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Swami Galvão de Ogum – o místico - 2

Atualizado dia 17/06/2007 12:29:52 em Autoconhecimento
por Alex Possato


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Um longo silêncio instalou-se no ambiente. Ele novamente me fitava com aqueles profundos olhos negros, como se pudesse ler minhas entranhas. Pude perceber seu peito subindo e descendo numa respiração rítmica e lenta, e pouco a pouco eu também estava respirando lentamente, no mesmo tempo que ele. Não sei como, comecei a me acalmar.
- Agora está melhor, disse-me o guru. Tô sacando que você está com problemas... de relacionamento, não é?

Quis perguntar como ele sabia, mas entendi que não iria adiantar, e simplesmente deixei um:
- Sim.
- Essa pessoa você gosta muito. E não está acontecendo aquilo que você quer. Você tem a pretensão de achar que sabe o que é melhor pra ele. Quem você pensa que é?
- Eu sou o pai dele! Fiquei um pouco enfesado, porque ele vinha novamente com aquele tom acusativo que eu odeio.
- Saca uma coisa, cara. Qual o poder que você tem sobre ele?
- Eu sou o pai. Enquanto ele é uma criança, eu mando!
- Então, bicho, se amanhã ele for atropelado e partir dessa para melhor, manda ele renascer!
- ?!?
- Manda ele aprender a ter um trabalho legal, que dê dinheiro e sucesso. Você consegue?
- Não, respondi, murcho.
- Manda ele se casar com uma mulher bonita, inteligente, de família rica. É isso que você quer, não é? Manda ele gostar de mulher. Você consegue?

Fiquei quieto. Queria saber até onde esse papo iria.
- Cara, neste mundo não se manda em nada. Você não manda nem em você. De repente, você sai da porta desta galeria, tá tendo uma blitz, alguém joga um aparelho de som lá da janela e... pumba! Já era! Um segundo e tudo o que você tem, foi... Sacou?

Fiquei calado, com uma dor profunda no peito. Era verdade. Não posso decidir nada, nada na vida está sob meu controle. Nem minha própria vida.
- Cara, a humanidade acha que pode mandar na vida. Tem gente que vem com esse papo de querer é poder... Que cocô, cara! Não entenderam nada! O universo já é infinito, do jeito que é agora! Não tem que acontecer nada, não temos que mudar nossos filhos, não temos que ganhar mais dinheiro, não temos que comprar uma casa nova, não temos que arrumar um marido ou mulher nova. Nada, nadinha! Pensar assim é uma arrogância tremenda, e dizer pra Deus que ele está errado porque não me deu o que eu quero. É atitude de criança, meu...
- Mas eu não posso querer nada? Eu não posso educar meu filho?
- Cara, vou lhe dar uma dica: tudo o que você faz que lhe traz sofrimento, está errado. Se você está sofrendo em busca de coisas, está errado. Se você está sofrendo querendo mudar os outros, está errado. Você não tem o poder de mudar ninguém. Nem Jesus conseguiu mudar os apóstolos! Era tudo um bando de gente sem fé... O homem não veio ao mundo para mudar nada. Seu filho parece errado para você porque você se sente errado perante seu pai e sua mãe. A vontade de mudar o outro é sempre a sua própria vontade de refazer o que você acha que é o seu erro. Sacou?
- Então, quem está errado sou eu?
- Não, não, não! Cara, tira essa mania de querer consertar o mundo. Tira esse sentimento de culpa! Vou dar outra dica: seu filho não tem nenhuma responsabilidade pelo que aconteceu com você e seus pais. Aceite seus pais como eles foram, porque eles também tiveram motivos para agir como agiram. Aceite você como você é. Passe o que você acha que é correto ao seu filho e... esqueça. Não eduque na base de resultado, de comportamento. Seu filho terá duas alternativas: agir externamente como você quer e estar por dentro morrendo de raiva, ou não fazer o que você quer e te deixar com raiva. Qual das duas você prefere?
- Nenhuma, exclamei!
- Então, bicho, faça o que eu falei. Aceite seus pais. Você consegue? Aceite a si mesmo. Aceite seu filho. Eduque, mas esqueça resultados, porque o único resultado que existe nesta vida é a morte. Ninguém manda nada em ninguém. É o destino de todos.
- Mas isto é resignação...
- Cara, faça o que tô falando, bicho. Não discuta. Sua mente diz resignação, porque ela quer dizer: não quero! Eu é que mando no pedaço! Esqueça, bicho. Aceitar tudo como é, de coração, é liberdade total, é luz... É nesse ponto que começam as mudanças, os milagres. É quando deixamos de confrontar, de negar o óbvio, de usar força para reagir, quando deveríamos deixar a própria força se extinguir naturalmente... A última vez que falo pra você: o mundo, nem ninguém tem que ser mudado. Viva, faça, mas sem colocar força... depois você volta aqui.

Fiquei novamente sem palavras.
- Quanto é mesmo? Falei, buscando a carteira.
- Cai fora, cara! Você não entendeu nada dessa questão de se sentir devedor, da primeira vez que esteve aqui...

Aruanan
Terapeuta e consultor pessoal

Parte 1

nokomando.com.br

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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