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Sobre o uso da violência

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Autor João Carvalho Neto

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 9/26/2005 10:37:34 PM


Acabei de ver o filme “Diário de motocicleta” que conta a viagem de Ernesto Che Guevara pela América do Sul antes de defender a revolta armada em favor do que ele chamava o povo ameríndio e isso me trouxe algumas reflexões que gostaria de compartilhar com os amigos leitores.

Vivemos em um mundo marcado por muitos comportamentos violentos, de toda espécie, desde violências físicas até morais, econômicas e sociais. Por outro lado, não é difícil constatar as evidências que apontam ser a evolução uma marca da vida e que nós, as individualidades que vivemos no planeta, também a ela estamos sujeitos, rumando para formas de manifestação cada vez mais aprimoradas até a erradicação de todo sofrimento e o alcance da felicidade.

Neste processo de evolução, certamente, uma das ações que se cumprem é a da transformação de toda forma de violência a fim de que a Terra venha a se tornar um local onde a paz seja possível. Mas, para percebermos o quanto a violência é prejudicial, o quanto ela nos fere o corpo, a emoção e a sensibilidade é que a vida tem nos colocado lado a lado com outras individualidades que nos expõem às mesmas violências que causamos para que, em uma atitude auto-reflexiva sobre o fato, tenhamos noção do quanto de violência existe em nós mesmos e o quanto precisamos transformá-la.

Claro que com isso não pretendemos endossar atos de violência mas analisar que eles fazem parte de um contexto específico às nossas próprias necessidades evolutivas. Nesse sentido, lembremos de que aqueles que agem com violência, como o crime organizado nas favelas das grandes cidades, como os revolucionários, como os terroristas, na maioria das vezes (ou talvez em todas), estão respondendo como sabem a outras formas de violência que a sociedade, dita legal, impõe sobre eles.

E quando digo “como sabem” recorro ao eminente psicólogo americano Abraham Maslow com a sua teoria da hierarquia das necessidades básicas de todo ser humano. Segundo ele determina com muita veracidade, existe uma hierarquia de necessidades que todo ser humano precisa fazer para alcançar sua auto-realização que ele chama de “auto-atualização”. Essa hierarquia se divide em: necessidades fisiológicas (fome, sono e assim por diante), necessidades de segurança (estabilidade e ordem), necessidades de amor e pertinência (família, amizade), necessidades de estima (auto-respeito, aprovação) e necessidades de auto-atualização (desenvolvimento de capacidades). Maslow defende que as primeiras necessidades são preponderantes e que, enquanto a pessoa não as realiza, não consegue avançar para as demais. Ora, a grande maioria da população vive uma luta cotidiana e incerta para manter-se viva, muitos sem ter o que comer, sem condições de saúde, sem trabalho ou onde morar. Como esperar que tais pessoas possam avançar para sentimentos de ordem, de estabilidade, de amor e de amizade? O contexto de vida dessas pessoas é eminentemente selvagem e de forma selvagem elas lutam para sobreviver.

Agora, este tipo de comportamento merece aprovação? Certamente que não, mas é a forma como as leis da vida agem para que a sociedade organizada venha a perceber a sua própria violência contra essa parte da população marginalizada. É como dizem os ditados populares: “quem semeia vento, colhe tempestade”, “é dando que se recebe”, etc...

Meus amigos... existe muita miséria espalhada por este mundo, pelo nosso Brasil, talvez ao nosso lado; e o que fazemos? Ficamos sentados no conforto de nossa comodidade, coniventes com os “micro-mensalinhos” de algumas vantagens que possuímos e que nos levam a fechar os olhos à dor alheia. O sistema econômico tende a nos viciar pelas diversas necessidades das quais ficamos reféns e preferimos fechar as portas do silêncio do nosso prazer pessoal do que atender às vozes que clamam por dignidade lá fora.

Que direito teremos de reclamar da violência? Como vamos defender a pena de morte? Vamos nos armar para matar aqueles que buscam à força o que de direito não lhes demos?
Realmente a violência ainda existe porque é necessária. Ela ajuda a vermos nossa face oculta refletida no olhar selvagem daquele que invade a privacidade de nossos quartéis de consumo. E, talvez, ele só queira se sentir tão gente quanto nós.

Precisamos pôr fim à violência. Jesus deixou uma mensagem milenar sem usar de violência; Gandhi libertou a Índia sem um tiro, mas eles, antes de decretarem o fim da violência lá fora, o fizeram dentro deles mesmos. Precisamos pôr fim à violência armada. Mas antes teremos que pôr fim à violência do nosso egoísmo, do nosso comodismo, da nossa indiferença. Somente uma sociedade justa poderá garantir paz à humanidade.

Psicanalista, autor do livro “Psicanálise da alma”.

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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