O toque da essência...
Autor Zaida Miranda Rebêlo da Silva
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 30/07/2006 13:44:00
Nenhum homem pode pacificar o mundo inteiro, mas cada um pode pacificar a si mesmo.
Surprendentemente, é justamente nos momentos "críticos", quando estamos mais fragilizados e em "apuros", que temos a grande oportunidade de praticar a paz e aumentar a nossa felicidade. A impermanência, neste sentido, é a nossa maior Mestra. É ela que nos mostra se estamos avançando no caminho e se nossa prática está servindo apenas para preencher nossas horas de folga ou para aumentar nosso orgulho. É fácil ser pacífico com os amigos espirituais. Mas tudo isto deve servir para que diante do inesperado e do desconhecido, possamos manter o único bem passível de transpor connosco a estreita porta da morte... o "estado de mente" que tivermos cultivado em cada experiência e momentos desta vida.
De modo geral, temos um cotidiano mais ou menos intenso, mais ou menos atropelado. Vamos administrando-o como faz o equilibrista de circo e seus pratos giratórios na ponta daquelas hastes fininhas, incessantemente correndo para lá e para cá. Se um prato começa a despencar, ele corre e aplica-lhe mais energia, mas seu olho precisa fitar ao mesmo tempo os demais pratos. Assim, ele não chega a ver o que as suas mãos estão fazendo, apenas executa movimentos automáticamente com a mente adiante.
Se nossos planos fracassam, se a pessoa que amamos resolve ir embora, se as crianças resolvem ter amigos mais interessantes do que nós, se somos despedidos ou se o médico chega com a notícia que há algo errado com o nosso corpo... bem... não nos sentimos preparados. Alguma coisa nos diz que há uma injustiça qualquer ocorrendo. Estava tudo tão bem! Em resumo, se nossos pratos irremediavelmente caem no chão, sofremos muito.
Entretanto, a reflexão sobre a morte nos dá uma ideia da qualidade e do tipo de vida que estamos levando. Enquanto refletimos, podemos perceber quase tudo que ocupa nosso tempo e nossa mente que agora não pode ser carregado através da porta estreita da morte. Não podemos levar nenhum bem adquirido seja qual for o esforço que tenhamos feito, ainda que toda a nossa vida tenha sido gasta para obtê-lo. Não poemos levar também nossa fama, prestígio ou posição social.
Cada fato de nossa vida, cada experiência que vivemos está recheada, forrada de sentimentos poderosos de apego, aversão, orgulho, inveja e indiferença, que percorrem todo o nosso corpo. Esses "ventos" são forças consideráveis. Constituem a base sobre a qual a mente percorre o organismo. Se o agravamento for excessivo, podem fazer com que nosso corpo adoeça. Podem alterar sinais vitais, rotas metabólicas ou afetar sistemas de defesa (imunológico). Se equilibrados, permanecemos saudáveis, o que pode incluir o próprio processo da morte.
Como a visão embaçada por desejos condicionados, não conseguimos ver além da superficialidade do mundo e da vida. Agimos como o gato faminto que salta sempre sobre a sombra do pássaro sem nunca conseguir saciar sua fome. Atingir um estado mental liberto de construções ilusórias, um estado mental equilibrado, não oscilante como um pêndulo, é a seara e a vida do praticante espiritual.
Quando brotar o orgulho e a vaidade: "Aquele que pensa saber de tudo é incapaz de aprender qualquer coisa."
Quando brotar a inveja : "A inveja é a mãe da avareza e conduz á miséria e à solidão."
Taróloga
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