SÓCRATES E A IMORTALIDADE DA ALMA
Atualizado dia 5/28/2007 7:14:36 PM em Autoconhecimentopor Geraldo de Souza
O pensador era acusado de recusar os deuses do Estado e de corromper a juventude. Figura muito controversa, Sócrates era admirado por uns, criticado por outros. Tinha costume de andar pelas ruas com grupos de jovens, ensinando-os a pensarem, a questionarem seus próprios conhecimentos sobre as coisas e sobre si mesmos.
Sócrates desenvolveu a arte do diálogo, a maiêutica, este momento do "parto" intelectual, da procura da verdade no interior do homem. Seus dizeres "Só sei que nada sei" representam a sapiência maior de um ser, reconhecendo sua ignorância, reconhecendo que precisava aprender, buscar a verdade. Por isso foi sábio e além de sábio, deu exemplos de conduta moral inigualáveis.
Viveu na simplicidade e sempre refletiu a respeito do mundo materialista, dos valores ilusórios dos seres e das crenças vigentes em sua sociedade. Frente a seus acusadores foi capaz de lhes deixar lições importantíssimas, como quando afirmou: "Não tenho outra ocupação senão a de vos persuadir a todos, tanto velhos como novos, de que cuideis menos de vossos corpos e de vossos bens do que da perfeição de vossas almas."
O grande filósofo foi condenado à morte por cerca de 60 votos de diferença. A grande maioria torcia para que ele tentasse negociar sua pena, assumindo o crime e tentasse livrar-se da punição capital, com pagamento de algumas moedas. Com certeza, todos sairiam com as consciências menos culpadas. Todos menos Sócrates que, de forma alguma, permitiu-se ir contra seus princípios de moralidade íntimos. Assim, aceitou a pena imposta.
Preso por cerca de 40 dias teve chance de escapar, dado que seus amigos conseguiram uma forma ilícita de dar-lhe a liberdade. Não a aceitou. Não se permitiu ser desonesto com a lei, por mais que esta o houvesse condenado injustamente. Mais uma vez exemplificou a grandeza de sua alma. E foram extremamente tranqüilos os últimos instantes de Sócrates na Terra. Uma calma espantosa invadia seu semblante e causava admiração em todos que iam visitá-lo. Indagado a respeito de tal sentimento, o pensador revelou o que o animava o espírito: "Todo homem que chega onde vou agora, que enorme esperança não terá de que possuirá ali o que buscamos nesta vida com tanto trabalho! Este é o motivo de que esta viagem que ordenam me traz tão doce esperança."
Sim, Sócrates tinha a certeza íntima da imortalidade da alma e deixou isso bem claro em vários momentos de seus diálogos. A perspicácia de seus pensamentos e reflexões já haviam chegado a tal conclusão lógica. O grande filósofo partia, certo de que continuaria seu trabalho, de que prosseguiria pensando, dialogando e de que desvendaria um novo mundo, uma nova perspectiva da vida, que é uma só, sem morte, sem destruição.
O Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, indagou aos imortais: "No momento da morte, qual o sentimento que domina a maioria dos homens? A dúvida, o medo ou a esperança?" Ao que os Espíritos respondem: "A dúvida para os descrentes endurecidos; o medo para os culpados; a esperança para os homens de bem."
Que possamos todos, a exemplo de Sócrates, deixar este mundo com o coração repleto de esperança.
Fonte: texto da Redação do Momento Espírita, com base no livro "O Fédon", de Platão, Coleção Filosofia - Textos nº 4, Editora Porto, e no livro "Apologia de Sócrates", de Platão, Coleção aos pensadores, Editora Nova Cultural.Texto revisado por Cris
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