Reconciliar-se consigo mesmo
Atualizado dia 2/23/2019 10:16:00 AM em Autoconhecimentopor Paulo Tavares de Souza
O corpo deveria ser tratado como um templo, um lugar abençoado, criado para promover experiências engrandecedoras e não um inimigo. Ao agir com desprezo contra si, o homem não percebe que afunda, que está mergulhando em abismos de baixas frequências onde só encontrará dificuldades. Nessas faixas pesadas, a vida pára de funcionar, as pessoas se afastam, as oportunidades desaparecem, as dificuldades financeiras aparecem, a saúde fica comprometida, enfim, o sujeito estará vivendo no inferno.
Os primeiros sinais dessa desconexão está na ânsia por melhorias constantes no corpo, afinal, a indumentária orgânica precisa estar ajustada aos padrões estéticos contemporâneos. Maquilagem, regime, cirurgias, roupas de grife, enfim, é grande o arsenal usado para conseguir mudanças que tragam a aprovação do outro e, desta forma, melhore a autoestima do indivíduo. Quando todos os esforços revelam-se inúteis, o desânimo é implacável.
Desanimar é perder a anima (alma), mas essa mesma anima nunca conseguiu encarnar perfeitamente o corpo, pois sempre perseguiu um padrão externo impossível de ser alcançado e não encontrou em si a solução para essas demandas.
É preciso aceitar-se inteiramente, entendendo que cada ser é único. É muito raro encontrar pessoas contentes consigo mesmas, a grande maioria vive falsificando a sua natureza. Poucos conseguem admirar ou ser natural. Personagens como aquele da canção “Marina Morena” de Dorival Caymmi, que prefere a beleza natural de sua amante, quase não existem. Mais difíceis de serem encontrados, são aqueles que descobrem a dor e a delícia de ser o que é - como dito em outra canção, de um outro baiano ilustre - e não se importam mais com avaliações, aprovações, julgamentos, enfim, estão livres da imposição de um mundo doente.
Os padrões estéticos culturais mudam constantemente. A magreza de hoje não encantaria ninguém no século XVII. Enquanto estivermos buscando uma adequação perfeita aos modelos transitórios de beleza, estaremos imersos na ilusão. Ninguém precisa surfar na onda ilusória de padrões estéticos reforçados pela mídia.
A primeira atitude daquele que busca a realização é justamente aceitar-se por inteiro, independente da cor, do peso, da estrutura óssea, enfim, de toda a indumentária que abriga a própria alma. É preciso reconciliar-se com a realidade, olhar para si com o mais profundo amor, entendendo que todo o esforço utilizado para ‘reformar-se’ esteve sempre representando uma guerra contra si mesmo. O homem precisa entender que está no corpo, mas não é o corpo e que a sua essência é poderosa e precisa ser investigada através de um mergulho profundo no próprio ser.
Está na hora de começarmos a fazer perguntas que nunca foram feitas e ouvir as respostas que virão do nosso interior.
Quando conseguirmos nos libertar disso, o mundo estará diante de um marco civilizatório, pois esse problema está presente em todas culturas, desde as mais civilizadas às mais atrasadas.
Um mulher girafa de Mianmar pode achar-se inferiorizada ao ver uma amiga com mais argolas no pescoço que as dela. Um índio botocudo pode sentir-se diminuído ao deparar-se com outro índio portando um botoque maior do que o seu. Os exemplos são infinitos, pois a estética sempre marcou presença no mundo.
Não há crise para a vaidade, mesmo durante a guerra civil espanhola, as mulheres ficavam enfurecidas quando eram obrigadas a mudar de alojamentos, onde não teriam os mesmos recursos para cuidar da beleza.
Seja você mesmo, aceite-se, saia dessa trincheira contra a realidade, aproveite a oportunidade de estar aqui para aprender com essa experiência e poder graduar-se em busca da libertação.
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