O POODLE DA MADAME
Autor Fátima Rodrigues Graziottin
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 04/03/2007 01:34:22
O poodle da madame, branquinho e fofinho como algodão, sai para passear, diariamente, com a babá educada e sorridente. Pêlo penteadinho, bem asseado, tosa da última moda! Gravatinha de seda italiana no pescoço e loção para pulgas... importada! Nas patinhas (ou serão pés?) quatro botinhas de napa vermelha dão um toque de "finesse" ao lindo e simpático cãozinho!
No seu impecável uniforme branco, a babá o conduz orgulhosa. Todos páram e brincam com o animalzinho mais charmoso da rua!
No trajeto costumeiro, o cachorrinho pára e fareja... e pára... faz xixi... e fareja... e faz xixi... e fareja... diversas vezes! Neste dia, porém, repentinamente o poodlezinho pára, querendo farejar um jovem mendigo que dorme na calçada.
O mendigo está muito sujo, com feridas purulentas ao redor da boca e dos olhos. Percebe-se que as solas cascudas e rachadas de seus pés imundos servem de calçado...!
O cachorrinho se aproxima para farejar o rosto do mendigo, porém, a guia está curta demais... Decidido faz meia volta e se aproxima dos pés do indigente.
A babá atenta e cuidadosa faz uma cara de nojo e impaciente, mas delicadamente, diz, puxando a guia:
- Ó Pierre, não... Não, Pierrezinhoooo...
Ao sentir o tranco firme da coleira em seu pescoço, Pierre instantaneamente pára. Desnorteado, olha para a babá assustado! Ela se agacha, pega-o no colo com cuidado e o afaga, tentando acalmá-lo.
Percebendo ainda o olhar assustado de Pierre, a babá encosta a bochecha na cabecinha dele e fala com voz terna, compassiva e consternada:
- Pierrezinho, querido... Desculpe... Desculpe mesmo... É que... você pode se sujar ou contrair uma doença, não sabe?
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 55
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