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Volte para o seu lar

Atualizado dia 15/05/2018 15:19:25 em Autoconhecimento
por Rodrigo Durante


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Por que sofremos na vida? Porque esquecemos de quem somos. Ponto.

Enquanto muitos livros e filosofias podem ser resumidos nesta única frase, nós permanecemos acreditando em uma fórmula mágica para o sucesso e a felicidade que não considere a verdade de quem somos, nossa verdadeira essência, aquela vibraçãozinha que se tornou quase imperceptível diante de tanta interferência mental e filosófica que insistimos em manter como os novos deuses de nossas vidas.

Sim, isso mesmo que você leu. Cada crença que temos é um deus que manda na nossa vida. Cada obrigação que acreditamos que temos é um deus que nos submetemos. E você acreditava que só existe um deus, não é? Ledo engano. Poderia até ser verdade se você me dissesse que o único deus da sua vida é você mesmo e vivesse totalmente alinhado com esta máxima.

Mas pare só por um minuto e pense bem: quantos parâmetros você usa para interpretar e definir a si e aos outros? E para dizer o que é certo e o que é errado? Quantas coisas você coloca como condição “sine qua non” para seu bem estar? E para “subir aos céus”? E para ser aceito pelo próximo? E se eu te disser que tudo isso, assim como esta preocupação em ser aceito, já é um desvio de você mesmo?

Este é um assunto longo que requer uma reflexão diária e constante, reforma íntima. A reforma íntima consiste em uma reavaliação de como estamos funcionando na vida e do que é verdadeiro para nós.

Quantas críticas você já criou até este ponto da leitura? Isso é sinal de sua resistência. Porque não precisamos concordar com nada do que o outro diz, apenas sentir se isso é ou não verdadeiro para nós. Mas se damos alguma importância para isso é porque a opinião do outro nos cutucou em algum lugar. E tenham certeza, enquanto não estamos neutros e em total aceitação do próximo, é porque não estamos em aceitação de nós mesmos. Algo ainda estamos nos forçando a ser, a acreditar, a corresponder e aquele que discorda de nossas opiniões, é visto como uma ameaça pelo nosso ego.

“Subir aos céus” significa a perfeita integração entre espírito e matéria. Para isso nossa mente deve estar alinhada com o coração. Simples assim. Não são um conjunto de regras religiosas, filosóficas, científicas ou sociais que trarão este alinhamento, mas o simples fato de nos ouvirmos, nos respeitarmos e sabermos quem verdadeiramente somos.

Cada um de nós é uma expressão de tudo o que há. Em nosso DNA está contido informação de todo o cosmos. A paz, alegria e plenitude que buscamos não está no cumprimento dos pré-requisitos de nossa sociedade atual com toda sua bagagem histórica, mas no simples contato com o próprio espírito.

Sem a interferência da mente, o espírito pode ser acolhido pela matéria. Mas quantas interferências já geramos para isso? Quantos julgamentos temos sobre nossos corpos e os hábitos da natureza? O que acreditamos que precisamos para ser feliz? O que estamos sustentando como tão verdadeiro em nossas vidas que não passa de uma interferência para o ser?

Ah sim... a mente e suas maquinações! Sempre buscando alguma justificativa para liberar a química da alegria. Foi assim que nos viciamos na vida mental e criamos esta imensa separação entre espírito e matéria. Primeiro foi a possibilidade de ter mais destas descargas químicas em nosso corpo. Nos entregamos assim ao mecanismo da satisfação de desejos para se ter algum prazer. Sejam os desejos mais densos ou os mais elevados, o desejo sexual, o de ser algo , ter algo, fazer algo, o de reconhecimento pelo próximo ou o de ser aceito por “deus”. Qualquer coisa que conquistamos nossa mente autoriza nosso cérebro e sistema endócrino a liberar uma recompensa. Este é o vício básico, o que usamos para acreditar que há algo a ser conquistado, uma meta, um padrão a ser vivido.

