Segundas-feiras são brilhantes
Atualizado dia 10/6/2014 9:04:08 AM em Autoconhecimentopor Renata Kindle
O domingo está no fim, o sol vai descendo devagarinho, parece que escorrega no horizonte. A noite vai acontecendo, é um espetáculo para olhos que sabem enxergar. Começa a ansiedade, trabalhadores se preparam sem muito interesse, estudantes fazem apressadamente suas lições escolares, as mães reclamam, claro! As luzes começam a se acender nas janelas dos edifícios, os carros nas ruas vão diminuindo em número, a melancolia se instala nas cidades.
Então, ela chega, a segunda-feira, amada por muitos, temida por tantos... ela vem devagar, preguiçosa ou avança abruptamente. Quem acordou, acordou, um banho tipo desperta alma, café da manhã apressado, gravata, salto apertado, batom, rímel, celulares, computadores... e todo o arsenal que faz com que nos sintamos úteis e importantes, simplesmente porque a segunda-feira chegou.
Outros se sentem verdadeiramente felizes com a segunda-feira. Sentem-se felizes por terem um emprego, uma escola, um “o que fazer”. A vida, só com princípio do prazer não funciona, é monótona e chata. Sentir-se útil porque aquilo o que você faz é bom para alguém, porque compõe um sistema em que contam com você, tudo isso é válido e é de se orgulhar; você mereceu estar ali (pelo menos deveria se sentir assim).
Claro que nem todas as segundas-feiras são assim tão brilhantes. Tem aquelas em que tudo o que queríamos era ficarmos mais um diazinho em íntima relação com o colchão e nossas cobertas, que nos compreendem tão bem e nos aceitam exatamente como somos. Esse tipo de segunda-feira é castigante, mas você escolhe o tempo que esse castigo vai durar.
Se você se esforçar em ficar reclamando que é segunda, que está chovendo, que está calor, que o fim de semana foi pequeno, que o colega da mesa ao lado batuca o lápis no teclado irritantemente, então, parabéns, você estará se condenando à prisão perpétua, mas se você se puser em movimento, logo entrará no clima, não de segunda-feira, mas de começo. Ao mudar seu pensamento, sua frequência, logo o humor será outro já lá pelas dez da manhã, no máximo depois do almoço. Sim, garanto a você, você estará com novo ânimo, novo vigor e quando se der por si, o relógio já estará marcando 18h, hora de ir pra casa e merecidamente descansar!
Assim a semana passa com mais leveza e logo, logo, já será de novo sexta, cerveja com alguns amigos, sessão de cinema, filé com fritas no bar de sempre, risadas, enfim, aquilo que nos agrada e, a cada um, do seu próprio jeito.
Quando um dia está muito ruim, penso assim: tudo bem, depois de amanhã já é quinta. Isso não é nada demais, apenas um truque que dribla a imperatividade do tempo e o faz "andar" à minha maneira!
Texto revisado
Psicóloga clínica e hospitalar (crianças, adolescentes, adultos, casais e família); autora de alguns textos e artigos. Desenvolvedora de um trabalho piloto sobre a atuação das emoções no corpo físico, que se realiza com grupos de oficinas terapêuticas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |