O que se conhece e o que pode ser conhecido
Autor Bernardino Nilton Nascimento
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/11/2009 11:47:44 PM
É possível que a desvalorização da razão no mundo possa conduzir cada vez mais pessoas a investigar o que elas conhecem e o que é conhecível.
Somente procurando conhecer algo que está dentro de cada um, é que nós podemos preservar a dignidade: a razão subirá até os sentimentos ou as emoções acorrentarão a razão, e daremos centenas de passos para trás. À medida que o materialismo e o egoísmo se tornam o alvo comum de nossas vidas, os dotados de justiça lutarão cada vez mais arduamente pela libertação da razão e chegarão a ver, finalmente, que sem a energia de Deus por detrás da vida não haveria razão de um universo. Só existem duas espécies de seres humanos bem dotados de razão: os que amam Deus, de todo coração, porque o descobriram, e os que procuram Deus, de todo coração, porque não o descobriram.
Existem pessoas que ainda não têm, dentro de si, a plenitude do amor que podemos encontrar em Deus. Então, vivem sedentas, têm medo de pedir o cálice do verdadeiro amor. São pessoas frias, porque têm medo de se aproximar dos seus sentimentos mais íntimos, no receio de que as energias vindas do alto os purifiquem à medida que os iluminam. Sabem que estão acorrentadas nos medos da sua própria ignorância e acabam com medo de sua reencarnação, onde poderão trazer de volta as feridas da batalha que travaram consigo mesmas e com a vida.
Porém, situações difíceis e sofridas, como uma catástrofe ou a perda de uma pessoa querida, nos obrigam a uma reflexão e a alguns questionamentos do tipo: “Qual o fim da vida? Por que estou aqui? De onde vim? Para onde vou?” Enquanto há prosperidade e boa saúde, essas perguntas nunca vêm à mente. O ser humano que tem apenas interesses próprios materialistas não conhece a plenitude da paz interior adquirida com o amor a Deus.
A doença, especialmente, pode ser um abençoado prognóstico do conhecimento espiritual do ser humano. Não somente impede-o de realizar seus desejos materialistas, como reduz sua capacidade de errar. Nesse forçado afastamento do mal, que é um benefício de Deus, tem tempo de olhar para dentro de si, de apreciar sua vida, de interpretá-la em termos da vasta realidade e rever suas emoções e seus sentimentos mais profundos. Considera Deus e, naquele instante, há um senso de mudança, uma confrontação da personalidade com Deus, uma comparação dos fatos de sua vida com o conhecimento daquilo que o enfraqueceu.
O ser humano é forçado a olhar para dentro de si mesmo para poder questionar se não há mais paz nesse sofrimento do que nos pensamentos. O fato é que a razão se torna possível no mesmo momento em que ele deixa de censurar Deus ou a vida que leva, achando que são as causas de suas perturbações, e passa a censurar a si mesmo, começando aí, um possível processo de transformação. Uma abertura surgiu na armadura do seu materialismo. Agora o raio da graça divina pode penetrar. Mas até que isso aconteça, as doenças e as crises nada podem ensinar-nos, senão o desespero.
O homem tem se distanciado muito de Deus e do caminho para a sua própria paz. Tanto é esse distanciamento que poderíamos perguntar o que mais falta acontecer para nos aproximar mais, e, verdadeiramente, da energia divina. A pior coisa que Deus poderia fazer-nos seria deixar-nos a sós, no nosso caos interior. Duas guerras mundiais não tornaram o mundo muito melhor como imaginávamos. E ficamos a pensar qual seria o grau de uma nova catástrofe que pudesse produzir no homem um maior impacto e conhecimento sobre o seu papel na vida e no mundo.
Quando um ser humano cai em algum tipo de crise, sob o impulso da graça, volta-se para Deus. Quando a calamidade fere os sentimentos do coração humano, faíscas de amor sagrado se inflamam e o ser humano começará normalmente a fazer uma avaliação do seu verdadeiro amor pela vida.
BNN
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