Depois vieram as religiões, as filosofias, os sistemas de crenças que angariaram tantos seguidores. Tantas mentes aprisionadas buscando uma realização que nunca chega! Quantas encarnações repetindo a mesma busca e a mesma frustração ao final delas? “Olá, aqui é o céu? Não? Mas espera aí, eu acreditei em vocês, eu fui bom e obediente, até briguei com quem discordava da sua palavra!” E, presos nos próprios sistemas de crenças, os desencarnados lhe responderam: “não irmão, o céu é mais em cima. Precisamos encarnar novamente e sermos perfeitos, igual ao Mestre! Venha, vamos prepará-lo para encarnar em uma boa família da nossa religião. É igual a sua, mas agora sabemos que existe reencarnação.” E assim, com tanta distorção dos ensinamentos, os sistemas se perpetuam, a insatisfação e o descontentamento permanecem. Já nascemos enrolados, com laços e contratos que existem há milênios!

A dificuldade de se libertar dos vícios está na dor da abstinência. E a dor de não ser aquilo que se espera é a maior delas. O vício mental na identidade que acreditamos que temos e nas necessidades que buscamos é tão normal que passa despercebido. Tem coisas que acreditamos que são tão indispensáveis e certas que nunca passaria pela nossa cabeça que podemos ser felizes sem elas, ou melhor, que existe algo para se fazer aqui diferente delas.

No fundo, não precisamos de nada além de alimento e oxigênio e, mesmo que estes faltassem, a natureza daria um jeito de perpetuar-se em uma outra forma de vida. O espírito continua se manifestando de outra maneira e a vida nunca se extingue. Existem muitas moradas na casa do Pai. Muitas dimensões, muitas realidades e universos também.

O que é preciso para mudar o mundo? Primeiramente, mudar para quê? O que ainda estamos acreditando que não está correto? Será mesmo algo externo a nós que ainda não conquistamos? Mais uma meta inatingível, algo que trará satisfação de alguma necessidade básica que acreditamos ser fundamental. Precisamos compreender que aquilo que vibramos, é o que manifestamos. Podemos manifestar a realidade do espírito, ou a da nossa mente. O que vamos escolher?

O corpo físico é um transmutador e densificador de energias. É preciso purificá-lo a ponto de sermos capazes de ancorar o espírito, nossa verdadeira essência para que o paraíso se manifeste. Purificar não quer dizer tomar banhos ou fazer dieta, muito menos privá-lo de sexo. À pedido do coração, nada pode fazer mal. Precisamos então parar de julgá-lo, parar de julgar toda a matéria. Nada é impuro aqui, tudo é parte do universo. Negar a matéria faz parte da ilusão da perfeição espiritual que não passa de mais uma ideia mental.

Deixando as ilusões de lado e aceitando incondicionalmente a si e ao próximo, enxergaremos o sagrado em tudo o que há. Alguma relação disso com amar a si, ao próximo como a si e a Deus sobre todas as coisas não é mera coincidência, apenas uma tradução mais adequada ao nosso tempo. Este é um dos caminhos para reencontrarmos quem verdadeiramente somos. Amar a si é viver a partir do coração, é saber ouvir-se, é respeitar-se, é se aprovar, sentir e saber o que é verdadeiro para si. Vivendo a nossa verdade, permitimos que o outro viva a dele também. Isso á amar ao próximo. Vivendo em paz consigo mesmo e com o próximo, temos condições de perceber a pureza e o sagrado de tudo o que há. Isso é amar a Deus.

Sempre que nos demos mal em algo, que sentimos que falta algo, que precisamos de algo, que sofremos por algo, é porque nos desalinhamos de nós mesmos. E sempre que estamos felizes e satisfeitos sem necessidade de nada e sem motivos, é porque estamos fluindo nesta ligação do espírito com a matéria.

A união do corpo com o espírito é o que traz a plenitude. O corpo é capaz de coisas que nem imaginamos. Ele é um ser, tem consciência própria, tem dons e funções além do que a mente por enquanto é capaz de conceber, de sensações perenes e de um equilíbrio constante em nossas vidas. Pode trazer para a matéria qualquer criação, desde que se saiba o caminho, desde que aprendamos a viver a verdade de quem somos.

Pare o que está fazendo agora. Respire... Libere suas metas, deixe seus desejos se dissolverem no esquecimento. Sinta sua respiração, sinta seu coração bater, a vida pulsar em si! Faça alguns movimentos, traga sua consciência de volta para o corpo. Sinta bem a diferença entre a plenitude do corpo-espírito e a satisfação mental.

Voltemos para o nosso lar. O paraíso pode ser aqui! Estamos bem, tudo está bem em toda a Criação.

Namastê!

Rodrigo Durante.

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