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ZOZ Mulher (Bela) e Homem (Fera)

Atualizado dia 7/18/2024 6:40:53 PM em Autoconhecimento
por Margareth Maria Demarchi


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Contos são especialmente maravilhosos. São cheios de códigos, símbolos, metáforas, parábolas, e dentro de cada um desses elementos, está uma fonte poderosa de ensinamentos. Às vezes o ensinamento é óbvio, em outras vezes, é preciso reflexões profundas que dependem das características mais marcantes na personalidade da pessoa que o lê e o interpreta.

É interessante como esse conto francês de 1740 escrito por Gabrielle Suzanne Barbot retrata bem as mulheres que vivem a vida com preocupações. Ler sobre Bela e a fera pode ser um prêmio (ler o conto original, que isso fique bem definido). Ao interpretá-lo a mulher racional tirará conclusões diferentes de uma mulher sentimental, da mesma forma a mulher intuitiva, assim como a mulher perceptiva tirarão conclusões que se aproximem de suas características mais marcantes.

Para falar de Bela e a fera, temos que falar também das origens e da ancestralidade e o quanto antigo é o ciclo dessa origem e dessa ancestralidade (pode ser que o problema atual já persiste por gerações, e persistirá até que alguém “quebre a escrita” e consiga transformar o drama, sublimando e solucionando o problema, o que é o caso de Bela).

Já sabemos que todos os comportamentos marcantes e constantes são movidos por circunstâncias. Nesse conto, a fera, Bela, o pai de Bela, as irmãs de Bela, a madrasta da fera, todos tem seus motivos, e essas origens e circunstâncias mostram que não há certo nem errado, tudo é um emaranhado de eventos, há muito o que ser entendido e compreendido[1]. No conto cada personagem é atraído por aquilo que rejeita como também por aquilo que cativa secretamente, tal como acontece na vida de cada uma de nós.

O que está por trás disso?

Inicialmente há um processo inconsciente (cativar secretamente) que influi nesse comportamento e nas decisões dessa mulher. Quando acontece algum evento que retira a mãe da cena familiar (morte, separação, ...) ou a mãe não dá a devida atenção para o pai, a filha pode sofrer em função de internamente sentir uma atração pelo pai pois há uma necessidade de amparar o pai que ela admira e ama.

Essa sensação é acompanhada de um misto de atração e repulsão, e o medo se instala em função dessa maior aproximação com o pai, ela pode se imaginar substituindo a mãe. Portanto, o pai deixa de ser pai e vira pretendente, isso não é concebível, está fora de ordem. Ela sente isso como um mal a ser combatido. Note que se trata de um processo inconsciente, é uma forma de incesto puramente psicológico que a faz sofrer internamente.

No conto, Bela encontra-se com a fera, convive com ela, teve que distanciar-se de seu pai (não o pai que admirava, mas o pai imaginário, o pretendente que ela rejeitava) e foi se encontrar com a representação oposta do pai num outro homem, caso tivesse buscado um homem que lhe conferisse as características do pai que admirava, ela sentira repulsa e o rejeitaria.

Quando ela tem que conviver com a fera, descobre que existem sentimentos de troca que a fazem olhar para si mesma, o que provoca uma modificação em ambos, a prática da aspereza aos poucos dá lugar à afeição. Aqui se faz necessário o regresso à mãe como fonte intransferível de amor (o conto representa isso na simbologia da flor, que significa a busca ou o regresso da feminilidade). Unida à mãe, Bela (ou qualquer mulher) consegue internalizar o pai e desfaz a fera vista no homem com quem convive, não o homem que ela projeta, mas o homem real com sua própria história. O foco aqui está na relação entre parceiros, mas vale anotar que o mesmo sentimento de substituição da mãe nos casos em que o pai separado ou viúvo inicia um segundo casamento, é a causa da rejeição da filha que não consegue aceitar esse novo relacionamento do pai, aqui não existe a questão da ameaça do pretendente, mas sim a ameaça da separação.

Então temos três fatores a considerar, no primeiro deles há uma comparação externa que diz respeito à mulher e a beleza, a mulher e o encanto, a mulher o e charme, a sua relação com o outro, seu parceiro, a beleza física desse parceiro, aquilo que ele tem, e sofre uma atração que irá conduzir a uma decisão por esse parceiro, entretanto, se ele é adequado ou não aos ideais que a mulher tinha e admirava num homem não é um acaso e sim uma causalidade da vida que lhe traz sempre o que ainda não aprendeu a aceitar, como foi dito, tudo é um jogo da vida para integrar o que antes foi desprezado ou excluído, sendo repetido como uma forma de trazer a ordem.

É muito comum que mulheres sejam atraídas e decidam se casar com uma pessoa que não vai lhes dar o tratamento que pretendem receber. Quantas vezes se houve falar do marido que age inversamente à afeição e carinho e se torna agressivo e autoritário, pode ser não participativo, pode ser que seja avarento, turrão, ou passivo e ausente, no lugar de se aproximar, surpreender positivamente, conceder. As possibilidades são quase infinitas, mas esses são aspectos externos, são temas que devem ser cuidados em relação ao aspecto externo de um relacionamento.

