Psicanálise Contemporânea
Atualizado dia 10/12/2006 19:47:24 em Autoconhecimentopor João Carvalho Neto
Entre os palestrantes não poderíamos deixar de destacar a presença do Psicanalista David Zimerman, de Porto Alegre, uma das maiores autoridades do assunto no Brasil, autor de diversos livros, tendo sido aluno e supervisionado, em Londres, pelo eminente Psicanalista Wilfred Bion.
Mas o que me faz escrever estas linhas sobre um congresso de Psicanálise foi o fato, quase surpreendente, não fosse alguns ensaios que novos autores vêm traçando, de estar-se falando em processos telepáticos, herança de caráter por ressonância, comunicação entre paciente e terapeuta pela ligação dos inconscientes, entre outros. Situações que eu mesmo, por força de convicções pessoais, vivencio em meu trabalho clínico, mas que vinham sendo relegadas a segundo plano pela ortodoxia acadêmica.
A Psicanálise contemporânea abre espaço para o surgimento de um Psicanalista mais autêntico, gente de verdade, sendo ele mesmo, nas suas emoções e na sua auto-análise, um instrumento a serviço do sucesso terapêutico. Tal percepção torna muito mais real e produtivo o chamado setting analítico, um espaço abstrato, no campo da emoção e do imaginário, que se estabelece na interação paciente analista. Gente cuidando de gente, como afirma o tema central do evento.
Mas, para aproveitar nossas reflexões com algo mais útil, gostaria de realçar uma temática abordada nas exposições e que já nos são conhecidas desde muito, entretanto ainda pouco observadas pela maioria dos leigos. Refiro-me ao fato de que os processos de transtornos mentais mais leves, especialmente as neuroses, sejam realmente passíveis de transmissão através da descendência familiar, não necessariamente pela herança genética, mas por diversos fatores capazes de facilitar a continuidade de sintomas na convivência do grupo.
A presença de um membro familiar com um transtorno neurótico estruturado tende, quando não tratado devidamente, a reproduzir sintomas similares naqueles que com ele convivem, tornando-se por isso mesmo neuróticos também (os chamados neuróticos de adaptação segundo a Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde). Isso estende os sofrimentos individuais a todo o grupo familiar, causando desestruturações capazes de culminarem em separações ou tragédias maiores. Alguns dos relatos de violência que campeiam nos noticiários da mídia tiveram origem em pequenos transtornos mentais negligenciados pelos familiares e que poderiam ter sido evitados se as medidas terapêuticas cabíveis fossem tomadas.
Podemos pensar em algumas formas pelas quais os sintomas neuróticos são passíveis de serem transmitidos. A cultura de um grupo familiar, por exemplo, pode levar à cristalização mental de preconceitos ligados à culpa, ao medo, à disciplina autoritária, que se instalam nos descendentes como se fossem comportamentos naturais, e até o são no ambiente doentio em que vivem, mas incapacitantes para uma vida feliz. Também na chamada ressonância mórfica, fruto das descargas eletromagnéticas da atividade mental que podem ser captadas e absorvidas energeticamente, existe troca de traços comportamentais. Só para se ter uma idéia da realidade deste quadro, são nessas estruturas energéticas que atuam os medicamentos homeopáticos e florais, funcionando como tratamento efetivo para diversas patologias da mente.
Também via inconsciente, na atividade dos complexos mentais, carregados de emoções, estabelecem-se comunicações imperceptíveis entre as pessoas. A própria genética não deve ser desprezada, ainda que não se tenham comprovações efetivas neste sentido para os transtornos neuróticos.
E, como falamos sempre de nosso referencial transpessoal, não podemos deixar de citar uma sincronicidade espiritual que coloca, pelos processos de renascimento, individualidades com similaridade de transtornos e necessidades dentro de um mesmo lar, facilitando neste encontro o despertar para a busca de soluções comuns. Claro que sabemos o quão complexa se torna essa abordagem dentro dos limites de um simples texto. Não pretendemos aqui esgotar o assunto mas salientar a gravidade do contágio mental entre os membros de uma família, expondo grupos de pessoas a angústias por demais sofridas.
Certamente que o século que se inicia é um tempo de novas descobertas e de democratização dos conhecimentos na área de saúde mental. Cada vez mais as pessoas estão sensíveis às suas necessidades de auto-análise para o encontro de uma vida mais sadia e feliz. Caberá por sua vez às autoridades, sociedades e instituições o dever de expandir o acesso de todos às possibilidades terapêuticas em favor do bem comum. Este também foi um dos objetivos do 1º Congresso Nacional de Psicanálise Contemporânea.
João Carvalho Neto
Psicanalista, autor do livro “Psicanálise da alma”
www.joaocarvalho.com.br
Texto revisado por Cris
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Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal" E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |