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Sofrimento Humano e Relações Sociais

Atualizado dia 26/09/2006 15:03:21 em Autoconhecimento
por Fátima Cristina Vieira Perurena


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Pode-se dizer que, infelizmente, por conta do entendimento de ciência que se tem, as áreas da saúde não privilegiam suficientemente a ótica das ciências sociais. Exceções feitas a alguns cursos que já observam esta necessidade e, a seu modo, estão começando a trabalhar este outro olhar com seus alunos.

Aqui se quer abordar a relação que se pode observar hoje entre o sofrimento emocional de jovens em geral e as estruturas sociais que os rodeiam, especialmente no que se refere ao mercado de trabalho propriamente dito. Pessoas da faixa etária entre quarenta e cinqüenta anos não lembram de, em sua juventude, terem sofrido de males emocionais devido à preocupação com seu futuro profissional. Isto era coisa deixada para quando se terminasse a graduação. Aí se começava a pensar em um emprego, ou trabalho, como queiram. Claro que aqui não se trabalha com a hipótese de uma volta ao passado, que de resto seria absolutamente contraproducente, mesmo que isto fosse possível. Apenas se quer salientar a influência de estruturas sociais no comportamento humano, mais especificamente na vida dos jovens.

Os pais de hoje, justificadamente, em boa medida, estão preocupados com o futuro de seus filhos. Querem, certamente, o melhor para eles, e o melhor, entre outras coisas, aponta para um bom rendimento econômico que vem em conseqüência de um bom curso com mercado de trabalho. Mas antes disso, é claro, vem a preparação para o ingresso na universidade. Isto demanda, acima de tudo, muito estudo. A disputa para os cursos com mercado de trabalho minimamente garantidos está maior a cada ano. Cada vez mais cedo jovens se vêem preocupados com a disputa, ou seja, com a concorrência mesmo, e isto, como disse, por conta das atuais estruturas sociais, com a conivência e mesmo incentivo dos pais.

O resultado disso tudo, entre outros, só pode ser o sofrimento emocional, a depressão, o pânico, a ansiedade, quando não patologias mais graves. Todos sabem o quanto é necessário preocupar-se com o futuro dos filhos, mas antes do futuro vem o presente. E este pode se mostrar ameaçador quando não se conhecem os limites psicológicos deles. Por vezes a tentativa e erro pode ser problemática.

É possível que as licenciaturas de um lado, e os pais de outro, possam ajudar neste problema que é a saúde emocional dos jovens adolescentes em geral. O professor precisa ser treinado para lidar com faixas etárias distintas. Criança é uma coisa, adolescente é outra e adulto, outra ainda. Os pais, mesmo justificadamente preocupados com o futuro, poderiam se preocupar mais com o presente e procurar conhecer mais os limites emocionais de seus filhos, evitando, com isso, maior sofrimento para seus filhos.

Texto revisado por Cris

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