Para destacar um exemplo dentre uma infinidade possível, por que será que tantas mulheres não procuram nos homens a beleza que buscam para si mesmas? Por que será que um pouco de charme e uma boa dose de atenção faz as mulheres ficarem encantadas? Por que tantas mulheres pensam que o seu charme não basta para os homens? [2]

E por que para as mulheres o charme de um homem conta muito?

Mas o que é charme?

Muitas vezes nem se sabe explicar o que é charme, mas sempre ele é colocado como algo mais, que faz com que fiquemos interessados na pessoa. Pois esse algo mais é muito pessoal. Uma pessoa pode “ver” algo mais num homem e outra pessoa achar que ela está enxergando uma coisa que não existe. Portanto, o charme que vemos é muito pessoal e está diretamente ligado com o que se busca interiormente.

Por que algumas acham que o seu charme não é tão poderoso quanto o charme que encontramos nos homens?

O charme tem muito a ver com a intensidade que a pessoa se gosta e se admira por ser quem é.

O que é fundamental, e este é o segundo dos fatores, é que em uma condição semelhante a essas, a mulher precisa desvendar os aspectos internos. Como vimos, trata-se daquilo que ela rejeita e o que ela cativa secretamente a ponto de atrair esses opostos para ter que lidar com eles em sua vida. Terá que desvendar os aspectos internos que bloqueiam capacidades básicas desses mesmos aspectos internos e que podem estar relacionados à sua ancestralidade, ou ao seu psicológico, ou às necessidades não satisfeitas, ou a sua submissão, ou o saber esperar, o saber decidir, e assim segue, ...

No terceiro fator, consideramos que a mulher não pode assumir a vida como um homem, pois não é homem, a mulher não é igual ao homem, pois não é homem, a igualdade de direitos por decreto é falsa igualdade, a igualdade só é legitimada por respeito e consideração das diferenças, dispensa códigos e descrições de centenas de páginas, tem que ser natural.

Homem e mulher são complementos. Ninguém dá mais valor ao braço esquerdo do que dá ao braço direito, ninguém acha mais importante ter olhos e boa visão do que ter ouvidos e boa audição, só anormais sociais afirmam que jovens são mais importantes que velhos. Estas falsas afirmações não tem sentido, por que então ainda insistimos em fazer distinções de gênero? A explicação está longe de ser simples e sintética. Leis humanas e regulamentos neste caso são necessários, mas como acabamos de exemplificar, deveriam ser completamente descartáveis.

A mulher tem que valorizar a sua condição de mulher sensível e amorosa que necessita de afeto e atenção, mas muitas vezes se faz fria para esconder esse sentimento que para ela pode até ser uma fraqueza. Vamos sempre relembrar, a mulher carrega em si o poder de continuidade da espécie, de geração da vida, isso nunca poderá ser subjugado.

Não existem vítimas. Caminhe na sua vida por meios que lhe confiram carinho e atenção, comece por oferecer-se, e doar-se, mas sempre na mesma medida de valor que você realmente tem e merece, essa é a única forma de ter em retorno esse valor. Se o seu padrão é alto, eleve todas as suas atitudes de carinho e atenção até o seu padrão, até a medida atribuída a si mesma. Quando rebaixar-se ao padrão de quem quer que seja, apesar dos contratempos, o seu valor será substituído pelo valor do outro, e é isso que normalmente acontece com a vítima.

Agindo no seu padrão verdadeiro, com certeza, irá receber a contrapartida positiva. Se não está recebendo da pessoa que está próxima de você, pense no que você mesma contribuiu para essa situação.

Para se sentir realizada, qualquer mulher necessita ter o seu lado emocional atendido. Somos de natureza sensível e amorosa. Quando a mulher não consegue liberar o seu lado feminino, problemas certamente afetarão sua mente ou seu corpo.

A mulher que ama e se sente amada, dificilmente se sentirá com peso inadequado ou de beleza duvidosa, pois estará usufruindo daquilo que a natureza lhe deu de sobra, o amor.

[1] Sugiro que você leia o conto Bela e a fera, e como ilustração da realidade também leia as biografias das cantoras americanas Tina Turner e Loretta Lynn, também entenda a saga das mulheres no romance A muralha.

[2] A Bela e a fera. C.G.Jung, O homem e seus símbolos-, pag. 137, descreve o conto da Bela e a Fera, a mulher ainda presa ao masculino, tendo que tomar o feminino. Quando a mulher desenvolve mais o masculino, ela perde o poder no feminino e consequentemente a sua segurança em ser mulher, notado na sociedade como a necessidade para buscar a beleza (a beleza interna que se pretende que seja buscada fora).

Cometários são bem-vindos!
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Nota: Texto retirado do Livro ZOZ - Mulheres Libertem sua Alma  
Direitos autorais Margareth Maria Demarchi 

Texto Revisado
 

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