PARASHAT BEHAR
Autor Mauro Seiner
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/19/2005 3:30:08 PM
Nessa porção semanal trata, entre outros assuntos, das leis dos escravos e do tratamento a eles reservado. Os servos são divididos em três categorias. Os canaanitas são todos reunidos numa só, mas os hebreus são divididos por genero.
De acordo com esta lei, é permitido forçar o escravo canaanita a trabalhos árduos, para oprimir de maneira total a sua vontade de ser livre, mas nossos sábios nos instruíram a conduzir-nos com piedade.
Maimônides explica, nas leis referentes a escravos, o seguinte: “Os atributos de benevolência e os caminhos da sabedoria obrigam o dono dos mesmos a ser piedoso e justo e a não fazer pesar demais o fardo do escravo. Não se deve afligi-lo; ao contrário, deve-se alimenta-lo e fazê-lo comer de toda comida e beber de toda a bebida”. Em continuação, ainda menciona: “Os primeiros sábios davam ao servo a comida que comiam e alimentavam seus escravos e animais antes que a si próprios”.
Maimônides comenta que este comportamento humano em relação ao escravo deve ser orientado por dois princípios: “Atributo de Benevolência” e “Caminhos da Sabedoria”. Devemos analisar quais são eles e o que cada um acrescenta ao outro.
Os “Caminhos da Sabedoria” certamente obrigam a nos conduzir de forma humana com nosso servo. Um patrão sábio quer que o seu criado seja saudável e trabalhe com vontade e abnegação; forçá-lo e castigá-lo, só trará o feito contrário e o mesmo poderá adoecer ou até fugir. Por isso é natural e lógico comportar-se com humanidade e consideração. A natureza humana sempre buscará um argumento contrário, afirmando que um escravo tratado com piedade não obedecerá à altura do esperado. A mente humana argumentará que se deve forçar o servo arduamente para enraizar nele o temor e tirar-lhe sua própria vontade e que não há lógica em alimentá-lo e aos animais, antes de si mesmo.
Por esta razão Maimônides enfatiza que não basta andar nos “Caminhos da Sabedoria”, sendo absolutamente necessário temperá-los com o "Atributo de Benevolência”. Já que o povo do Criador é um povo de gente caridosa, em que benevolência e piedade estão impregnadas na alma, um judeu trata com grande piedade até seu servo canaanita, a ponto de antecipar a alimentação dele à sua própria.
Alguns sábios comentam sobre o versículo dos Salmos (Cap.147 Vers.19): “Ele relata Sua Palavra a Yaacov - Seus estatutos e julgamentos a Israel - que o próprio Todo Poderoso cumpre o que ordena ao povo de Deus. Se nos mandam agir com piedade até com o servo canaanita, é obvio que Ele se comporta da mesma maneira. Nesse aspecto, o “servo canaanita” é uma pessoa que não tem a inclinação e o despertar interior suficientes para servir a Hashem. Ele quer viver em “libertinagem”, depondo e negando a carga que o Altíssimo lhe impôs e por
isso acaba cumprindo a Sua vontade como... um servo canaanita.
Mas até com uma pessoa dessa, O Criador se conduz com piedade, sendo esta infinita e ilimitada. Antes de “comer” e “tirar proveito” da servidão de um ser humano, Ele já se preocupa com seu sustento e suas necessidades em abundância, dando tudo isto com alegria e satisfação.
Texto revisado por Cris
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