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Papel branco contra o céu azul

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Autor Claudette Grazziotin

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 7/13/2006 10:01:23 PM


Quando eu era menina
e me botavam de castigo
no quarto vazio
do andar superior
da casa de madeira austera
que fora um antigo hotel
de pioneiros e viajantes
com suas fascinantes histórias
de desconhecidos mundos
inscritas imperceptíveis
mas perfeitamente, audíveis
nas paredes de pé direito
muito alto, tão alto que a mim
parecia extrapolar os limites do teto;
do silêncio instaurado
no calabouço improvisado
em que me confinavam,
exilada, eu decolava
num misterioso vôo de
descobridora, em busca
dos lugares assinalados
em códigos secretos
nos mapas invisíveis
dos veios da madeira das paredes
e da minha imaginação.
Incontáveis folhas
dos meus cadernos de deveres
destacadas e dobradas
com esmero e precisão,
iam criando alvas,
mágicas formas aladas
que se alçavam em vôo,
contra o céu azul.
Umas planando lentas,
outras desenhando loopings precisos
ou mergulhando tontas
em espirais desatinadas.
Eu acertava o nariz,
testava a amplitude das asas,
em busca do vôo exato, perfeito.
E, à cavalo na soleira
da minha base de lançamentos,
a janela do 2º andar,
perigosa e atraente,
ao sabor do risco eminente
de despencar no vazio,
rompia os grilhões
do meu cárcere umbroso
e, ungidos, enviava meus sonhos,
fantasias, efervescências,
desejos ingenuamente infantis
libertos da avinagrada
incompreensão das pessoas grandes.
Os aviõezinhos de papel
feriam o azul anil
da tarde modorrrenta,
enquanto eu via
planadores tombando inertes
numa aterrissagem forçada
sobre o limo verde à margem
do gramado ou caças abatidos
fundearem nas águas plácidas
do velho tanque de pedra.
Velhos aviões de carreira
iam descansadamente pousar
no final do caminho de terra
entre os canteiros da horta.
Deles, desembarcavam
pilotos audazes orgulhosos
com seus feitos de guerra,
desbravadores, aventureiros,
caçadores de tesouros perdidos
e as "cantadoras" com suas
histórias fantásticas
gravadas nas paredes do quarto.
E, vinham todos
me fazer companhia,
até que o ferrolho da porta
da masmorra encantada
se abrisse e a condenada
fosse mais uma vez libertada.
Ainda hoje, para não deixar
que matem meus frágeis sonhos,
eu os lanço
disfarçados de brancos
aviõezinhos de papel
contra o azul do céu,
para salvá-los.

ILUSTRAÇÃO:AVIÃO DE PAPEL
https://www.wingimp.org/tutorial/airplane.jpg
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