Somatização.

   

Autor Paulo Salvio Antolini

Somatização.

 

            Muitos já ouviram esse termo. Significa transformar em doença física um estado de desarmonia ou desequilíbrio psíquico ou emocional. Muito temos falado sobre o auto-conhecimento e é através dele que diminuímos ou eliminamos nossos processos de somatizações.

 

            Muitas doenças com etiologias desconhecidas desafiam os consultórios médicos em sua cura, pois todos os exames dão negativos, ou de repente, um deles dá um resultado que não tem lógica. É comum ouvirmos de médicos que de concreto mesmo, o que foi feito é dar atenção ao paciente e ele melhorou. O que traz dois aspectos positivos: o paciente melhorou e o médico, este agiu com o humanitarismo necessário para o procedimento da cura. Apenas o desempenho técnico da medicina não resolve. A atenção, acolhimento e empatia existente na relação estabelece um clima propício para que o paciente, mesmo sem ter consciência explicita, de vazão a suas tensões, mesmo que temporariamente. Um dos exemplos mais comuns da somatização está nas dores no corpo. A tensão não resolvida, não canalizada de forma adequada, concentra-se em determinadas partes de nosso corpo, gerando dores antes inexistentes.

 

            Observem como as pessoas ao fazerem uma determinada atividade, colocam um excesso de energia nesse movimento. Ex. Retirar uma maleta do carro, a mesma quase voa com o puxão dado. Mostra-nos a energia represada e não canalizada positivamente. Com certeza, irá se localizar em alguma parte do corpo na forma de dor. Provavelmente juntas e membros.

 

            Há uma tendência maior para as somatizações quando as pessoas agem reativamente. Ser reativo é reagir ao que é apresentado, sempre achando que estão acusando ou querendo "jogar culpas" sobre elas. Pessoas que estão sempre se justificando, buscando "alguém para levar a culpa", pessoas que estão sempre sentido-se devedoras de algo ou alguém. Quando é dito algo e a resposta é: "não é nada disso", a conversa está truncada. Vai começar a contenda. Será completamente diferente quando se diz: "por que você acha isso?" "Baseado em que essa sua percepção?"

 

            Ela aparece também e principalmente, em pessoas muito rígidas, que vivem julgando a tudo ou a todos, ou mesmo cuja postura é de pouca flexibilidade frente à vida. As repressões internas são tão fortes que, no desconhecimento de seus próprios sentimentos e desejos, os converte em doenças físicas.

 

            Os desejos no Ser Humano existem, desprovidos de certo ou errado, bom ou ruim. E devem ser vistos como normais, por mais absurdos ou estranhos que possam parecer. Desta forma, poderão vir à consciência e então será visto se "quero ou não quero"! Só após ter-se consciência do que há em nós é que podemos usar de nossa Vontade. O desejo é inconsciente  e precisa ser conhecido para ser administrado. Se bom e positivo, quero e vou em frente. Se descabido e inadequado, afasto-o pela minha capacidade de decisão. Importante saber que o desejo por si só não é condenável, mas sim nossa atitude frente a ele. Muitos dos males existentes são somatizações causadas pela repressão que impede a pessoa de identificar seus desejos. Seus valores morais e sua consciência extremamente crítica não suporta admitir que possui desejos que conscientemente recrimina. Dois problemas. Um: somatizações, doenças com origens inexplicáveis. Dois:  o desejo, reprimido, transforma-se em impulso, levando a pessoa a agir sem controle sobre suas ações. Uma enorme energia interior manifestou-se repentinamente, ai se diz: "eu não sei como isso aconteceu". "Isso é impossível, não fui eu, era algo mais forte". Já viveu isso? Já viu alguém passar por isso? Que tal estabelecer o hábito de refletir sobre si mesmo? Muitos de seus males serão eliminados.

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