OUTONO
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Autor Hellen Katiuscia de Sá
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/9/2005 11:34:45 AM
Leiloca viu-se, de repente, em meio aos alaranjados: eram vários outonos. Olhando para trás via o outono na parte sul do planeta. Se olhasse para frente via o outono do norte do planeta. Não entendeu nada e foi andando em frente.
Bem adiante avistou um saltimbanco. Ele estava vestido de verde-claro e sua roupa parecia um pijama. Tinha também listras horizontais verde-escuro e um gorro igual à roupa.
Ele corria de um lado a outro: “Onde está o verde? Onde está o verde...”
Leiloca não entendeu nada e perguntou ao bufão: “Porque você está procurando pelo verde?”
O palhaço disse que procurava o verde do planeta, pois ele só via folhas mortas ora cor de vinho, ora alaranjadas cobrindo o chão, e todas as árvores com galhos desnudos de folhas verdinhas. Aí a menina explicou que estavam assim devido ao outono.
“Mas em todo o planeta?”, perguntou o palhaço. “Veja só...”, e apontou seu dedão indicador vagarosamente em todas as direções; e só se via outono...
“Menina! Quando uma parte do planeta está em uma estação, as outras estão em estações diferentes...”, disse o mambembe.
E de repente ele puxou do nada um rádio enorme todo amarelinho com botões rosa e sintonizou em todas as estações do mundo; e em várias línguas os locutores falavam que o outono havia chegado em suas cidades.
Após Leiloca ouvir aquilo, o rádio desapareceu como uma estrela que explode... Puft!!!! Caíram sobre ela um montão de purpurinas... Leiloca, admirada, se distraía com o espetáculo. Mas voltou a si com o puxão que o palhaço deu em seu braço. Puxou-a para perto de si e com os olhos bem arregalados suspeitou:
“Há algo estranho por aqui...” Ela olhou à sua volta e teve que concordar com um menear de cabeça. Os dois foram andando a passos largos e olhando a paisagem. Tudo estava ora cor de vinho, ora alaranjado; até a pele de Leiloca começara a ficar alaranjada e seu nariz também começou a ficar alaranjado, e ela ficava vesga tentando olhar para si mesma... quando avistaram uma árvore ao longe.
Estava linda! Frondosa! E... VERDE!
“Olha lá!!!”, gritaram ambos e correram em direção à árvore com folhinhas verdes... lá, havia um soldadinho de chumbo guardando a árvore. “Quem são vocês?” perguntou o soldadinho com voz imponente.
“Eu sou Leiloca, tenho sete anos, escovo todos os dias meus dentinhos direitinho e meu dente de leite vai dar lugar a um permanente!”, disse ela toda orgulhosa.
“Eu sou Bobalhão, o bufão! E o meu orelhão é cheio de cera e não escuto direito com meu ouvidão...” disse ele sorrindo.
“Vocês não podem passar”, disse o soldado veementemente. “Essa é a última árvore do planeta que ainda tem verde! Estou protegendo-a contra aqueles que desejam sugar todo verde da Terra para fazer verde-moeda!”
“Mas nós não queremos fazer verde-moeda! Gostaríamos de saber porque só há outono em toda parte”, disse o palhaço Bobalhão. E com uma lágrima nos olhos, o soldadinho falou:
“Os homens gananciosos esqueceram-se de que eles também são crias da Terra e matam suas irmãs e irmãos, a fauna e flora para venderem seu sumo, seus corpos e suas peles a fim de fazerem verde-moeda”.
“Houve tantos filhotinhos morrendo pelas florestas sem sua mãe e seu pai... Houve tantas árvores cortadas por todas as florestas do mundo... Houve tantos rios e mares poluídos com sujeira... E pior de tudo, sumiram com o povo mais inocente da terra, aqueles que velavam pelas matas e que ainda estavam irmanados com a alma do planeta, os inocentes índios! Morreram quase todos por conta da fabricação indiscriminada do verde-moeda. E os poucos índios que sobraram se esconderam nas entranhas da terra, e uns outros ficaram com aquela doença... desejosos em possuir o verde-moeda”.
“Essa matança toda fez com que o clima do planeta ficasse doente também; por isso só há outono por toda parte...”. E o soldadinho, muito triste, olhava para a paisagem alaranjada e cor de vinho.
O Palhaço Bobalhão saltou à frente do soldado. “Tive uma idéia! E se Leiloca e eu saíssemos por aí levando sementinhas dessa árvore ainda verdinha? Plantaríamos por aí e outras árvores iriam nascer e choraríamos sobre as sementinhas até florescer!”
“Hummm... Acho que pode dar certo!” O soldadinho examinou tanto Leiloca quanto o palhaço e constatou que estavam “equilibrados”. Então podiam cuidar para que as sementinhas nascessem fora da atmosfera desequilibrada que reinava sobre o planeta. E assim fizeram.
E durante os vários anos foi surgindo um novo planeta, todo verdinho, equilibrado e com os habitantes felizes! Leiloca estava agora bem velhinha e o palhaço nem saía do lugar de tão ancião que estava, mas feliz em dedicar sua vida inteira a distribuir as estações corretamente por todo o planeta.
Então, Cesarina fechou o livro, consciente de que não devemos devastar as florestas, nem matar animais, poluir as águas e muito menos destruir outras civilizações por ganância. Aprendeu com os personagens “Leiloca”, “soldadinho de chumbo” e “Palhaço Bobão” que viver feliz é viver em paz e em harmonia com todo o planeta Terra.
FIM.
Hellen Katiuscia de Sá
28 de setembro de 2005
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 4
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