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Vamos refletir sobre ajuda e caridade?

Atualizado dia 9/15/2022 1:25:57 AM em Autoconhecimento
por Bárbara Lisboa


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Caridade é uma prática solidária de doação ou ajuda voluntária seja de elementos materiais (bens, serviços, alimentos, dinheiro) ou imateriais (conforto espiritual, conforto emocional, auxílio para resolver problemas de relações ou situações da vida cotidiana). A maioria dos seguimentos religiosos considera a caridade como uma boa prática de amor e do bem. A palavra vem do latim caritas e tinha o sentido de caridade ou ajuda em momentos difíceis. Mas, afinal, qual o verdadeiro sentido ou sentidos de caridade no mundo atual? Qualquer doação é caridade? Fazer caridade é tirar de onde não tem para dar? Doar qualquer coisa que pedirem ou fazer tudo o que querem? Dá para fazer caridade para quem não quer? São algumas perguntas que merecem reflexão.

Para começar quando pensamos numa caridade altruísta, é comum associarmos a palavra às práticas religiosas cristãs, até pela própria origem e difusão presentes em frases como “amor ao próximo”, "prática da generosidade", de “fazer o bem sem olhar a quem”, ou ainda “fora da caridade não há salvação”.
Entretanto,  em um sentido ético ou espiritual, esse aspecto sábio e sublime da caridade não está presente só no cristianismo. Essa noção sublime de caridade, que alguns preferem usar outros nomes como "ajuda", "generosidade", "doação" aparece em várias práticas religiosas.

Só para citarmos alguns exemplos, no Islamismo, existe a menção  da prática de dar esmolas, no Alcorão, entre outras passagens que falam da importância da caridade. Entre práticas religiosas das culturas africanas e indígenas não são comuns o uso do termo "caridade, mas existe uma aproximação com um constante senso e conexão de comunidade e na importância de ser ético e generoso para viver feliz e equilibrado.

A palavra africana "Ubuntu" do idioma zulu significa humanidade para todos, e tem relação com isso. No Budismo, é comum o uso do termo "Compaixão", e a prática da caridade existe, mas deve ser feita sem alarde. Na Umbanda, é comum pensar nas orientações obtidas com as entidades como prática de caridade ou ajuda ao próximo. Tanto que, um dos segmentos de Umbanda, que se originou com a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, acabou tornando popular a definição de Umbanda como "a manifestação do espírito para a caridade".

Muitas são as circunstâncias em que podemos perceber as aproximações dessas noções virtuosas de caridade, auxílio, ajuda  como algo sublime, transformador e que atraem o amor, o equilíbrio, a consciência e a felicidade. Mas existem muitas circunstâncias que dão uma falsa imagem de caridade ou ajuda. Uma delas ocorre quando alguém dá esmolas aos pobres como se "lavasse as mãos", não ligando para justiça social, nem se preocupando com a  luta por uma sociedade mais justa e pela transformação para que o maior número de pessoas possa usufruir de uma vida feliz e abundante. E os falsos caridosos ainda generalizam preconceitos argumentando que essas pessoas ajudadas estão nas condições que se encontram e sofrem porque querem, porque são “atrasadas” ou “ignorantes”, porque não se esforçam, por karma, etc. 

E após a "caridade", ainda alardeiam para ganharem likes nas redes e mídias. Contudo,  talvez o outro tipo de caridade, travestida de bondade  e que seja a mais perversa, é aquela pela qual se oferece algo material ou um serviço mas que implicitamente escraviza as pessoas assistidas, criando uma relação  de dependência, subserviência e hierarquia. As pessoas doam para fingir serem boas, mas querem manter uma posição de poder, nem suportariam a ascensão  e igualdade daqueles que estão sendo ajudados. São casos os que doam em troca de voto ou de apoio político, os que obrigam os assistidos a seguirem determinadas crenças políticas ou religiosas, os que exploram seus trabalhos pagando baixíssimos salários e ainda os que criam instituições de caridade, mas que na realidade servem de exploração do trabalho, lavagem de dinheiro e prática de  violência, como o caso de alguns asilos, comunidades terapêuticas, etc., que volta e meia aparecem sendo denunciadas nas mídias.

