Um bom lugar para minha filha
Atualizado dia 23/08/2007 16:53:33 em Autoconhecimentopor Nathalie Favaron
Um lindo e profundo ato de amor. Tão forte que tem o poder de gerar uma vida. É quase mágico sentir que, daquele momento em diante, teremos uma vida crescendo e se desenvolvendo dentro do nosso corpo e, principalmente, dentro de nossos corações.
Os pais, a partir daquele momento, estarão ligados para sempre através daquela criança.
Não importa se permanecerão juntos ou não. Se o destino de um for separado do destino do outro. Ou ainda se algum deles morrer muito cedo.
Para a criança isso não importa.
Os pais sempre serão os seus pais. Aqueles que lhe deram a vida. E a vida vale muito.
Porém, poucas vezes vemos este singelo pensamento ser aceito pela maioria das pessoas.
Fomos treinados para desejar relações estáveis, casamentos de tradicionais e, principalmente, pais perfeitos.
Muitas vezes, no consultório, ouço relatos sobre o quão imperfeitos os pais foram, ou são.
Podemos passar a vida toda reclamando deles e os culpando por tudo aquilo que deu errado em nossa história, como fomos infelizes quando eles estiveram ausentes e que tudo teria sido muito diferente se eles tivessem agido de outra forma, ou se não tivessem simplesmente ido embora.
A pergunta que faço a todos é:
Quando você diz isso, isso lhe dá força ou o enfraquece? Você se sente melhor ou pior?
Nós, como filhos, podemos também escolher outro caminho.
A aceitação da nossa história que inclui a história dos nossos pais assim como ela é.
O SIM completo, para tudo que aconteceu. O SIM para nossos pais, como eles são. Entendendo que tudo que eles deram foi tudo o que eles tinham para dar.
Saber receber a Vida é um presente e nos conecta com algo maior, e nos dá força.
Quando fazemos isso algo muda dentro de nós. E também muda a relação que temos com nossos pais. O olhar é outro e o sentimento que surge é de profundo respeito e gratidão por tudo que recebemos deles.
Às vezes temos dificuldades em fazer isso, o que também é normal. Não há julgamentos sobre esse caminho. Nós também fazemos o que podemos. Pois, freqüentemente, nós também estamos presos a historias difíceis e sofridas e isso dói. E quando sentimos dor, nos fechamos novamente para o amor.
Ou ainda podemos estar emaranhados em destinos e histórias que nem sabemos que não nos pertence. Algo que aconteceu antes de nós. Com alguém de nossa família.
Ana, uma linda mulher perto dos seus 35 anos, veio trabalhar através das Constelações, sua relação com a mãe.
“Já tentei de tudo, fiz terapia anos a fio, trabalhos profundos de catarse e perdão, mas ainda não consigo ficar bem com minha mãe. Brigamos muito. É como se competíssemos o tempo todo. Isso me irrita. É muito difícil pra mim. Já tentei me afastar dela, mas sofro quando faço isso”.
Eu parei um pouco, olhei para ela, percebi seu profundo sofrimento, mas também raiva.
Esperei um pouco para me permitir ver um pouco além daquilo que ouvi. Deixei que o sistema daquela família me mostrasse algo. Dando a todos aqueles que pertenciam a família um lugar em meu coração.
Sem julgar. Sem tomar partido. E sem querer mudar ninguém.
Pedi para que ela montasse uma imagem da sua família e que escolhesse uma figura para ela, uma para a sua mãe e outra para o seu pai.
Em seguida, pedi que posicionasse cada um desses representantes um em relação ao outro, de acordo com sua imagem interna.
Enquanto ela montava sobre a mesa os 3 representantes eu permaneci ligada a ela, aos seus sentimentos, e aberta para aquilo que poderia vir à tona.
Quando ela posicionou cada um deles surgiu para mim a possível dinâmica que ela estava vivendo, e perguntei:
Seu pai teve um casamento anterior, uma primeira noiva, ou namorada, um primeiro amor, antes de sua mãe?
Neste momento, um lindo sorriso se abriu em seu rosto.
“Minha mãe contou uma vez que meu pai teve uma namorada quando bem jovem que ele amou muito. Ele, às vezes, falava desta namorada, mas não sei o que aconteceu que impediu que eles não ficassem juntos”.
Neste momento, eu tive a confirmação daquilo que inconscientemente estava atuando entre a relação de mãe e filha.
A minha cliente estava identificada com os sentimentos desta primeira namorada do pai dela.
Pedi, então, que ela fechasse os olhos e olhasse para esta moça, bem jovem aí bem na frente dela.
E dissesse: “Eu te vejo”.
E esperei um pouco.
Depois de um tempo, pedi que ela olhasse para a mãe dela e dissesse: “Mãe, você é a mãe certa para mim. Com a outra namorada do papai eu não tenho nada a ver. Olhe para mim como sua filha e só como sua filha”.
Alguns momentos depois, pedi que ela visse o pai dela e que ele olhasse para a primeira namorada dele.
E dissesse: “Não pudemos ficar juntos. Mas eu te amei muito”. “ Você foi meu primeiro amor e agora te darei um lugar especial no meu coração”.
A cliente neste momento me disse emocionada: “ela ficou feliz”.
Pedi para o pai olhar para a cliente e dizer: “Minha filha, eu sou seu pai, e só o seu pai”. E, apontando para a esposa, continuou “e essa é a sua mãe”. “Com ela (apontando para a primeira namorada) você não tem nada a ver. Deixe isso comigo”.
Neste momento, a cliente pôde olhar para a mãe dela e com um grande sorriso, dizer novamente “Mãe, você é a mãe certa para mim. Obrigada”.
E, a passos lentos, ela se aproximou da sua mãe e pôde receber um grande abraço dela. E, neste momento, pôde finalmente olhar para o pai com um olhar diferente. De filha.
O caso acima descreve uma dinâmica muito comum que mostra a identificação da filha com a primeira namorada do pai, tornando-se inconscientemente uma “rival” da mãe junto ao pai.
Quando este primeiro amor pôde ser reconhecido e recebeu um lugar na história desta família, a filha fica em paz para aceitar a mãe e o pai apenas como filha.
Texto revisado por: Cris
Avaliação: 5 | Votos: 126
Nathalie Favaron é Coach e Terapeuta Sistêmica especializada em Constelações e Hipnose Ericksoniana. Autora do LIVRO O Reencontro e do CURSO ON LINE - A História da sua Família SAIBA MAIS AQUI www.nathaliefavaron.com.br ou whatsapp 11-950203079 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |