TODAS AS MULHERES SÃO FRIDA
Autor Hellen Katiuscia de Sá
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/8/2006 5:09:58 AM
A 06 de julho de 1907 nasce a pintora mexicana Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón e o mundo ganha uma mulher de personalidade forte. Filha de um fotógrafo judeu-alemão com uma mexicana, essa extraordinária mulher é um exemplo da força que todas mulheres possuem dentro de si para superar as piores adversidades.
Marcada por tragédias, já aos seis anos de idade a pequena Frida contrai poliomelite que a deixa coxa para o resto da vida. Ela, porém, supera esse episódio com maturidade e perseverança, nunca se deixando abater por sua condição física. Já mocinha, demonstra seu interesse pela situação política de seu País. Estava sempre rodeada de colegas e professores de sua escola, conversando sobre assuntos sócio-políticos, arte, etc. E foi nessa época, aos 17 anos que Frida sofre o acidente que a marcaria, para sempre, sob todos os aspectos.
Quando retornava da escola para casa, o ônibus em que Frida estava choca-se violentamente com um bonde. Sua coluna se parte em inúmeras fraturas, sendo que um dos destroços do bonde atravessa impiedosamente a bacia de Frida, saindo a outra ponta do estilhaço por sua vagina. Essa terrível fratura em particular causou um estrago físico irreversível no corpo de Frida. Para tentar amenizar as fortíssimas dores em todo o corpo e também consertar o máximo da coluna, Frida passa por mais de 30 cirurgias, numa época em que a medicina era ainda deficiente em termos mais específicos. A moça passara muitos meses no leito, praticamente sem poder se mexer.
Foi quando a mãe de Frida teve a idéia de pendurar um espelho acima da cama, onde estava a filha, para que ela suportasse melhor sua convalescença. E seu pai adapta um cavalete com pincéis para que a filha pudesse pintar.
Podemos dizer que a grande pintora Frida Kahlo foi forjada a ferro e fogo! Pois foi em meio à dor, tristezas e limitações subumanas que ela conheceu sua força interior, vontade de viver e resgate de si mesma. Passava muito tempo sozinha e isso a aproximou de seu potencial subjetivo e onírico, amplamente observado em suas telas.
Alguns anos após o acidente (e depois de algumas cirurgias) Frida já conseguia andar mas com dificuldade, claro. Para tanto utilizava uma bengala. Mesmo essa agonizante condição física não a impediu de buscar saber mais sobre pintura e História da Arte com o grande mestre Diego Rivera, a quem mostrou seus quadros para uma avaliação mais profissional.
Diego Rivera, futuramente, tornou-se o marido dessa extraordinária mulher e também mais uma dor para Frida; não dor física e sim, dor de cunho emocional que também a acompanharia para o resto da vida... O matrimônio de Frida e Rivera foi bastante conturbado. Além dela não poder levar nenhuma gravidez até o final (seqüela do acidente), seu marido envolvia-se freqüentemente com outras companhias... Dona de uma personalidade (pra lá de) forte, evidentemente que em retaliação a pintora fazia o mesmo com o marido.
Ainda em vida conseguiu organizar e expor suas pinturas na Cidade do México e ela, mesmo sem poder andar, apoteoticamente e dignamente deitada em sua cama, com a ajuda de amigos e familires, compareceu em sua vernissage. Atravessou todo o salão onde estavam suas obras. Foi amplamente aplaudida pelos presentes; primeiro por sua genialidade na pintura; segundo, pelo vivo exemplo de superação.
Frida lutava e acreditava na luta contra todo tipo de opressão. Em qualquer âmbito político-social ela gritava por liberdade de corpo e alma. Diante de sua trajetória de vida, essa extraordinária mulher pode (e deve) ser considerada como um ícone de sobrevivência, coragem, independência e inconformismo feminino! Superando constantemente a si mesma para abraçar um ideal de vida: liberdade e direitos iguais para todos.
Na sua dura caminhada em meio a tantas dores físicas e, porque não dizer, dores na alma, Frida foi além de seus limites. Deixou um legado de quase 200 telas, sem contar com algumas pequenas gravuras contidas em seus diários. Foi ardente militante contra a intervenção norte-americana em seu País.
Porém, já muito debilitada pelas fortes dores no corpo e agora com a amputação de um de seus pés, Frida contrai uma intensa pneumonia que avançaria rapidamente para uma embolia pulmonar. E aos 47 anos, a 13 de julho de 1954, Frida Kahlo liberta-se de seu corpo físico. E essa grandiosa mulher deixa para este mundo não somente suas pinturas, mas o exemplo da força interior que toda mulher carrega dentro de si.
Antes de sua morte Frida escreve as últimas palavras em seu diário: "Obrigada aos médicos Farill, Glusker, Párres e ao Doutor Enrique Palomera, Sanche Palomera. Obrigada às enfermeiras, aos padioleiros, aos esforçados atendentes do Hospital Inglês. Obrigada ao Dr. Vargas, a Navarro, ao Dr. Pólo e à minha força de vontade. Espero alegremente a saída e espero nunca mais voltar. FRIDA”. Para acompanhar essas palavras no diário, a pintora, graciosamente, desenhara a figura de um anjo... E seu último quadro chama-se “Viva la Vida”.
Hellen Katiuscia de Sá
08 de março de 2006
Referências:
O filme “FRIDA”, 2002.
https://members.tripod.com/~Uminha/frida.html
https://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=468
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 12
Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
