O tapado e o criativo - parte 2
Autor Alex Possato
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 20/05/2008 15:51:35
Pensamento criativo não é expresso pela fala
O pensamento criativo ocorre antes à fala, antes à lógica ou a lingüística. O pensamento criativo não pode ser expresso ou traduzido e manifesta-se através de emoções, insights, intuição, imagens e sensações corporais. Como posso afirmar que o pensamento criativo não é “pensado”, e simplesmente surge? Daí fui obrigado a investigar o que pessoas criativas e realizadoras falaram a respeito da própria maneira de pensar. E foi fantástico eu perceber que nunca chegaria à realização pensando racionalmente, como fui ensinado! Descobri que grande número de cientistas e inventores sabiam os resultados mas não sabiam como chegar lá. Artistas, músicos, pintores e escritores imaginavam a obra pronta, e depois era “um Deus nos acuda” para que essa imaginação virasse realidade!. Isso quer dizer que as respostas que o Universo dá para nossas questões diárias, surgem espontaneamente, sem a necessidade de ficar pensando em como solucionar. Basta desapegar do condicionamento de achar que o pensamento linear leva ao resultado. Não leva, não. O resultado já está pronto, e deve ser captado. O pensamento linear depois terá o trabalho de traçar um caminho, abrir uma “picada” passando por cima dos entulhos e obstáculos que nós mesmos colocamos, para chegar àquilo que já está pronto. Albert Einstein disse que sensações íntimas e intuições, uma característica muito essencial do pensamento produtivo, ocorrem muito antes que seu significado possa ser expresso em palavras ou números. Os estudiosos da vida de Einstein sabem que ele intuía as respostas às suas teorias, mas tinha até que solicitar ajuda de matemáticos amigos para escrever todo o caminho teórico, dada a sua sabida dificuldade com os números. Ele não pensava para chegar aos resultados. Outro que também percebia a obra pronta foi Mozart, que já “ouvia” em sua cabeça toda a sinfonia, e depois tinha o trabalho racional de colocar no papel as notas musicais. Um dos maiores matemáticos do século XIX, Henri Poincaré, disse: “é pela lógica que provamos, mas é pela intuição que descobrimos”.
Pois é, os caminhos para a nossa realização só podem ser descobertos, não criados mentalmente. Pena que eu ainda dê tanto valor às minhas palavras, ao meu pensamento, às minhas certezas, ao invés de estar aberto à uma verdade que não pode ser racionalizada. É, a mente racional é quase sempre um “tapado”!
Utilizando o pensamento criativo no dia-a-dia
Somos condicionados, através das palavras que ouvimos desde o nascimento, a pensar como os outros pensam. Tudo o que temos na cabeça, pensamentos e emoções, são arquivos que temos acesso, mas que não são reais. São somente gravações. A mente cartesiana não consegue sentir, intuir: ela só consegue repetir pensamentos dos outros. Ao entender isso, as práticas da contemplação e meditação faz sentido, porque permite, ao nos colocarmos ao lado do nosso pensamento, estar aberto para as intuições. É essa a estratégia: em todos os problemas, se simplesmente deixarmos espaço para o pensamento criativo, a resposta surge, sem desgaste racional. É necessário estar com a mente aberta para as soluções mais inusitadas, brincar com as idéias, imagens, sons, permitir-se conceitos contraditórios, abrir o foco, preocupar-se mais em perguntar que em responder... E então é hora de colocar a mão na massa e seguir a intuição, fazer, mover o bumbum da cadeira. Se isso serve para os inventores, cientistas e artistas, serve igualmente para qualquer pessoa, em qualquer problema que se queira resolver: desde o que fazer no almoço de amanhã, até como conseguir dinheiro para pagar as contas. Qual profissão devo seguir, que faculdade devo ingressar? Reatar o relacionamento ou largar de vez? Onde está a minha capacidade? Qual o talento que tenho e deve ser melhor utilizado?
Este é o processo que os grandes estudiosos utilizam para as grandes descobertas: perguntar corretamente. E aí brincar, se divertir, variar, abrir a mente, trabalhar de formas diferentes, até que a resposta surge. Se analisarmos a palavra descobrir, entendemos que ela significa tirar a coberta de algo que está oculto. Oculto mas existe. A resposta está oculta, mas existe, sempre. Não é necessário criá-la, mas simplesmente deixá-la à mostra. E muitas vezes, as respostas para as nossas grandes perguntas – como, por exemplo, qual atitude devo ter para ser mais feliz, são as mais simples e estão no nosso nariz. A mente racional não vê, é “tapada”, mas a sua mente criativa vê.
Alex Possato é consultor, especializado em programação neurolingüística
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Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
