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Vínculos e suas Articulações à Luz da Psicologia Social de Enrique Pichon-Rivière

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Autor Psicóloga Ana Cristina Botelho

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 23/04/2010 18:41:31


Diz o ditado ou a sabedoria popular presente na nossa vida cotidiana:
“Nenhum homem é uma ilha.”
Essa afirmação confirma a conclusão de Lacan, psicanalista francês, quando diz que o indivíduo é um ser de linguagem e, portanto, um ser social. Assim como Freud, no começo do desenvolvimento de sua teoria, sugeriu a não existência de uma psicologia individual, mas uma psicologia social, que integrasse aspectos múltiplos da realidade que interagem. Apesar dele, posteriormente, não dar continuidade a tal pensamento.
Portanto, a tarefa da construção da Psicologia Social, baseada numa concepção de grupos operativos, ficou para dr. Enrique Pichon-Rivière (PR), médico psiquiatra, nascido em Genebra- Suíça, tendo aos 4 anos mudado-se com sua família a Argentina, onde pôde integrar sem preconceito junto com seu grupo familiar, portador da cultura francesa e racionalista, uma cultura guarani de um povo devastado pela colonização espanhola, mas que se aferra e luta por sua identidade através de suas tradições.
Assim, Pichon integrará dentro de si esses dois mundos diferentes, desenvolvendo um pensamento que associa o dissociado, valoriza o contraste, o diferente. Na sua juventude vai residir em Buenos Aires estuda medicina e forma-se no método dialético.
PR na sua carreira como médico psiquiatra, trabalhando com pacientes psicóticos e neuróticos começa a indagar sobre os processos de aprendizagem, a estrutura familiar, os grupos, as instituições, com foco na promoção da saúde mental. E a sua experiência infantil de integração de duas culturas permitiu-lhe desenvolver um pensamento aberto, não-dilemático, não-preconceituoso, não-autoritário ou etnocêntrico, como pontua Ana Quiroga, companheira de PR, durante os últimos anos da sua vida. Dentre suas observações e descobertas deu-se conta de que a formação do psiquismo é social, ou seja, o nosso mundo interno é formado a partir da relação com o meio, inicialmente o meio familiar e depois o meio social mais amplo. Podemos considerar essa percepção do mundo interno como o pilar da construção de sua teoria.
A partir da perspectiva de que toda Psicologia é Social (PS) porque integra um mundo interno ou grupo interno, que é o resultado de um processo dentro de si, Pichon-Rivière constrói a Teoria do Vínculo, referendando-o como o esquema referencial fundamental e básico da PS, definindo-a como vincular e intravincular.
O vínculo faz parte da nossa vida. Antes do nascimento, ainda na vida intra-uterina já começa a nossa relação com o mundo externo, nesse sentido começamos a estabelecer vínculos, inicialmente com a voz daquela que nos carrega e acalenta. Na situação de nascimento com caos e confusão e com a vivência da ansiedade de perda do conforto da vida a que estava acostumado, a criança ingressa na proto-depressão (1ª depressão). A saída desta proto-depressão se dá através do proto-vínculo (1º vínculo com o mundo externo), iniciando a situação simbiótica com a mãe, portador do peito bom que satisfaz as suas necessidades. Assim, podemos dizer que o ser humano emerge de uma trama de vínculos, a saber: o grupo familiar.
A importância que o vínculo estabelece na nossa vida, desde a vida primária, evidencia o quanto este será fundamental e determinante ao longo desta. Podemos ter uma vida saudável e equilibrada ou adoecedora a depender de como lidamos com os vínculos que nos circundam, de forma que Pichon afirma que nós não adoecemos, mas os nossos vínculos que adoecem.
Falar de vínculo implica falar de interação, ou seja, de uma relação dialética entre mundo interno e mundo externo e entre sujeito e objeto, estabelecendo-se entre estes um diálogo e modificação permanente de um e de outro, através do processo de comunicação e aprendizagem. Nessa concepção podemos entender o vínculo como possibilitador de transformações no sujeito, possibilitando-lhe que, efetivamente, manifeste-se como um devir, ou seja, um indivíduo que vem a ser a cada instante, numa construção contínua a partir do seu processo de aprendizagem. Aprendizagem entendida nesse contexto como apropriação instrumental da realidade para transformá-la e transformarmos.
Vínculo é a ferramenta que nos permite ir e vir; nos permite ver fora e ver dentro de mim; fazendo o interjogo constante entre MI e ME. numa tentativa de reconstrução do ME no MI. Daí a fala de Pichon de que “todo encontro é um reencontro”, ”, na medida em que deposito no outro, aspectos que são meus, a partir de uma atualização de vínculo inconsciente.
Vínculo também é definido como uma relação bicorporal e tripessoal, que se estabelece entre duas pessoas, por meio das redes de comunicação. Pichon faz uma analogia interessante entre o processo que se estabelece na comunicação com o processo que se manifesta na relação vincular. Sabemos que na comunicação pode acontecer ruído, algo como uma barreira entre o emissor e o receptor que faz com que a mensagem não seja totalmente fluída. Então Pichon toma o conceito de ruído da comunicação para explicitar que nas nossas relações vinculares entre duas pessoas ou nos grupos também acontece esse ruído na forma de um terceiro que seria a expressão daqueles personagens, ou melhor dizendo dos vínculos, que povoam o nosso mundo interno e faz o interjogo das interrelações.
O tema de vínculo é desafiador porque nos incita a uma situação especial de realização de uma tarefa: descobrir a presença dos nossos terceiros e o que isso nos propicia (medo, angústia, temor, ansiedade, prazer, alegria, cumplicidade, cooperação, competição, inveja, etc.). Assim, o ato de relacionar-se, ou criar vínculo implica na presença de obstáculos e de uma tarefa implícita e explícita que temos que cuidar e estar permanentemente atentos.
O terceiro que aparece na concepção de vínculo é vital no momento que nos faz remeter a algumas reflexões: Porque na nossa relação com algumas pessoas, sentimos antipatia ou simpatia? Ou seja, porque estabelecemos com alguns vínculos positivos e com outros negativos? Daí, o entendimento da presença do terceiro como a base para fazer a ponte com os personagens do nosso mundo interno que muitas vezes depositamos ou transferimos para nossas relações interpessoais.
Relação vincular também nos remete a pensar em saúde mental, como uma prática de integração permanente entre mundo interno e externo, daí podemos fazer a conexão entre o estabelecimento de vínculos positivos com a saúde mental.
Segundo Pichon o sujeito é um ser de necessidades que se satisfazem socialmente com o outro. A necessidade surge da falta e para satisfazer essa necessidade estabelecemos uma relação, portanto os nossos vínculos são determinados a partir das nossas necessidades. Assim, é pertinente questionarmos como estamos lidando com as nossas necessidades: Estas tem sido satisfeitas ou frustradas? Como estamos lidando com as nossas perdas? Como estamos interagindo com o mundo externo? Que vínculos estamos reproduzindo? Será que temos estado abertos para o processo de aprendizagem, para interagir, aprender com o outro e poder transformarmo-nos?
Eis algumas questões para reflexão a fim de que possamos fortalecer vínculos saudáveis, tornarmo-nos pessoas felizes, potencializando a nossa saúde mental e emocional.





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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Psicóloga Ana Cristina Botelho   
Ana Cristina Botelho é Psicóloga, Coach e Facilitadora de Desenvolvimento Pessoal e Profissional. Sua missão é ajudar pessoas no seu processo de empoderamento pessoal. Atende em SSA e via Skype. Tel. Vivo-(71) 9966.1533; Tim- (71) 9150.9923.
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