo. O que chamamos de realidade é somente essa pequena parte do mundo que escolhemos ver. Ampliar esta consciência é o objetivo da criatividade humana. A abstração (capacidade de construir modelos de conhecimento por meio da linguagem) é uma inteligência que nenhum computador possui. A inteligência é raciocínio e processamento de informações em função do tempo é uma concepção equivocada, promovida pela nossa sociedade utilitária e materialista. Para os cientistas que estudam fenômenos quânticos, assim como as ciências cognitivas, a mente humana é vista como sendo mais um processo do que uma entidade isolada. Desse modo, nossa consciência estaria ligada não só às estruturas individuais, mas a sistemas ecológicos e sociais. Nossas organizações mentais estariam inseridas em sistemas maiores até, por fim, se relacionarem a uma mente superior ou planetária – a mente Gaia – e à mente cósmica. Segundo Humberto Maturana, a inteligência humana flui em um contexto emotivo onde se entrelaça na linguagem e a partir daí, altera nosso emocionar nos inserindo em maneiras diferentes de nos situarmos, novamente, no contexto da linguagem.Assim ele se refere a esse processo: "Que somos animais que usam a razão, não há dúvida. Contudo, nós somos movidos pelas emoções como todo animal o é. A razão nos move apenas das emoções que surgem em nós no curso de nossas conversações (ou reflexões) no fluir entrelaçado de nosso linguajar e emocionar". Maturana fala do emocionar dando primazia a este em relação ao racional, como condição das nossas possibilidades como seres humanos, na medida em que só existimos na instância da linguagem. Nesse contexto, portanto, a inteligência humana não pode ser entendida somente como uma dimensão racional, mas, antes de tudo, como uma função da linguagem que se situa muito além das capacidades artificiais e cibernéticas. O biólogo George Coghill desenvolveu um conceito muito interessante a respeito da estrutura mental, com um enfoque sistêmico, onde identificou três modelos inter-relacionados, que chamou de “estrutura, mentação e função”. A mentação seria uma dinâmica da auto-organização, cuja natureza não se restringe somente aos indivíduos, mas a organizações sociais e ecológicas. Na visão sistêmica, a mente humana está relacionada à própria vida, em um processo dinâmico de auto-organização. Essa forma de definir a mente está, portanto, em desacordo com as visões cartesiana e mecanicista, na qual a mente é uma coisa e o corpo, outra. Na visão sistêmica integrada o que existe é um processo e não coisas” propriamente ditas. As coisas ou formas são estruturas flexíveis que interagem e possuem uma interdependência, cujas características pertencem ao sistema como um todo, e que nenhum elemento possui isoladamente.
(Texto extraído do livro Liderança Criativa - de Celso Cardoso)
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