Dessa forma, precisamos refletir a caridade no seu sentido profundo, com sabedoria. E requer uma investigação minuciosa do significado da carência, de suas causas reais para um trabalho profundo que ajude a diminuir diferenças sociais, ou que possa trazer autoconhecimento às pessoas, aprimoramento espiritual e consequentemente equilíbrio físico, emocional e espiritual. É possível que todos façam caridade altruísta, troquem auxílios, apoio e ajudem uns aos outros com seus talentos e condições, senão só o rico ou  o que tem posses poderiam ajudar as pessoas. Mas os sentimentos que nos movem no processo de doação e para quem está sendo beneficiado, é que definem uma verdadeira caridade, ou seja, quando quem doa esteja realmente com o coração limpo e se abstém de alguns sentimentos como: a vaidade, o poder ou a subserviência.  Alguns hábitos negativos não contribuem para uma caridade altruísta,  como a vaidade  da pessoa que gosta de doar para mostrar aos outros a sua ação e passar uma imagem de boa, ou seja, esconder-se numa pseudo “ bondade”. Quem doa, não precisa mostrar a ninguém que doou, está em paz e tranquilo por ter feito uma boa ação.
Quem age por vaidade, apenas esconde os sentimentos ruins que guarda no coração, ao invés de aceitá-los e modifica-los.

Um outro hábito nocivo é a prática da doação como exibição de poder. Infelizmente, existem pessoas que fazem a caridade exigindo a eterna gratidão de quem recebeu ou pior, exploram aquele que ajudou. Podemos dar o exemplo daqueles que pagam as dívidas de alguém para se passar por bom e em troca a pessoa ajudada é obrigada a fazer todo o tipo de serviço por tempo indeterminado e a concordar com a pessoa em tudo, em nome de uma exploração travestida de gratidão eterna. E por último, o sentimento nocivo que destacamos aqui, é a caridade com subserviência. Poderíamos dizer que é o oposto ao poder econômico, mas tão nocivo quanto, é o caso das pessoas que fingem pra si mesmas  que estão fazendo uma caridade, que são “boazinhas” , que ajudam quem não quer ajuda ou quem quer apenas aproveitar a situação cômoda para se beneficiar. Pessoas que se colocam na condição de subservientes na prática de caridade, não sabem dar limites ao outro ou “dizer não” e acabam dando aquilo que nem poderiam, pois praticam a doação para suprir suas carências emocionais. Muitas deste grupo ficam cobrando afeto e reconhecimento das pessoas que ajudaram e como não têm reciprocidade afetiva, vitimizam-se. Esses tipos de pessoas costumam atrair os usurpadores ou aproveitadores, que se quer sabem suas verdadeiras carências, mas que vivem acomodados em situações ruins ou se aproveitam de uma condição ruim para tirarem vantagem e não se modificar.

Dessa forma, se estivermos com o propósito de fazer caridade altruísta, temos que nos perguntar se estamos fazendo por vaidade, poder ou fazendo exigências para mostrar aos outros? Estamos compartilhando o que temos, de coração puro e respeitando nossos limites? Estamos fazendo caridade ou entrando no jogo de fazer o que o outro quer para parecermos bonzinhos? Como lidamos com nossos sentimentos ruins em relação aos outros, culpando os outros, fingindo ser o que não somos ou reconhecendo nossos sentimentos e equilibrando-os?

A caridade, a ajuda, o auxílio, ou como preferirem mencionar, é uma prática que somente  nos ajuda a crescer quando de fato utilizamos com o propósito de autoconhecimento, de respeito ao outro e de desejar felicidade e bem estar a todos os seres humanos. É a prática do sentimento mágico – o AMOR universal, o amor a si próprio e ao outro. Assim,  caridade é compartilhar com todos que necessitam, sem favorecimentos ou exigências e ao mesmo tempo não dar o que não tem para dar, não satisfazer desejos mesquinhos,  não se deixar influenciar pela vaidade, pela gana ou por poder ou querer mostrar o que não é.

Dessa forma, como somos imperfeitos, vamos tentar nos transformar em seres humanos melhores e sermos verdadeiramente caridosos, começando a partir do nosso olhar ao redor! O verdadeiro sentido é transformar nossas vidas e auxiliar nas transformações dos outros seres, deixando boas referências e ações positivas para o mundo. Boa semana a todos.

Texto Revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Bárbara Lisboa   
Professora de história, oraculista (cartas e búzios), Iyalorisá.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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