Ser quem você é!

Querer sem quem você não é, é muito mais difícil do que ser quem você é!

Ser você mesma é desafiador (parece que a grama do vizinho é sempre mais verde, né?). Por isso, pare de olhar para os outros e se concentre em si. O que falta ainda para te realizar? Se reconhecer pelo que você já é?

Tenho me deparado com essa questão.

Tenho vivido tantos anos no módulo "sobrevivência" (tipo, toquei a quinta e fui), que tenho diminuído a marcha, olhado para trás e percebido: "meu Deus, quanta coisa eu fiz, vivi e realizei". Às vezes, parece humanamente impossível! Quando estamos funcionando assim por tanto tempo, seja para "seguir vivendo" (apesar de tantas dores), seja para "aproveitar o tempo perdido", uma hora o corpo e a alma pedem calma, como diz aquela canção do Lenine...

A vida não para... Mas a gente pode parar, e se permitir, e se reconhecer...

Por que se a gente mesmo não se reconhece, quem é que vai??

Esse lugar de reconhecimento precisa sair do lugar de "falsa modéstia" ou de "parecer arrogante", pois são facetas da mesma moeda.

Se reconhecer é olhar suas fraquezas e forças, sua divindade e humanidade, o pior e o melhor de si.

E como é desafiador olhar para o melhor de si!

Para quem é terapeuta e vive, na prática, há tantos anos o processo de autoconhecimento em vivências e jornadas mil, olhar para a sombra, o grotesco tem um quê de "fácil"...

Agora, olhar para toda a beleza, lapidação e brilho já conquistados, ufa! Esse lugar ainda é difícil para mim.

Entendo o porquê e as razões... Quando a gente entende por um lado, ok, por outro, ainda não traz a mudança imediata. Precisa ainda tempo para solidificar a percepção e ancorá-la no cotidiano. Exige atenção, dedicação e ao mesmo tempo, esquecimento. Simplesmente, deixar fluir, assim... Que a vida mesmo vai assentando e vai integrando o que for necessário. Essa pressa nem é do relógio (o coitado não tem culpa!).

É dessa falta de limites mesmo de parar e se permitir e ok! Eu já plantei bastante, agora posso colher alguns frutos. Me deliciar no pé da árvore e me permitir... Afinal, eu já me entreguei tanto, agora posso simplesmente respirar em paz, e viver um dia de cada vez, na simplicidade e beleza que é a vida. Com todas as suas singularidades e desafios, com seus vales e colinas, vamos caminhando no nosso tempo, no nosso próprio ritmo... Que é o pulsar do nosso coração, onde minha perna alcança... Bem ali... aqui. 

Ana Carolina Reis

@aurorapachamama

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