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Reflexões sobre a Realidade

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Autor Priscila Gaspar

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 12/12/2005 12:05:16 PM


Corre entre os profissionais que tratam da saúde mental uma anedota na qual pergunta-se:
“- Qual é diferença entre o neurótico, o psicótico e o psicoterapeuta?
- O neurótico cria castelos nas nuvens; o psicótico mora dentro do castelo e o psicoterapeuta cobra o aluguel dos outros dois!”

De forma bastante simples, a anedota demonstra que o mundo psíquico possui uma realidade própria: o “castelo nas nuvens” criado por cada um de nós.

Embora seja absolutamente impossível determinar um limite claro entre a normalidade e a anormalidade, quando se trata de saúde mental, o exemplo mostra que os neuróticos, teoricamente mais próximos da normalidade, têm noções do que é real e do que é imaginário, enquanto que na psicose (popularmente conhecida como “loucura”) o sujeito estaria imerso em sua realidade psíquica, sendo incapaz de distinguir o real do imaginário.

Geralmente, o que entendemos por realidade é tudo aquilo que se passa de verdade no mundo real. Em geral, entende-se que o mundo real é tudo aquilo que nos cerca e que está situado fora de nosso psiquismo. No entanto, o pouco que sabemos a respeito desse mundo real nos é fornecido pelos órgãos dos sentidos: olhos, ouvidos, epitélio olfativo do nariz, papilas gustativas da língua e os diversos tipos de receptores situados na pele. Através desses sensores recebemos informações sobre o meio externo, assim, tudo o que sabemos a respeito desse mundo real provém da interpretação dessas informações.

É interessante considerarmos as limitações de nosso órgãos dos sentidos: todos sabem que cães e outros animais têm olfato muito melhor que o humano. Existem, pois, uma infinidade de substâncias voláteis que não percebemos por meio do nosso olfato, seja porque encontram-se em concentrações muito pequenas ou porque não possuímos receptores apropriados para elas. Da mesma forma, existem ondas eletromagnéticas fora do espectro da luz visível, ou seja, que não são captadas pelas nossas células receptoras localizadas na retina (fundo do olho), como se fossem “cores” que não enxergamos. O mesmo se aplica aos demais órgãos dos sentidos, de forma que tudo o que vemos, ouvimos e sentimos a respeito do mundo corresponde a uma pequena fração de tudo o que existe no mundo real.

Como se não bastassem as limitações sobre as impressões sensoriais, existe ainda toda uma questão relacionada à interpretação desses estímulos. Dos órgãos dos sentidos saem nervos que levam a informação para o Sistema Nervoso Central sob a forma de impulsos nervosos. No cérebro (e em outras estruturas do Sistema Nervoso Central) estes estímulos são decodificados e interpretados, bem como associados a diferentes informações, de acordo com registros memorizados. Por exemplo, duas pessoas podem sentir o mesmo cheiro, porém para cada uma esse cheiro terá um significado diferente, pois estará associado a registros diferentes, evocando lembranças, trazendo impressões agradáveis ou desagradáveis. Além disso, não há como saber se a sensação percebida por cada indivíduo é igual à que o outro sente. Será que aquilo que eu entendo por “vermelho” é o mesmo “vermelho” que você vê? Não possuímos meios para adentrar a subjetividadede do outro indivíduo.

Ainda que tudo o que se passa no cérebro venha a ser mapeado e estudado quanto ao funcionamento dos neurônios e das substâncias químicas, não poderemos avaliar o que o outro sente e percebe do mundo. Assim, o que é a realidade para mim pode ser totalmente diferente daquela percebida por você. Da mesma forma, jamais saberemos o que se passa na mente de um cão: como ele representa os estímulos olfativos que recebe? Enquanto que as imagens mentais que nós humanos fazemos são predominantemente visuais, supõe-se que, na mente de um cão, predominem imagens olfativas. Sabemos que abelhas têm sensibilidade para ondas ultra-violeta e infra-vermelho, além de possuírem olhos compostos que formam múltiplas imagens. No entanto, o que a abelha percebe a partir desses estímulos, o que sente e como ela integra essas informações é, para nós, uma incógnita.

Cientes das limitações dos nossos sentidos e da subjetividade da interpretação percebemos que não há como saber o que realmente existe. O que sabemos a respeito do mundo que nos cerca é uma interpretação subjetiva de uma pequena parte do que existe e do que podemos sentir.
A Ciência procura estudar os fenômenos de forma objetiva, mensurável. Para isso faz uso de instrumentos de medida que foram projetados a partir da mente humana e se tornaram expansões do nosso órgão dos sentidos. Por exemplo: como não possuímos sensores para ultra-violeta em nosso organismo, sabemos da existência dessas ondas por meio de instrumentos. Ou ainda: mesmo tendo receptores para temperatura em nossa pele, para frio e calor utilizamos termômetros com uma escala para medir a temperatura, atribuindo um valor que pode ser comparado a outro. Ainda assim, não temos como escapar da subjetividade. Se o termômetro marca 32’C, não há dúvida de que faz calor! Mas será que o calor que eu sinto é igual ao que você sente?

Considerando o mundo sub-atômico, hoje sabemos que as partículas não são estruturas esféricas e sólidas, mas sim, vibrações que podem ser estudadas como ondas. A maior parte do espaço ocupado por um átomo qualquer é, para nossa surpresa, preenchido por ESPAÇO VAZIO! Onde está a matéria palpável que outrora se estudava? Além disso, ao contrário do que ocorre na dimensão que ocupamos, no mundo das partículas sub-atômicas a ação do instrumento observador modifica o fenômeno, conforme afirma o Princípio da Incerteza. Em outras palavras, no momento que observa uma partícula, o cientista interfere em sua posição ou na sua velocidade, sendo impossível determinar ambas. Onde está a objetividade na obtenção de dados, se a observação interfere no fenômeno?... Isso sem considerar a subjetividade do cientista que interpretará os dados obtidos...

Assim, chegamos a um impasse: O QUE É A REALIDADE?

Concluímos que a realidade é sempre desconhecida pois o pouco que se sabe dela pode diferir de um indivíduo para outro. Logo, não existe um mundo real no sentido objetivo, mas dependente do funcionamento psíquico de cada um e, conseqüentemente, inatingível. Isso vai ao encontro da filosofia oriental, segundo a qual vivemos em um mundo de ILUSÃO!

Voltando à anedota do começo do texto, podemos concluir que todos nós moramos no castelo que criamos... Em outras palavras, vivemos num MUNDO DE ILUSÃO criado pela mente de cada um de nós e que é entendido como REALIDADE. Se estamos cada qual em seu próprio castelo, esbarramos novamente em duas questões: “O que poderia ser considerado “normal”? Como nos entendermos se cada qual vive imerso em suas próprias ilusões?”

Estas e outras questões relacionadas à realidade de cada um serão abordadas na próxima edição. Adianto que, se conseguirmos nos entender, de forma que um possa interagir com o castelo do outro, estaremos mais próximos do que denominamos “normalidade”. Os problemas surgem quando o castelo de um é inatingível ou totalmente incompreensível para o outro. Espero que esta viagem por um de meus castelos tenha sido compreendida para que possamos interagir.

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Priscila Gaspar   
Priscila Gaspar é Psicanalista, Terapeuta de Regressão e Terapeuta de Casais, com especialização em Sexualidade Humana. Atende em psicoterapia individual e de casal.Contato: [email protected]
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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