Você sabia que Dante Alighieri foi um Templário? Parte I
Atualizado dia 03/04/2007 09:23:59 em Autoconhecimentopor João José Baptista Neto
Com a matéria abaixo, de excelente conteúdo, o mais importante divulgado aqui até o presente, veremos as ligações da Ordem com demais Ordens Iniciáticas, tudo considerando que o esotérico está acima do religioso, normalmente impregnado de superstições e fanatismos.
Por Dr. Carlos Raitzin
Matéria extraída da Revista Hermética nº2
www.revistahermetica.org
Tradução e publicação autorizadas.
Uma questão de especial interesse relacionada com a Ordem do Templo são suas filiações ou Ordens derivadas de caráter laico ou secular. Possui-se evidências de que ao menos uma dessas filiações existia bastante tempo antes do infame processo a que foi submetido o Templo e da perda do caráter canônico da Ordem, o que teve lugar em 1312. Essa filiação a que aludimos é a Ordem degli Fedeli d’Amore (Ordem dos Fiéis do Amor), às vezes designada também com o nome da doutrina iniciática por ela transmitida: Fé Santa.
Não parece caber dúvida razoável de que o nome Fedeli d’Amore provinha diretamente do famoso grito de guerra dos cavaleiros templários quando esses se lançavam ao combate com valor insuperável. Esse grito era: "Viva Deus, Santo Amor!"
De outra parte, é bem conhecido como membro dessa Ordem, Dante Alighieri, com dignidade de Grão Mestre, e também o pintor Pedro de Pisa. Porém não foram eles os dois únicos talentos. Causa grande admiração ainda hoje a plêiade de grandes figuras da literatura italiana que passaram pelos Fedeli d’Amore. Basta mencionar Bocaccio, Petrarca, Andreas Cappelanus, o Cardeal Francesco da Barberino, Cavalcanti, Dino Compagni, como também Brunetto Latini, autor bem conhecido de duas obras, o “Tesouro” e o “Tesourinho”, a quem nos referiremos depois. Inquestionavelmente os Fedeli d’Amore possuíam uma transmissão iniciática e uma corrente doutrinária esotérica própria em sua forma externa, de indubitável origem templária à primeira vista, porém ismaelita (Ordem dos Haschischin) de fato. Essa doutrina, precisamente por ser iniciática, era supra-religiosa e não podia de nenhuma maneira ser enquadrada nos cânones do cristianismo, nem sequer como uma heterodoxia.
É necessário ressaltar aqui, uma vez mais, que o autenticamente iniciático e tradicional tem seu lugar próprio em um plano espiritual-intelectual mais elevado que o religioso, entendendo este último tanto no aspecto dogmático como devocional. Recordemos que o religioso é, por excelência, essencialmente passivo e funciona exclusivamente a nível de consolo e suporte emocional. O iniciático, ao contrário, corresponde ao modo ativo de desenvolvimento espiritual, empregando técnicas próprias e distintas que são as disciplinas dessa via. Por isso, ambos caminhos não podem, a rigor, se encontrar nem coexistir, sendo essencialmente incompatíveis tanto por uma questão de nível espiritual como por outra de índole metodológica. Ademais, e isso é básico, a via iniciática é antes de tudo caracterizada pela transmissão espiritual que se denomina, precisamente, iniciação. Não existe contrapartida ou analogia da iniciação no campo religioso, a despeito do que pretenderam alguns autores desencaminhados e confusos, tais como Frithiof Schuon. Bem entendido, tudo aquilo de natureza devocional, tal como oração, êxtase, místico, mortificação ascética e esmola caritativa, não tem absolutamente nada a ver com a via iniciática, correspondendo sem exceção a um nível muito inferior das coisas que é, certamente, o religioso.
Isso aqui enunciado é muito simples de entender para quem possui as necessárias aptidões e qualificações para empreender verdadeiramente a via iniciática, mas não resulta, por certo, coisa simples para a imensa maioria das pessoas. De fato, foi requerido muito tempo para chegar a aclarar as idéias até este ponto. E certamente, durante muitos séculos, aqueles que recorriam à via iniciática seguiam (e geralmente seguem até hoje em dia) adicionando-lhe elementos supérfluos de tipo religioso com todos os prejuízos que isso implica: dogmatismo fanático, sectarismo, perda de universalidade e de fraternidade. Certamente, tais atitudes provêm de uma incompreensão profunda da natureza do iniciático, cujo desenvolvimento tem lugar no plano da experiência metafísica a nível totalmente supra-pessoal. Mas, certamente, quem jamais passou por tais experiências inefáveis e, por fim, possua só uma idéia muito vaga e remota da natureza destas, mal pode compreender porque deve se desvencilhar do religioso para alcançar algo certamente mais elevado no que faz tanto à vivência interior como ao Conhecimento do Ser.
Naturalmente todas essas dificuldades provêm do fato de que, normalmente, se iniciam pessoas que não possuem, nem ainda em grau ínfimo, as mínimas condições que as fariam aptas para tal via de realização espiritual. E o que ainda é mais grave: chegam à iniciação carregados de idéias absurdas e concepções errôneas que geralmente tomam do “saber” profano, como do dogmatismo religioso, e que depois lhes resultam muito difíceis de esquecer.
Pois bem, nos Fedeli d’Amore ocorriam, com bastante freqüência, fatos da natureza mencionada. O genuinamente esotérico e iniciático se revestia vez por outra com uma roupagem demasiadamente marcada pela ignorância, pelo fanatismo e pela superstição próprios do tipicamente religioso.
Outras vezes, o temor à Inquisição e aos partidários do Papa fazia com que essa roupagem religiosa, com todos seus absurdos e limitações, fosse adotada deliberadamente. E assim nasceu inclusive uma linguagem secreta dos Fedeli d’Amore bastante interessante e da qual nos ocuparemos mais adiante.
Um tema de tanto interesse como os Fedeli d’Amore não podia escapar à atenção dos especialistas tanto do campo esotérico como historiadores. E assim foi que homens da estirpe de René Guenon, Julius Evola, G. Rosseti, Luigi Valli, A. Ricolfi e Arthur Scult (para mencionar somente alguns dos mais conspícuos) dedicaram a essa Ordem considerável esforço. Hoje revelaremos alguns dos resultados por eles obtidos.
Vejamos alguns fatos de interesse a respeito. No museu de Viena, junto ao Ródano, existem duas medalhas com as imagens de Dante Alighieri e do mencionado pintor Pedro de Pisa em que se lêem as letras FSKIPFT.
Texto revisado por Cris
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