Pondo os pés em solo firme.

   

Autor Paulo Salvio Antolini

Pondo os pés em solo firme.

            Sabemos que somos eternos insatisfeitos. Isso é bom quando, comedidamente, nos impulsiona à busca da superação pessoal, fazendo com que desta forma, estejamos em constante evolução. Péssimo, porém, quando por nossa ânsia de mais ter, deixamos de olhar tudo o que conquistamos, tudo o que temos e que nos cerca e mesmo as pessoas com quem convivemos (para um outro momento).

A partir de então, abre-se um poço interminável em nossa vida. Cada dia estabelecemos uma nova busca e, desesperadamente, nos lançamos para transformá-la em realidade. Aí começam as revelações. Aquele cargo no trabalho que tanto almejamos não nos dá a satisfação que esperávamos. Aquele objeto que tanto lutamos para adquirir, não enfeita como deveria. Aquele carro que nos fez gerar grandes pendências financeiras para adquiri-lo, nos leva aos mesmos lugares que o antigo levava e sem a mudança de conforto que imaginávamos. A nova casa para a qual mudamos é menos confortável que a antiga. O bairro também não é tão agradável assim.

            Isso nos leva a uma pergunta: "Será que realmente sabemos o que queremos?"

            "Não era isso que eu tinha imaginado para a minha vida", esta é uma expressão muito comum em meu consultório. As respostas são várias, mas quase todas expressam a mesma condição: "defini meus objetivos e minhas metas sem levar-me realmente em consideração." Escolhas feitas por valores e fatores externos a nós mesmos.

            Nosso contexto de vida tem desde muito explorado o conceito de que só é bem sucedido quem TEM. Sucesso pessoal esta atrelado a conquista financeira. Tem dinheiro? Então é bem sucedido. É algo tão forte que corruptos e bandidos são respeitados e até admirados só porque acumularam dinheiro.

            Sempre que se fala de sucesso, junto vem, na outra ponta, o fracasso. Então, ou se é bem sucedido ou se é um fracassado. Esta é uma forma muito limitadora de se olhar um Ser Humano. Quantas iniciativas foram abandonadas quando se estava muito próximo de dar certo, por conta desta interpretação.

Prefiro horizonte mais amplo, onde o não ter dado certo não reflete fracasso, mas sim um resultado não adequado às nossas intenções. Então podemos recomeçar e fazer de maneira nova e diferente, obtendo assim um outro resultado, que também poderá atender ou não, mas nunca tirar nossa energia de realização, como a conotação de fracasso. Busquem nas biografias de grandes nomes e encontrarão muitas tentativas antes dos acertos. Se eles se considerassem fracassados, não teriam encontrado energia e disposição para irem à luta.

            E você, como está se vendo? Como está se considerando? Pare e veja realmente o que você quer, mas que seja por você mesmo(a) e não por uma aparente exigência do meio em que vive. Aparente porque, quando você inicia algo, pode até ser criticado pelos demais, porém com seus resultados positivos, passa imediatamente a ser cumprimentado e admirado pela coragem e ousadia. Aí todos se intitulam seus amigos. Então não pense no que os outros acham que deve ser. Pense apenas no que você realmente quer. Vá à luta. Levante a cabeça, tenha humildade e trilhe os passos que se fazem necessários para sua conquista. Não tente espertamente abreviá-los. O referencial é você mesmo e não você com os outros. Pare de se comparar com os demais e tenha a si mesmo como referencial; Onde eu estava ontem? Onde eu me encontro hoje? Quanto fiz e caminhei? Sorria, você está a caminho da sua realização!

            Vamos pôr os pés em solo firme. Nem todos seremos milionários, artistas de sucesso e aplaudidos por multidões, mas para cada um de nós existe um espaço. Para cada um de nós existe um palco. Ser expectador de minha própria vida, sentado na platéia enquanto minha vida passa, deixando com que o externo me leve ou, caminhar pelo palco, ser autor e ator do meu próprio enredo e conteúdo de vida é uma opção pessoal. Onde você se encontra? Qual é a sua?  Sempre há tempo para corrigirmos nossos rumos!

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