Social ou Não?
Autor Nelson Sganzerla
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/10/2006 11:56:57 AM
Vivemos em sociedade! É óbvio que temos que ser sociáveis mesmo que na maioria das vezes não exista vontade nenhuma de sê-lo. Não sei o que acontece com as pessoas, mas quando se trata de reuniões sociais viram uns porres, tornam-se chatas e, geralmente, sem graça nenhuma.
Observem um grupo de pessoas em um bar (geralmente um grupo de rapazes que se arvora em ser bom em tudo: automóveis, motocicleta, barcos, aviões). Conheço uma pessoa que jura de pé junto ter descido a serra de Caraguatatuba a 140Km/h à noite e na contramão, pois o trânsito estava parado. Outro, não anda com a sua moto a menos de 260Km/h. Campeões de velocidade… O negócio é fazer curvas a 160km/h. Caso contrário, não há graça nenhuma em ter uma moto.
Existem os bons em confusão que nas baladas já quebraram o vidro de um carro na porrada, chutaram a porta do motorista e arrancaram o mesmo para fora com um só braço; não levam desaforo para casa de jeito nenhum, afinal são “machos”. Na grande maioria, gostam de chamar atenção com seus carrões impecáveis e suas motocicletas barulhentas. Estacionados em cima da calçada.
O mais interessante nessas baladas é que cada um na sua tribo age da mesma maneira. Os maduros também são cheios de manias, tatuagens, cabelos presos com tiaras, rabos de cavalo (como se estivessem voltando a pé de Woodstock). Nada contra ter estilo de vida, cada um possui o seu, mas é estranho ver velhos senhores querendo ser jovens, como se o tempo não tivesse passado.
Conheço grandes conquistadores, perfeitas reencarnações de Don Juan de Marco, experts em sedução, mas não seguram uma conversa de meia hora com uma mulher inteligente e segura de si, sem querer mostrar suas habilidades sexuais e performances campeãs. Não fazem nem uma piada que não seja machista (se soubessem que as mulheres detestam isso!). São inconvenientes, falam alto, gritam com o garçom e brigam com o manobrista.
Mulheres não gostam disso. Não gostam de ignorância, de arrogância nem de intolerância. Mulheres gostam de um papo com começo, meio e fim, gostam de carinho, gostam de atenção. Mulheres, na real concepção da palavra, não conhecem marca de carro ou ronco de motocicleta. Não gostam de papo furado. Existem exceções para tudo na vida mas, em geral, futebol, carros, histórias de heroísmo não fazem a cabeça delas.
Quer irritar uma mulher profundamente? Convide-a para um churrasco com os amigos e aí - não importa se são amigos do futebol, da empresa, da faculdade, da turma do truco ou seja lá de onde for - apresente-a na roda dos amigos e largue-a sozinha entre eles, na maioria já todos fora de si pelo grande volume de cerveja ingerida. Daí, fica um pega daqui, um pega de lá, um cutuca aqui. E você nem nota, pois está se achando a bala que matou John Lennon. E nem se toca do porquê ela quer ir embora cedo da festa. E os papos então! Não tem nenhum que valha a pena prestar atenção.
Preste atenção, moço, o seu social está passando da conta, não está agradando nem um pouco! Você que costuma ser bom em tudo, que conhece de tudo, entende de tudo, que nunca levou porrada e nem desaforo pra casa. Não reclame por estar sozinho, reveja o seu social.
Mas como tudo tem sua cara e sua coroa, é muito comum também nessas mesas encontrar grupos de mulheres se achando o último souvenir do casamento. Em geral todas vestidas iguais como se tivessem saido da mesma liquidação (moda é uma coisa muito boa, mas modinha de novela das oito ninguém merece!)
Mulher tem que ter classe, saber combinar sendo diferente, saber sorrir, falar, sentar, andar de salto, usar minissaia, vestido longo e até abrigo. E classe nada tem a ver com dinheiro. Mulher tem que ser simpática, educada, falar baixo. Mulher mal educada é pior que homem bêbado.
Algumas mulheres acham que homem não presta atenção em detalhes, mas prestam sim; entre no elevador com o nariz em pé e não diga: Bom Dia! Não agradeça quando um cavalheiro lhe dá passagem, seja antipática ou grosseira com o garçom; fale demais, seja fútil, beba demais e você estará fadada a amargar uma solidão.
E as caras e bocas que algumas fazem, essas são demais (paisagem, conteúdo, natureza morta). Nada contra, mas todas possuem caras melhores. Em geral vemos muito essas caras nas academias da vida. Até entendo que às vezes, para se preservarem dos "malas" é necessária uma cara dessas. Mas sorria também, cumprimente, não quer conversar e é um direito seu, use um MP3 Player um IPOD. Mas não seja nunca antipática; homem não gosta de mulher assim.
Para tudo nessa vida existe um preço. Reclamamos, praguejamos por não encontrarmos a nossa cara metade, mas esquecemos de melhorar, continuamos na mesmice de sempre, exigindo muito dos outros e não fazendo nada para mudarmos. Para melhorarmos temos que pagar o preço, sermos mais exigentes conosco, não irmos no embalo da maioria. Isso é quantidade mas não qualidade.
Qualidade é estar na onda, mas não se afogar nela; é ter opinião própria, estilo próprio, defender uma idéia, lutar pelos seus valores, não ser fútil. A balada, o barzinho, são muito legais, aliás imprescindíveis depois do nosso dia. O happy hour é fundamental, mas depois disso temos que ir para casa e colocar nossas cabeças no travesseiro. E é aí que pega, quando apesar de todo esse social estamos sozinhos, estamos tristes, estamos angustiados.
E na manhã seguinte, continuamos na mesma, acompanhados de uma terrível dor de cabeça!
Muita Paz
Texto revisado por Cris
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