Você pode renascer. Saiba como.
Autor Ton Alves
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 03/02/2015 10:58:14
“Eu lhe digo com toda certeza, quem não nascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus” - Jesus de Nazaré, o Cristo, no Evangelho de João
“Aqueles que se desfizeram da vida antiga e nasceram de novo estão libertos pela verdadeira sabedoria” - Sidarta Gautama, o Buda na Anapanasati Sutra
Uma paciente, depois de contar as enormes dificuldades pelas quais teve que passar e que ainda estava enfrentando, concluiu com um suspiro: “Fazer o que? Esta é a minha vida. Não posso mudar”. Com pena e vontade de ajudá-la disse que ela podia deixar esta vida, nascer de novo, renascer. Espantada, ela me censurou com um ar de sofrimento maior ainda. Afinal tinha vindo buscar consolo, e imaginava que eu estava sugerindo que ela se matasse.
Expliquei-lhe com calma e muita ternura que minha proposta não era algo que eu inventava. Eu estava, simplesmente, lhe relembrando a mensagem dos grandes mestres da humanidade. “Era preciso nascer de novo”, haviam proposto. Para muitas pessoas, esse ensinamento era apenas uma metáfora, uma licença poética que os sábios usavam para levantar o interesse pelas suas doutrinas.
Mas, na verdade, renascer é o primeiro passo para “entrar na vida eterna”, como dizia Jesus. Tinha que renascer para se livrar da Roda do Sansara, pregava Buda.
Mas, aí vem a pergunta: Como fazer isto? É necessário morrer fisicamente? É preciso entrar no útero da mãe, como imaginou o Nicodemos a Jesus, segundo contam os Evangelhos?
Minha paciente, já com um brilho de esperança e uma pontinha de alegria no rosto meu perguntou como poderia renascer.
Renascer, eu lhe disse, é fazer como a lagarta que vai se tornar borboleta. Tem que entrar para dentro de si mesmo, envolver-se em suas cascas, armaduras e máscaras até perceber que não precisa delas, e abandoná-las. No caso do ser humano, esse renascimento ocorre como resultado de uma profunda introspecção.
Ao entrar, consciente, dentro de si mesmo, a pessoa leva com ela a luz da verdade, que, iluminando os recantos mais sombrios e escondidos de sua interioridade, descobre os monstros e os cadáveres que estão por lá, infectando e atrapalhando toda uma vida. Esses entulhos existenciais são vistos em sua totalidade e chamados cada por seu verdadeiro nome. São mágoas, medos, sustos, dores e desejos acalentados na sombra, onde se alimentam das trevas. Quando são expostos à luz da consciência, perdem seus poderes, enfraquecem, definham, e se dissolvem. Já não serão ameaças nem motivo de tristeza e de maldade.
É uma verdadeira morte. Acaba-se uma vida. E, ao voltar à tona de sua existência no mundo, a pessoa renasce, surge novinha, limpa, tenra e com toda uma existência a desfrutar. Agora em liberdade, consciência e atenção. O passado não lhe prende, nem o futura a assusta. Está pronta para, aí, realmente viver.
Na lenda cristã há uma passagem da vida e morte de Jesus interessante que ilustra bem esse renascer: a ressurreição. Os primeiros cristãos contavam que Jesus, ao ser pregado na cruz voltou-se para sua essência de Filho de Deus. Foi ao mais profundo de sua alma. “Desceu aos infernos”, como se reza no Credo. Lá, teria enfrentado o demônio olhando-o direto nos olhos e dizendo seu nome. A partir dali, o Príncipe do Mal e da Morte não tinha mais nenhum poder sobre ele. Jesus se tornara então o Cristo, o Ungido, o Eleito. Estava vivo novamente. E agora com muito mais poder e sabedoria.
No budismo há uma narrativa da iluminação de Sidarta que o mostra recolhido em si, enfrentando Mara, o rei dos demônios, que vem tentar impedir a iluminação que faria de Gautama o Buda. Sidarta teria calmamente reconhecido cada uma das formas que o demônio tomava e lhe chamava pelo nome, destruindo todo o seu poder. Quando o sol espantou as trevas da noite, Sidarta, que já se tornara o Buda, estava iluminado. Havia renascido.
É, cada vez mais necessário coragem para morrer para esta vida de enganos, medo, ódio, inveja e egoísmo. E, isto só é possível ao descermos aos nossos infernos, reconhecer e enfrentar nossos demônios chamando-os pelos próprios nomes e não pelos disfarces que usam para assombrar e dominar as mentes.
E, esta não é uma receita minha. É apernas o relembrar das mais profundas e antigas tradições de sabedoria de todos os tempo e lugares.
Vamos renascer! Ainda há tempo!
Afinal, viver, e viver em plenitude é o que de melhor, mais digno e mais sábio podemos e devemos fazer!
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Ton Alves é coordenador do Projeto CASULO DE LUZ de incentivo à prática da MEDITAÇÃO HOLOMÍSTICA TRANSRELIGIOSA (MHT), baseada no exercício do silêncio interior, na contínua atenção ao instante presente e no amplo cuidado com as várias dimensões da realidade. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
