O Jogo do Ego
Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/11/2013 10:58:19 AM
Uma pessoa disse que “precisamos conhecer, desvelar e nulificar os nossos pensamentos e ações para desapegarmos desse ego maldito”. Devemos observar a sutileza da frase salientada onde a pessoa indica um ser, ela ou ele, observando o ego e essa pessoa precisa conhecer o ego e nulificá-lo. O principal aspecto é que não existe o outro observando o ego, sendo que é o próprio ego que diz da necessidade de desvelá-lo. A dualidade criada pelo próprio ego invalida todo o processo de espiritualização.
A dualidade do ego pode ser comparada a um beduíno, ladrão de camelo, e quando um agente policial passando por ele o pergunta se conhece na redondeza um ladrão de camelo ele salienta que esse ladrão precisa ser descoberto, nulificado e o maldito deveria ser preso. O próprio ladrão é aquele que está conversando com o policial. Quem está dizendo que o maldito ego deve ser descoberto é o próprio ego.
Devemos esclarecer que o ego utiliza inúmeras fisionomias dificultando a sua nulificação. O ego em um momento é um pai ou mãe carinhosa, em outro momento um policial malvado, um religioso (a) devoto (a), um comerciante explorador, um amigo (a) sincero (a), um esposo (a) amigo (a), um marido fiel ou esposa honesta. Todos esses papeis são vestimentas de uma pessoa, ou seja, são materializações de um único ego. O ego é um pássaro mágico que assume várias formas, cores e fisionomias dificultando o seu descobrimento.
O ego é um ser multifacetado que possui muitas formas, assim sendo, o próprio ego se desconhece como sendo o ser que habita e controla o corpo físico desempenhando inúmeros papeis. Chega-se a um ponto em que o ego inicia o processo de autoconhecimento tomando consciência quem de fato ele é, quais são os seus papeis e quais são suas emoções em todas as fisionomias que assume. Nesse nível o ego se desvela tomando consciência que todas as ações, pensamentos e sentimentos são originários dele mesmo como ser subjetivo controlador do corpo humano. O ego é um palhaço de circo onde em cada espetáculo assume uma personalidade, mas atrás de cada palhaço existe um ser e esse ser é o ego. O palhaço não pode passar pela vida sem conhecer que ele não é o palhaço, mas uma pessoa que representa as várias personalidades no interior do circo.
Depois do processo de autoconhecimento o ego passa a tomar consciência das atividades egóticas chegando à conclusão que esse espetáculo que desempenha não possui sentido, sendo um caminhar em círculo sem ponto de chegada. As representações não possuem sentido diante da infinitude por ser conjuntural e esporádica.
Percebendo a insignificância de suas ações, pensamentos e emoções o ego inicia a sua própria nulificação. Na nulificação do ego ocorre um processo pouco compreendido e que precisa ser explicado. Quanto menor é a atuação do ego maior é a possibilidade do desenvolvimento da semente sagrada em nosso interior, nascendo o Supremo Anjo Guardião. A morte do ego implica o nascimento do anjo, o desaparecimento do ego provoca o emergir do novo ser que está além do espaço/tempo/forma. O menino sagrado nasce nas cinzas do ego.
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