O SOM DO AMOR
Atualizado dia 4/13/2007 10:15:28 AM em Autoconhecimentopor Inês Bastos
Em outros momentos, podemos nos sentir cavalgantes dentro de uma armadura, seguindo um fluxo nervoso, quase competindo com os companheiros ao lado, indo aonde o curso nos levar, cegos pelo cansaço do momento, os excessos, as idéias meio truncadas pelo stress, mas prontos para a briga. Acontece também, embora raramente, podermos ter alguns metros de pista livre e acelerarmos o veículo, empurrando o tempo. Sentimo-nos num disco voador, esta maravilha sempre moderna e inalcançável, que desliza suavemente com uma potência interessante, nos dando uma idéia de poder sobre o futuro. Vamos flutuando em direção ao desconhecido, impetuosos e ágeis.
Ah, como gosto de dirigir automóveis... especialmente os que tenham um bom equipamento de som! As luzes do rádio se misturam com as do painel e parece um holograma de acordo com a aventura! Mas, em geral, indo de carro a qualquer lugar estou na minha diligência - por vezes objeto voador não identificado, abóbora, biga ou minha ilha de som - sempre fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo, mas representando um personagem por vez! Nada que uma imaginação fértil e livre não me remeta aos tempos de criança, onde tudo era possível e nada previsível! Como eu vivia bem assim!
Num dia que parecia outro qualquer, saí de casa para minhas atividades em meu querido carro, a quem sou muito grata por existir e me ser tão útil!
Neste meu momento de solitude, escolho só ouvir minhas músicas preferidas porque elas falam à minha alma. Escolho pelas letras porque elas têm a habilidade de se casarem com as parceiras certas, enfim, escolho pela mágica que elas me ocasionam.
As sirenes que me perdoem, mas se houver competição de barulho no meu mundo, vencerei sempre pela escolha do meu repertório!
Indo pela cidade neste dia, muito em paz e com o espírito aberto, já conseqüentemente preparada para insights, ouvi certa música como se fosse a primeira vez. Fui tocada profundamente, coisa que não havia acontecido em outros momentos. Um som lindo, melodioso e forte me transportou. Veio uma emoção, um abalo, uma procura seguida de uma alegria triste, uma dor gostosa, uma saudade, uma lembrança sem identidades. Não havia propósitos, desejos ou dores. Havia só o sentimento bom e generoso que me buscava interiormente em vez de buscar fora da minha pele. Tudo se transformou instantaneamente em completude e auto-amor.
O som sublime enchia minha camuflagem, dando novo contorno às cores e os cavalos estavam me levando às nuvens. Olhei em volta e estava mesmo só, mas inteira e recém-entrada - como num flash - na minha natureza plena de sentidos e senso. Chorei emocionadamente. As lágrimas foram bonitas, com um riso meio tímido. Senti que entrei no mundo do amor por um portal sonoro e com o coração quente e saltitante, entendi que era tudo sobre o amor, sobre cada um de nós, por nós e para nós. O amor que sentimos, que cultivamos e retornamos.
Estava, naquele momento, me juntando ao Todo, me reinterpretando de verdade como parte de um conjunto, uma nota num acorde musical, onde a afinação pode existir com nosso desejo de estarmos unos numa sinfonia sem fim. O invisível me levou ao meu destino quando fiquei nas mãos dele.
A partir daí, foi fácil fazer o link de que sempre que vivenciamos cenas e situações emocionantes, assistimos programas e filmes que nos tocam, vemos imagens, sentimos cheiros, sabores e texturas que nos levam ao mundo das sensações, estamos nos identificando com uma emoção primordial e buscando dentro de nós o amor e o acolhimento de nossa essência.
Com vários caminhos pela vida afora, interrompidos por desvios sem direção certa, saímos do fluxo várias vezes e nessas saídas o ritmo muda, o som desafina, a chuva nos pega, o sol forte turva a visão, o vento dificulta nosso caminhar... tudo para não nos deixar sentir que o amor está seguro, apesar de tudo.
O amor está dentro de nós; por isso nunca o perdemos: faz parte de nós desde o início e é nossa usina interna, aquela que acontece ao nascermos, numa explosão de luz. E que mantemos no peito como um candelabro autosustentável, sempre presente, vibrante e disponível, porque nossa natureza é divina, abundante e sutil.
Amar não é receber, não é esperar o amor do outro como uma música sem fim. Amar é ser o sentimento que transborda e cria uma melodia pacificadora. Descobri que amo o amor! Eu me amo! Amor, eu te amo!
Agradeço com amor a todos os que já estiveram e aos que estão ao meu lado, por me permitirem viver minhas paixões, ouvir música, fazer arte, curtir leitura, dança, encontros, vivências e ausências.
Imagem criada por Inês Bastos Texto revisado por Cris
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