Por acaso você imagina que qualquer um pode descobrir o seu verdadeiro valor?
Autor Vera Godoy
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 4/15/2006 2:09:05 AM
Um jovem procurou seu mestre porque se sentia um inútil. Achava-se lerdo, não conseguia fazer nada bem. Desejava saber como poderia se melhorar e o que devia fazer para que o valorizassem. O mestre, sem olhá-lo, lhe disse:
- Sinto muito, mas antes de resolver o seu problema, preciso resolver o meu próprio. Talvez você possa me ajudar.
Tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao rapaz, recomendando:
- Vá até o mercado. Preciso vender este anel porque tenho que pagar uma dívida.
É preciso que você consiga por ele o máximo, mas não aceite menos do que uma moeda de ouro.
O rapaz pegou o anel e foi oferecê-lo aos mercadores.
Eles olhavam com algum interesse, mas quando ele dizia o quanto pretendia por ele, desistiam. Quando ele mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele. Somente um velhinho muito amável lhe explicou que uma moeda de ouro era muito valiosa para aquele anel.
Abatido pelo fracasso, o rapaz retornou à presença do mestre,dizendo que o máximo que lhe ofereceram foram duas ou três moedas de prata. Ouro, nem pensar! O dono do anel respondeu que seria importante, então, saber o valor exato do anel.
Sugeriu que o jovem fosse ao joalheiro para uma correta avaliação. E fez outra recomendação:
- Não importa o valor que lhe ofereçam, não venda este anel. O jovem foi, um tanto desanimado.
O joalheiro, depois de examinar com uma lupa a jóia, pesou-a e lhe disse:
- Diga ao seu mestre que, se ele quiser vender agora, não posso lhe dar mais do que cinqüenta e oito moedas de ouro. O rapaz teve um sobressalto:
- Cinqüenta e oito moedas de ouro?"
- Sim. Retornou o joalheiro. Com tempo, eu poderia oferecer cerca de setenta moedas. Mas, se a venda é urgente...
O discípulo recusou a oferta e voltou correndo para dar a boa notícia ao mestre.
Depois de ouví-lo, o mestre falou:
- Sente-se, meu rapaz. Veja, você é como este anel, uma jóia única e valiosa. Como toda jóia preciosa, somente pode ser avaliada por quem entende do assunto.
Por acaso você imaginou que qualquer um poderia descobrir o seu verdadeiro valor?
Tomando o anel das mãos do rapaz, tornou a colocá-lo no dedo, completando:
- Muitos são como esta jóia: muito valiosos. No entanto, andam por todos os mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes e sem credenciamento os valorizem. Pense nisto!
Somos criaturas especiais, mesmo que muitos momentos de nossas vidas, nos julguem destituídos de valor. Estamos constantemente passando por oportunidades de reavaliar nossas posturas perante a vida, e buscamos conscientemente nos aperfeiçoar.
O problema é que mesmo reconhecendo nosso valor, esperamos que os outros também o façam, mas isso nem sempre acontece.
Fazemos milhares de boas ações, trabalhamos conscientemente para o nosso progresso individual e cooperamos também para o desenvolvimento de um grupo, mas basta praticarmos “uma só ação”, considerada pela maioria destituída de valores espirituais, ou da conduta exigida pela sociedade, para sermos lembrados somente por ela.
A razão é completamente clara: somos julgados por pessoas inexperientes, geralmente, sem qualquer entendimento do assunto, segundo suas próprias referências, e como diz o texto: ”Por acaso você imaginou que qualquer um poderia descobrir o seu verdadeiro valor"?
Muitas vezes perdemos a esperança, nos tornamos deprimidos, porque temos expectativas de ser reconhecidos e compreendidos pelo outro, quando a razão de nossa existência, e de nosso trabalho, deveriam estar fortemente enraizados na esperança e na certeza de que “sempre fazemos o nosso melhor” e estamos constantemente evoluindo.
Precisamos praticar com o próximo, o que chamamos de amor e compaixão. Sem eles, até vantagens materiais perdem seu valor.
Nossa necessidade de amor e de aceitação, repousa no verdadeiro fundamento da existência humana, que é dependente da ajuda e da valorização de outros.
Devemos levar em consideração o que nós, seres humanos, realmente somos.
Somos seres sociais que, “sobrevivemos através de mútua cooperação”, resultado da profunda interdependência que repartimos uns com os outros.
Por mais capaz e hábil que seja o indivíduo, se deixado só, ele não sobreviverá. O ser humano, mesmo com toda capacidade dos períodos mais prósperos da vida, um dia ficará velho ou até doente, e precisará depender do apoio, da cooperação, do carinho, e até do elogio dos outros, para que possa sentir-se digno.
Deveríamos levar em consideração nossa natureza, para descobrirmos o que mais necessitamos, e podermos também ofertar aos nossos semelhantes.
A necessidade de afeição humana está em nosso próprio sangue, e ninguém nasce livre dela. Uma atitude verdadeiramente compassiva em relação aos outros não se modifica, mesmo que eles se comportem negativamente. Todos os seres humanos, assim como nós mesmos querem a felicidade, querem amor, precisam ser aceitos e não querem sofrer.
Ao reconhecer que todos são iguais, tanto no seu desejo de felicidade, quanto no seu direito de obtê-la, automaticamente acostumamos nossa mente ao sentimento de altruísmo universal, e desenvolvemos um senso de responsabilidade pelos outros: o desejo de aceitá-los como são, procurando valorizar seus pontos fortes e atitudes positivas, auxiliando-os a evoluir sempre. Só assim a verdadeira compaixão pode ser experimentada!
VERA GODOY
Texto revisado porCris
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