Por que sentimos o outro pela internet?
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Autor Theresa Spyra
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 4/28/2008 5:37:32 PM
Do outro lado do mundo, lá estava a minha cliente. Seu choro de compreensão era baixo, porém, o alívio podia ser transmitido on-line. Trabalháramos o seu sistema familiar. Vimos o quanto afetou a sua vida atual a morte precoce do pai, a distância da mãe, provocada pela quantidade de irmãos e pela pobreza, e chegamos até ao trauma do rompimento com o seu primeiro amor, aos dezesseis anos.
É, quando o primeiro amor não é terminado de forma equilibrada e sobram mágoas e tristeza para todos os lados, esta emoção continua anos a fio em estado latente, vindo a se manifestar nas próximas relações como uma energia desagregadora. Um estranho impulso leva a pessoa a exigir mais do que de direito ao seu parceiro, e este, que não está ali por acaso, também está sistemicamente envolvido nesta cobrança mútua. Resultado: após algum tempo de harmonia e paixão, a cobrança torna-se insuportável para ambos, e aquilo que parecia duradouro e perfeito, se desfaz como pedaços de cristal quebrado.
Foi isso que ocorrera com a minha cliente. Através das orientações e a utilização de algumas técnicas específicas, ela foi percebendo o estado emocional de cada personagem familiar: seu pai, sua mãe, ela mesma, seus irmãos, até chegar no primeiro amor...
O problema que era trabalhado? Exatamente a questão do relacionamento. Apesar de se envolver com inúmeros homens, tentando se doar ao máximo e formar um relacionamento duradouro, esta cliente via tudo ir por água abaixo, num clima de cobrança e culpa. Em apenas uma sessão ela percebeu algo que, se soubesse antes, teria feito mudar totalmente sua forma de proceder em relação aos parceiros anteriores. Por exemplo: não teria permitido ser tão dócil e prestativa, pois isso não era o seu normal, mas sim uma postura provocada pelo seu sistema familiar passado – a contrapartida, dos parceiros, era sempre a mesma: aproveitar, pisar e explorar a “docilidade” dela.
Conhecendo e respeitando o que o nosso sistema familiar diz, podemos encontrar a postura correta para termos bons relacionamentos. Por isso, as famosas “fórmulas prontas” para que um relacionamento dê certo, contidas em livros de auto-ajuda por aí, nem sempre dão certo, simplesmente porque cada um possui um sistema familiar peculiar, e irá atrair, sem sombra de dúvidas, uma pessoa adequada a estas características. Se as características são propícias para um casamento feliz e harmonioso, assim será. Caso não sejam propícias, é importante a pessoa que está sofrendo nesta relação perceber que existem impulsos, emoções que a empurra para comportamentos que sempre dão errado, mesmo que sejam aparentemente certos, aos olhos da sociedade. Quantas pessoas são boazinhas, prestativas, dóceis, e não conseguem encontrar alguém que corresponda? É isso que trabalhamos, acessando estes dados que encontram-se inconscientes, mas atuantes.
O trabalho on-line
O trabalho via on-line é tão eficaz como as constelações que coordeno em grupo ou individual. Somente as técnicas utilizadas e o preparo do consultor ou terapeuta é que é diferente. Tanto no trabalho presencial como no trabalho on-line, o terapeuta deve estar apto a olhar, em conjunto com o cliente, as dores, emoções, mágoas e feridas que existem, sem no entanto, entrar na dor do cliente. Este olhar é profundo e isento de julgamento. Ele reconhece a dor, mas não as causas, porque as causas da dor pouco importam. Em constelação sistêmica, o que importa é olhar, reconhecer e deixar com que a energia da dor vá se esvaindo, como um balão de ar, aos poucos... Buscar causas não leva à cura, e mantém o balão sempre cheio...
On-line, usando programas de voz adequados, pesquisamos, o cliente e eu, onde está esta dor, e eu compartilho com ele esta busca. Para isso é importante saber ouvir, mas também não se perder em frases e emoções desnecessárias. O essencial é simples, e quando começa-se a enrolar, perde-se o foco. Cada respiração é importante... a velocidade da fala, a pausa entre uma palavra e outra, tudo isso é levado em consideração.
Num caso como que citei acima, de problema de relacionamento, é muito importante não julgar em nenhuma hipótese o comportamento de alguém. Nem do cliente, nem dos parceiros que magoaram o cliente. Sistemicamente, não existem culpados, apenas desajustes sistêmicos. Quando um sofre, todos sofrem. Quando um está bem, todos estão bem. Já atendi clientes que tiveram dezenas de parceiros, fizeram sexo desenfreado. Outros foram castos e tímidos. Isso não importa. O importante é entender que em ambos, as dores eram muito próximas... Saber olhar a dor com esta isenção de crenças, de condenação ou aprovação, possibilita a cura... E é isto que passo aos clientes: para que eles mesmos deixem de julgar-se isso ou aquilo. Aquele que se diz pecador e “galinha” está longe da sua própria essência tanto quanto aquele que se diz espiritualizado e evoluído... Com algumas perguntas bem colocadas, logo se percebe que atrás de todos os que assim disfarçam suas mágoas, com aparências exteriores, querem, no fundo, a liberdade, a harmonia, o equilíbrio emocional. E a essência do pecador e do santo é a mesma.
E fazer este retorno à essência que surge quando se reequilibram os sistemas familiares, conectados por um computador, é uma experiência extremamente gratificante. As percepções, não somente as minhas, mas as impressões que recebo de clientes que se encontram muitas vezes a milhares de quilômetros de onde estou, reafirmam que, sem sombra de dúvidas, somos todos um. O contato on-line acaba se transformando numa bênção, pois sem nos enxergarmos ou nos tocarmos, podemos nos sentir, e compartilhar. É a prova inconteste que o corpo físico não é o limite do homem, e que estamos, todos nós, interconectados de alguma forma. Tanto eu com o cliente, quanto o cliente com seus pais, seus avós, seus antigos amores, seus filhos – vivos ou não, permanecem, de alguma forma, ligados. Ligados, e exercendo influência. Por que não fazer dessa influência algo de agradável para a nossa vida?
Theresa Spyra
Consultora e Coach especialista em Constelação Familiar e Profissional Sistêmica
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Theresa Spyra é alemã, trainer e terapeuta com especialização em constelação sistêmica familiar, organizacional e estrutural. Estudou com a também alemã Mimansa Erika Farny, pioneira na introdução do método sistêmico de Bert Hellinger no Brasil, e aprofundou-se nos sistemas estruturais e organizacionais, com estudos no Brasil, Alemanha e Suíça E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |