Sacrifícios são agradáveis?
Atualizado dia 3/8/2007 4:27:18 PM em Autoconhecimentopor Wilson Francisco
Isto porque, quando o Hilário tocava no paciente, se este tivesse ingerido carne, ele recebia como que um “soco” no estômago. E no dia seguinte, ficava horas e horas acamado com dores fortes. Recuperava-se e seguia suas atividades, sem reclamar e nem chamar a atenção das criaturas. E foi assim até que deixou o corpo com câncer no estômago.
Nesse caso, pode se observar que o Hilário aceitou o processo e fico aqui a pensar se esta submissão possa ter dado a ele algo de especial. Ou seria melhor ele ter agido com energia e deixado de atender as pessoas que não cumpriam com as recomendações. Na verdade, digo com sinceridade, esta dor foi um caminho para ele, agregando em sua tessitura energética as qualidades da abnegação, ou seja, a pessoa se nega a um direito imediato (deixar de atender pela irresponsabilidade do paciente) para adquirir um direito futuro, o da paz da consciência, por ter realizado sua missão, apesar da dor.
Na vida isso é comum, muitas vezes ficamos entre a cruz e a espada. Você é um diretor de empresa e tem empregados ineficientes. Deixa-os no trabalho, fazendo dessa atitude um caminho para conquistar o prêmio de uma pessoa dadivosa, ou demite o incompetente, fazendo com que ele aprenda a lição.
Conheci, na década de 70 uma expositora espírita, falava muito bem, era requisitada pelos Centros Espíritas e se dedicava com amor a tarefa de falar sobre Espiritismo. Um dia conversou um pouco sobre sua vida pessoal. Tinha um marido alcoólatra, que às vezes chegava a molestá-la com palavras e atitudes violentas. Ela se resignava, porque era espírita e falava ao público. Conversamos muito sobre isso e eu disse a ela que seria bom ela estabelecer um limite, afinal que condições ela tinha para falar na tribuna, levando a tristeza e a dor no coração? E mais, um dia ele poderia extrapolar e atentar inclusive contra a sua vida. Ela refletiu sobre isso, agradeceu as palavras e se foi. Não sei se ficou com o marido ou se o deixou. Afinal, só ela poderia tomar essa decisão, deixando com que sua vida transcorresse nos altos e baixos de um relacionamento doentio ou tendo a coragem de interromper uma união que se mantinha à custa do sacrifício pessoal.
Sempre que penso nesse assunto me vem à mente uma lição bíblica: não separeis o que Deus juntou. Mas será que um relacionamento desse nível está ungido pela “mão” divina? Ou sobrevive pelo medo. Seja o social ou religioso.
No entanto, há dores que surgem como caminhos, como é o caso da Aparecida, fundadora do Hospital do Pênfigo, de Uberaba. Ela sofria tanta indignação com o descaso com que as autoridades médicas e a sociedade tratavam os doentes do fogo selvagem (pênfigo foliáceo), que resolveu recebê-los em sua casa, expondo a si própria e sua família. Venceu. Até hoje existe o Hospital e além dele um Centro Espírita, uma indústria de reciclagem de plástico, uma fábrica de pães, uma creche e muito mais. Tudo erguido e mantido por seu coração e por sua vontade, num feito extraordinária, ainda mais que é mulher, negra e pobre. Qualidades, que numa sociedade elitista e preconceituosa permite o surgimento de montanhas de obstáculos. Ela, no entanto, com seu chinelo de dedo e uma força titânica, esqueceu-se de si própria para eleger a dor do semelhante como um caminho. E que caminho.
Afinal, que sacrifício é mais agradável a Deus ou a você criatura divina, com direitos plenos de buscar a sua felicidade nesta vida? Imolar-se diante de homens violentos ou ausentes para atender os deveres do lar e dos filhos ou a decisão estóica dessas outras mulheres que abrem mão desses casamentos/prisões, se dando o direito de ser livre para uma vida sã justa, sem abandonar a missão de cuidar e auxiliar os filhos.
No Fantástico, do dia 21 de janeiro, uma reportagem mostrou um índice interessante. Entre as pessoas que visitam as cadeias, 70% são mulheres, a maioria esposas, amantes ou mães e apenas 18% são homens, uns poucos maridos e outros pais e filhos. Também aí descobrimos os caminhos do amor, permeados pela dor. Elas se expõem a uma revista vexatória, pois precisam tirar toda roupa e ainda ficar balançando o corpo para que saibam que não há nada escondido no corpo. Trazem macarronadas, bolos e muitas coisas para os homens da sua vida, após viajar quilômetros e ainda ficar ao relento em madrugadas frias esperando a vez de entrar para a visita. É uma escolha. Poderiam desistir e procurar novos caminhos em busca de sua felicidade pessoal. No entanto, é ali, naquela prisão que está a criatura que ela ama e, por esse amor, elas percorrem os espinhosos roteiros da opressão.
Mas, na verdade, a felicidade não exige que nos mutilemos, que nos resignemos diante do sofrimento. Ao contrário, o Universo acena sempre com estradas suaves, quando conseguimos ter coragem de abrir mão de relacionamentos duvidosos, apegos e de umas tantas “missões”, para reconstruir uma nova vida e procurar um outro jeito de ser feliz.
Texto revisado por: Cris
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