Precisa-se reclamar!
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Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 9/8/2013 1:25:09 PM
Você já passou pela experiência de conviver com alguém que se queixava tanto do outro, que você acabou sugerindo um afastamento desta pessoa e então, ele passou a falar das qualidades desta mesma pessoa e ai você disse: Mas então ela tem pontos positivos, e ela volta a falar mal? Pareceria mentira, não fosse esta uma experiência vivenciada por cada um de nós. E os fatos do dia-a-dia vêm nos mostrando que é muito mais freqüente do que esperávamos.
Conheci uma pessoa que tinha “o dom” de inverter as coisas no que diz respeito às outras pessoas. A princípio ela se queixava da atitude de alguém para consigo, quando eu a questionava sobre o porquê de ela continuar a agir de forma a permitir tal atitude ela passava, repentinamente, a falar bem dessa pessoa, como que a defendendo, e pasmem: Quando eu a alertei sobre a incoerência nas suas atitudes, ela me perguntou se eu estava louco, de onde tinha tirado aquilo. O “louco” era eu!
Pessoas que carregam dentro de si a necessidade de estar constantemente julgando, avaliando os demais, expressando “seus sentimentos” a respeito, trazem um grande “vazio”, ao qual buscam preencher ocupando-se em “vigiar” o outro. Esse falso “vazio” é justamente causado pela sua necessidade de não querer perceber o seu próprio mal-estar. Em outras palavras, não admitem o próprio conflito e ofuscam isso manifestando suas opiniões, que embora sejam contundentes, são na maioria das vezes confusas e contraditórias, a respeito dos outros. Ora dizem uma coisa, ora dizem outra. Pessoas com esta característica demonstram ter grande dificuldade em agir.
É mais que sabido que todos nós temos pontos positivos e pontos negativos, qualidades e defeitos. O que mantém duas pessoas próximas uma da outra é o quanto de afinidade existe entre elas, mesmo nas diferenças. É o fato de elas se completarem. Se os pontos negativos ou se a maneira de ser do outro é oposta ou incompatível com nossa maneira de ser, acabamos nos afastando dele. É uma seleção natural e não agressiva.
Executivos de alto nível têm esse tipo de problema. São pessoas que são promovidas por suas qualidades técnicas, mas com pouca destreza, geralmente, no campo do relacionamento inter-pessoal e que se vêem, de repente comandando várias pessoas ao mesmo tempo. Portadores desse conflito, iniciam uma gestão em que, para cada subordinado existe uma reclamação dos demais e assim sucessivamente, reprovando a atitude de todos e ao mesmo tempo não tendo ação corretiva com nenhum. É lógico que seus resultados serão sempre insipientes e que ele se sentirá boicotado, quando na verdade o que está ocorrendo é uma grande e generalizada insatisfação por parte dos seus subordinados. Insatisfação esta que gera um esforço sem energia em direção àquilo que se pretende. Todos trabalham e quase nada se produz.
E no relacionamento amoroso, um desastre! Existe, sim, um sentimento, no mínimo, de bem querer, mas a necessidade de reclamar é mais forte, como se fosse uma fuga do próprio eu.
Já trabalhei com casais em que um deles tinha esse comportamento e nem mesmo eles sabiam o que os mantinha juntos. Perderam-se quando lhes foi pedido que relacionassem pontos positivos e negativos do parceiro, e à medida que foram se desarmando e enxergando a grande incongruência que estavam vivendo, aflorou exatamente o fato de estarem escondendo atrás disso a insatisfação pessoal. Começaram a identificar a incapacidade (temporária) de lidar com suas emoções. Não saber lidar com os outros e colocar-se transparente e incondicionalmente nas relações revelou o porquê da observação dos extremos sem uma decisão e ação coerente.
Precisa-se de reclamar! Pare! Busque o porquê da sua queixa e verifique se a reclamação procede. Se a resposta é sim, sempre há uma ação a ser tomada, mas você a toma? Se não está tomando, se vive de compensar uma crítica negativa com uma crítica positiva, se isso está se arrastando ao longo do tempo, procure ajuda, pois você se deixou apanhar pela “teia da reclamação”. Sair dela é um exercício doloroso e que exige persistência, pois é mais fácil se queixar do que agir. Porém só agindo se resolve.
Se a reclamação não procede, então por que fazê-la?
Cuide-se. Você vai ganhar muito e os que lhe cercam vão te amar ainda mais!
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