O REINO DA PAZ CELESTIAL= 1ª PARTE
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Autor Eduardo Paes Ferreira Netto
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/04/2008 13:22:00
O REINO DA PAZ CELESTIAL
PRIMEIRA PARTE
Li Po saiu em peregrinação, em busca do Reino da Paz Celestial, levando consigo apenas as roupas do corpo, um bastão e uma tigela na qual recebia o alimento que mendigava de porta em porta.
Dormia debaixo das árvores do caminho quando não encontrava uma alma piedosa que lhe desse um lugar no celeiro ou debaixo de um alpendre onde estivesse ao abrigo das intempéries.
E assim estava caminhando de cidade em cidade, sempre na direção do oriente.
As sandálias desgastadas já não serviam para quase nada. As vestes surradas com sinais de grande uso de há muito reclamavam substituição. Assim mesmo continuava firme no caminho sofrendo toda sorte de privações.
A lua cheia já surgira no céu por várias vezes, quando por fim à certa distância, do alto de um morro viu um enorme castelo dourado.
_Até que enfim encontrei o reino que tanto procurava, pensou ele, agora posso descansar em companhia dos mestres maiores , já não suportava tantas privações, o misericordioso Buda afinal teve compaixão do seu discípulo.
Li Po mais animado ante à perspectiva de chegar logo ao castelo seguiu por um caminho de pedras, ladeado por frondosas e centenárias árvores. No início desse caminho, uma bica encravada num rochedo deixava cair um filete de água cristalina. Aproximou-se e com as mãos em concha tomou uma porção daquele líquido maravilhoso. Lavou-se ligeiramente e as roupas e por fim deitou-se na relva para descansar um pouco enquanto as vestes enxugavam expostas ao sol.
Deitado, dirigiu o olhar para o céu sem nuvens, em alguns minutos fechou os olhos e adormeceu.
Já à tardinha acordou sobressaltado, o cansaço o vencera e dormira mais que o desejado. Vestiu rapidamente as roupas em farrapos e tomou o caminho do castelo.
O aroma exalado pela resina das veneráveis árvores do caminho produziam um extraordinário efeito calmante sobre o caminhante.
Ao fim da alameda o caminho continuava, agora em sentido ascencional.
Anoitecia rapidamente. Nosso herói apertou o passo e quase correndo chegou esbaforido às portas do castelo que abriu-se misteriosamente à sua aproximação.
_Até que enfim! - exclamou.
Li Po foi recebido por uma jovem que em silêncio pediu-lhe para segui-la.
Foi levado por extensos corredores até um enorme aposento, onde um "ofurô" o esperava convidativo. A jovem orientou-o para após o banho reconfortante vestir novas roupas e se preparar para o jantar que seria servido dentro de alguns minutos no próprio aposento.
O viajante estava encantado, tirou as vestes em frangalhos e jogou-as num cesto, entrando em seguida na piscina com água bastante quente. Ficou por ali uns dez minutos gozando daquele banho extraorinário, lembrando os dias em que vivia no seu mosteiro, onde embora trabalhando arduamente vivia despreocupado com a vida. Por fim saiu do banho enxugou-se, vestiu as novas roupas que encontou num armário e deitou-se sobre um tatame forrado com grossa manta extremamente macia, aguardando o jantar.
Uma leve batida à sua porta e a mesma jovem que lhe recebera acompanhada de alguns serviçais entraram com bandejas, trazendo deliciosas iguarias para o jantar. Depois de tudo colocado delicadamente numa mesa baixa as serviçais saíram, ficando apenas a jovem para fazer companhia ao afortunado Li Po.
A jovem tocou um pequeno gongo e logo em seguida entrou um grupo de jovens que ao som de uma música invisível iniciaram uma dança de extrema beleza.
O rapaz servia-se à vontade das iguarias sob as vistas da jovem que o observava procurando, como que, adivinhar seus mínimos desejos.
Compunha-se o jantar com alguma coisa parecida com arroz integral e de uma mistura desconhecida de um sabor delicioso que Li Po jamais havia provado. Acompanhava uma jarra de chá também de extraordinário e desconhecido sabor.
A fome era tanta que não lhe permitia questionar, além do que, sua condição de mendicante nada lhe permitia recusar. O ensinamento do Divino Gautama era taxativo: qualquer dádiva recebida não é matéria, é o amor das pessoas em forma de alimento, mas não dava mesmo para questionar era tudo muito saboroso.
Terminado o repasto a jovem tocou um pequeno gongo e imediatamente as serviçais entraram, retiraram o serviço e saíram acompanhadas das dançarinas.
_ Se desejar ler ou orar antes de dormir, há um pequeno oratório ao lado e livros na mesa de cabeceira. Às 4,30 horas soará um gongo, convidando a todos às orações matinais retirando-se em seguida e deixando a sós o nosso herói, que levantou-se e passou a inspecionar o aposento. Um conforto absoluto, porém sem luxo nem extravagâncias, tudo muito sóbrio, como convém a um discípulo.
Estava feliz.
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