Um Anjo de Pelo Branco




Autor Valeria Trigueiro
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/22/2012 1:54:55 PM
Há onze anos atrás recebi em minha porta um menino com uma gatinha branca, com dois meses de idade, querendo saber se eu gostaria de adotá-la. Não terminou a frase e ela já estava no meu colo enroscada e sem medo.
Quem conhece gatos, sabe que esta situação não é muito comum, um pequenino em colo estranho e sem medo, quer dizer alguma coisa fora do usual. Realmente, queria, pois era a resposta à pergunta do menino. Peguei-a meio sem jeito, pois não estava acostumada a ter animais domésticos, pois julgava-me incapaz dos arroubos amorosos que costumava ver algumas pessoas terem.
Lembro-me quando minha irmã adotou a sua gatinha e achei-a meio maluca dizendo gracinhas o dia inteiro para a pequena, via quando a gata se sentava em sua barriga e ficava como se estivesse amassado massa de pão. Minha irmã explicava que a gatinha estava dizendo assim: “você é minha mamãe”. E eu seguia achando bobagem, fazia questão de ser durona.
O tempo foi passando e eu cuidando daquele pequeno ser acreditando que era apenas uma gatinha. Entretanto, quando me dei conta éramos amigas de verdade, sendo que ela, mais sábia do que eu, me ensinava coisas que jamais pude imaginar.
Com ela aprendi o que é o verdadeiro amor incondicional. Ela saía para a rua, subia nos telhados, brincava e brigava com outros gatos da vizinhança, comia e se recolhia para a “siesta”. Seu lugar predileto era em cima da minha barriga, onde ficava a ronronar um mantra que só ela sabia e quando terminava, olhava em meus olhos e saía para mais uma caminhada.
Ela sabia o que era individualidade e me ensinou muito bem. Tem hora para tudo. Existem momentos em que você quer ficar na sua e isto precisa ser respeitado, caso não entendam a mensagem, basta virar-se com ar blazé, deixando você, mas não sem antes dar uma olhada doce dentro de seus olhos como se dissesse: “estou com você, mas não agora, conte comigo, pois eu sei que você pode ficar aí com seus afazeres enquanto eu vou para os meus. Depois nos encontramos”.
Tanto assim era que caso eu estivesse triste ou com desgaste energético, ela era a primeira a notar, correndo para o meu colo e providenciando seu mantra tão necessário. Já não vivia sem ele.
Alguns anos se passaram e precisei viajar para fazer uma pequena cirurgia. Quando voltei, ela não me deu muita atenção, fazia questão de me olhar, dando um pequeno e único “miau” e seguia sem parar para “falar comigo”. Quando enfim, ela achou que já tinha me castigado bastante, tentou subir no meu colo e eu não pude deixar, pois ainda me recuperava da bendita cirurgia. Resultado: ela adoeceu e teve que ser internada por quatorze longos dias com um problema renal, que segundo a veterinária teria sido causado por estresse.
Graças a Deus, quando voltou para casa, ela já estava perfeitinha e eu também. Assim, voltamos à rotina. Eu saía para o trabalho e quando voltava, ela estava me esperando no muro de casa e não importava se eu chegasse mais cedo ou mais tarde, ela sempre estava lá esperando e entrava em casa comigo.
Se eu estivesse mal ela era a primeira a perceber e corria para o meu colo com seu mantra infalível, quando eu ia dormir, ela se aninhava na minha coluna, que, aliás, devo dizer, nunca doía, pois ela era excelente fisioterapeuta.
Tinha uma compreensão das coisas incrível. Fiz uma música para ela, que cantava fazendo gestos que ela acompanhava com os olhos e quando eu parava, ela apenas dizia: “miau”, pedindo que eu continuasse. Era muito engraçado.
Entretanto, o tempo foi passando, a vida seguindo seu curso e se por um lado as coisas estavam dando certo, com meu filho assumindo a vida adulta e se mudando, as pessoas perguntando se não estávamos com a “síndrome do ninho vazio”, e a resposta era sempre a mesma: “não, estamos felizes porque nosso filho está feliz, estamos pintando o quarto, rearrumando a casa toda, ocupando os espaços, não vamos ficar tristes porque alguém que amamos estar feliz”. Nossa, como eu iria achar que minha gatinha iria sentir tudo e de forma tão intensa?
De repente ela adotou um comportamento de macho, passou a fazer xixi como macho e fora do lugar usual, passou a subir na mesa de jantar, coisa que jamais fizera antes, subia no móvel da televisão, fazia xixi nas plantas, tudo que nunca fez antes. E não fazia porque não queria, era uma “lady”, só gostava de lençóis limpos, colchões macios, cobertores bem fofinhos. Ela odiava ficar sozinha, e portas fechadas a incomodavam e muito, só sossegava quando alguém abria a porta para ela entrar e mesmo se não entrasse e fechássemos a porta, lá vinha ela miando até que a porta se abrisse.
Quando percebi que ela estava estressada, a colocava no colo, cantava para ela e ali ela se enroscava, mas não mais fazia seu mantra. Um dia desses acordei e notei que ela andava devagar, a comida não saía do lugar e bebia muita água. Levamos para o veterinário que diagnosticou infecção urinária e um possível quadro de diabetes.
Quase pirei quando disseram que eu teria que aplicar-lhe insulina, entrei em crise, mas precisei sair dela rapidinho, pois tive que me superar e tirar uma coragem lá do fundo do baú e aplicar insulina na minha pequena guardiã. Passou uma semana e tudo corria bem, ela voltou a reinar na casa, passou a ser a dona do meu colo, do meu tempo e atenção. Entretanto, voltou a piorar e precisou voltar para a clínica, onde os médicos disseram que seu tempo estava esgotado aqui na Terra.
Ok. Essa não é mais uma história triste, porque apesar de eu ter ficado péssima, o tempo passou e pude perceber o quanto fui privilegiada de ter tido em minha companhia um anjo doce, lindo, parceiro, que me ensinou muita coisa, e a principal delas foi a certeza de que um amor verdadeiro não exige nada, além dele mesmo, o próprio amor, que acontece de forma natural e de que anjos existem sim e tomam a forma que quiserem e um deles morou comigo sob o nome de Samantha.
Hoje, tenho certeza, ela vive no Espaço com outros gatinhos, consigo vê-la correndo no ar, em jardins floridos e de vez em quando ela dá uma olhadinha para cá para ver como andam as coisas.
Por isso estou escrevendo, para ficar registrada a minha gratidão a Deus por haver permitido que eu conhecesse esse anjinho que me ajudou a expandir meu coração para amar sem medo e receber o amor incondicional que só os animais sabem dar.
Obrigada, Sam!









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