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Rever o passado é iluminar o presente?

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Autor Rosemary Rezende

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 1/8/2010 2:16:12 AM


Em 28 de junho de 1992, o presidente da França, F. Miterrand apareceu de forma súbita e inesperado em Saravejo, que era então o centro da guerra balcânica e que só naquele ano tirou cerca de 150 mil vidas humanas. Seu objetivo era lembrar às pessoas a gravidade da crise na Bósnia. Seu gesto foi admirado e comentado no mundo todo, mas poucas pessoas se deram conta da importância da escolha da data de sua visita. Só historiadores, estudantes e professores de história notaram. Era a data do aniversário do assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando, da Áustria-Hungria, fato que levou a Primeira Guerra Mundial.
Tenho uma prima que dá aula de geografia e história em escola de ensino fundamental e ela me disse a pouco tempo que falar em Segunda Guerra Mundial, com esses alunos, significa apenas dizer que já houve uma primeira.
A destruição do passado ou dos mecanismos que vinculam a nossa memória e experiências pessoais às das gerações passadas é um dos fenômenos mais terríveis que vivenciamos hoje. Parece que os jovens de hoje crescem e vivem numa espécie de presente contínuo e a vida passa tão rápido e há tanta informação que captar que entender... entender? Muitas vezes penso que no mundo de hoje não temos tempo nem para respirar, quem dirá para pensar e entender. Entender é um luxo! As pessoas parecem que vivem sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Eu mesma, muitas vezes me vi sem memórias.
Pensando nisso decidi que darei mais valor a esses historiadores e também tentei rever os fatos mais importantes do século passado. Não com a intenção de fazer uma cápsula do tempo, mas quem sabe de resgatar nossa memória e atentar para erros cometidos no sentido de digeri-los e então não voltar a repeti-los.
Andei estudando história e relações internacionais, principalmente depois que o presidente Obama foi agraciado com o Nobel da Paz, que falácia. Descobri que em 1989, todos os governos do mundo, ou pelo menos, os ministros de relações exteriores desses governos, teriam se beneficiado bem mais com um seminário sobre os acordos de paz firmados após as duas grandes guerras, mas a maioria deles, aparentemente não se importou e não compareceu.
Engraçado, acabo de ver a minissérie da Globo, “Dalva e Herivelto” e a música deles não me sai da cabeça: “teu mal é comentar o passado”, acho graça e penso que o nosso mal é justamente o contrário. Para muitos historiadores o século vinte se inicia mesmo em 1914, com a Primeira Guerra Mundial e termina em 1989/90, com a queda do Muro de Berlim e posterior desfacelamento da antiga URSS. Acho incrível pensar que vivi parte deste século, parte dessa história, mesmo que só observando.
Em 1914 é declarada a Primeira Guerra, em 1918-19 é assinando o Acordo de Paz e os vencedores dividem a Europa. Em 1933, Hitler se tornou Chanceler da Alemanha e ali já se preparava para a revanche que ocorreu na década de 40. Dali em diante o mundo muda novamente e sofre sucessivos conflitos. Alguns dizem que o mundo passou por uma só guerra que só terminou mesmo no fim da década de 80 com a queda do bloco comunista, embora a China, Cuba e alguns outros ainda persistam. Disso todo mundo sabe, mas me espanto mesmo é em observar que o mundo que se esboroou em 1989 foi o mundo formado pelo impacto da Revolução Russa de 1917. Fomos todos marcados por ela, mesmo que muito distante, mas a minha experiência de vida e de entender o mundo passa, por exemplo, pelo fato de entender tudo em termos de opostos binários, como o capitalismo e socialismo, amor e ódio etc, como alternativas mutuamente excludentes.
Tudo bem, agora vocês estão pensando que sou uma velha e que ainda não deixei os 1900 que dirá o 2009. Mas não é verdade. O fato é que o mundo, as pessoas e as instituições ainda não se acostumaram com esse novo mundo, não mais bipartido, não mais polarizado. Individualmente é muito fácil se acostumar ao novo, às tecnologias e principalmente as facilidades da vida moderna. Individualmente. Entretanto como coletividade nós apenas fomos vivendo, ou melhor, fomos andando e contando os anos.
O mundo que sobreviveu a revolução de outubro foi moldado pela idéia dos vencedores das grandes guerras. A história nunca é contada pelo lado perdedor, esses, se associavam ao vencedores, eram silenciados ou simplesmente riscados da história. E isso começou há muito tempo, na época de Ramsés II, provavelmente o primeiro governante marqueteiro da história.
O preço que se paga é viver num século de muitas guerras, principalmente e muito atualmente, por guerras religiosas, que tem na intolerância sua principal característica. E todo o sistema político internacional, que foi criado, dizem, e gira em torno de resolver essas questões, não está nem engatinhando, ainda é um bebê de colo.
Dizem os estudiosos: primeiro é preciso compreender; os religiosos dizem que é preciso perdoar, os místicos dizem que compreender é perdoar. Nada mais falso. Compreender a era nazista na história alemã e enquadrá-la em seu contexto histórico não é perdoar o genocídio.
De qualquer forma essa é uma questão difícil de julgar e mais difícil ainda de não julgar. Que o diga o presidente o Irã, M. Ahmadinejad, pois para ele, simplesmente isso não existiu é boato dos imperialistas. E o bloco “chavista” está na avenida. Por outro lado, como computar a um povo a conta disso? Ele tem razão quando diz que o povo Palestino não participou disso? E quem está pagando a conta, será que é só o povo Palestino? Acordem! Atualmente todos nós pagamos a conta.
Segundo E. Hobsbawn, a uma era de catástrofe, que se estendeu desde 1914 até 1945, se seguiram 25 anos de crescimento econômico e transformação social nunca antes visto, e então mudaram o mundo profundamente. Ao mesmo tempo que fez crescer o capitalismo exponencialmente. Muitos, no fim dos anos 70, chamaram esse período de a época de ouro e foi essa mesma época que o Brasil se acreditou o país do futuro. Dez anos depois o grupo Legião Urbana se perguntava e nos perguntava, que pais é esse? As décados de 80 e 90, foram para muitos os anos perdidos da humanidade e a última parte do século, foi uma nova era de decomposição, incertezas, crises, e até de catástrofes, principalmente para a África, ex- URSS e as partes anteriormente socialistas da Europa. A mesma Europa que se integrou e se fortaleceu criando a União Européia e hoje ajuda a mandar no globo junto com os EUA e também os P5 do conselho de segurança da ONU.
O capitalismo sobreviveu, por pouco, a três desafios: a grande depressão, ao facismo e às guerras, o quarto seria a marolinha do Lula e deve esse feito à oposição do socialismo. Complicada essa vida não? Mas o que seria do grande herói se não fosse seu antagonista? O capitalismo então deve uma, ou muitas, ao socialismo? Não, como agora podemos ver, retrospectivamente, sem o colapso da sociedade burguesa do século XIX, não teria havido a revolução socialista de 1917 e, portanto, nem existiria a URSS. Fim do jogo, empate 1 a 1. Muito embora o colapso do socialismo soviético, e suas enormes conseqüências, por enquanto, sejam impossíveis de calcular, isso fecha o século.
Demorou um pouquinho, mas foi ótimo rever a memória histórica. a pergunta agora é: o que fazer com isso? É assunto para outro artigo.
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Rosemary Rezende   
Tecnica Agrícola, Medica Veterinária, Homeopata, Terapeuta Holística. Atualmente trabalhando com Terapia Nexus, massoterapia Indiana, Numerologia Indiana, Florais e Homeopatia
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