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O PAPEL DA RELIGIOSIDADE NAS PSICOTERAPIAS

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Autor João Carvalho Neto

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 10/26/2005 9:17:41 PM


Estou arriscando lançar uma reflexão sobre este tema por acreditar que, após alguns anos de trabalho como psicanalista e escritor, o público que me procura e lê meus textos já percebeu haver uma clara distinção entre minhas atividades profissionais e religiosas. Contudo, nessa distinção não está ausente um aspecto de complementação.

Quando pensamos em transtornos mentais temos em vista conflitos reprimidos e não elaborados, desta ou de outras vidas e que necessitam ser resolvidos para se tornarem um produto de evolução da individualidade levando-a, portanto, a alcançar níveis cada vez mais gratificantes de felicidade.

O trabalho terapêutico visa à elucidação do conflito através da sua conscientização e verbalização, capazes de produzir a catarse. A catarse é o processo através do qual as energias afetivas presas ao complexo do conflito são liberadas, aliviando as tensões psíquicas das frustrações que geram desprazer.

Na medida em que o paciente evolui no processo de sua cura, verdadeiros vazios afetivos vão se formando na estrutura psíquica transformando-se, muitas vezes, em estados depressivos resultantes da própria terapia. Na verdade, em processos analíticos, após a clarificação dos conflitos e de um aparente estado de bem estar, é comum o surgimento desses estados depressivos.

Acredito que, chegando-se a essa situação – não necessariamente na depressão mas na percepção da aparente melhora do paciente – faz-se importante a ocupação dos espaços afetivos vazios com conteúdos que renovem os sistemas de crenças pessoais e os traços de caráter patológicos que foram trabalhados na terapia. Os sistemas de crenças não dizem respeito apenas às crenças gerais das pessoas, mas também aos pequenos hábitos que se enraizaram e se transformaram em referenciais de comportamento, sem condizerem com situações reais mas apenas com caprichos a que se acostumaram. Nestes casos vamos incluir aquelas rotinas pelas quais as pessoas são capazes até de brigar mas que não têm significado absoluto para o seu bem estar, como exigir que todos apertem a pasta de dentes pelo final ou que todos façam as refeições sempre nos mesmos horários ou, talvez, esperar que a filha adolescente fique em casa no sábado à noite para fazer companhia ao pai ou à mãe solitários.

Já os traços de caráter estão ligados a tendências afetivas muito enraizadas, quase sempre de vidas passadas, que nos levam a alimentar atitudes com base em sentimentos desproporcionais aos fatos em questão. Então é aquela raiva ou ciúmes excessivos, a inveja, etc.

É então que a religiosidade, vivida em qualquer credo que seja, vai ocupar, pouco a pouco, aqueles espaços que vão sendo deixados como resultado da terapia, criando novos sistemas de crenças e valores mais saudáveis para a vida mental tanto quanto para a vida de relação.

Além disso, nossa mente é eminentemente criativa. A maior distinção que nos separa da vida instintiva do animal é nossa capacidade de criar. Abrindo mão desse exercício, as energias psíquicas entram em estado de estagnação, contaminando a personalidade com tendências ociosas, pessimistas e depressivas. A atividade religiosa, nesse sentido, promove espaços de realizações criativas voltadas para o bem comum, facilitando o direcionamento das pulsões que se liberam para estados mais sublimados e, por isso mesmo, mais imunes às frustrações e mais propensos à promoção da felicidade. O ideal religioso dá sentido à existência, favorecendo a resolução do trauma primordial da individualidade que é o da separação do poder criador da vida, de onde ela vem e para onde se encaminha em sua trajetória evolutiva.

Apesar de tecnicamente, na visão tradicional e acadêmica da psicologia humana, a religião ser um apêndice psicológico, fruto de sentimentos de culpa e insegurança – o que corresponde a uma parcela da realidade – do ponto de vista de uma psicologia transpessoal jamais poderemos imaginar que um estado de saúde mental possa prescindir de uma intensa e gratificante vivência da sua religiosidade.

João Carvalho Neto
Psicanalista
Autor do livro “Psicanálise da alma”
[email protected]

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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