A Difícil tarefa de agradar aos outros
Atualizado dia 11/09/2016 22:44:48 em Corpo e Mentepor Estrela da Manhã
Cresci sendo identificada como uma das crianças mais inteligentes da minha geração, sendo isso comentado com frequência na família, gerando um misto de vaidade e constrangimento de minha parte.
Ficava envergonhada com os elogios, mas ao mesmo tempo me sentia valorizada. Isso me acompanhou durante a infância e a adolescência e eu me sentia na obrigação de alcançar as notas mais altas nas avaliações, o que acontecia com frequência. Mas, quando não acontecia... meus pais nunca me puniram por um rendimento ruim, mas nem precisava. Eu nunca aceitei ser rebaixada da categoria de melhor da turma.
A identidade imposta pela família caiu como uma luva para o meu ego vaidoso. Era meu orgulho que me castigava, era eu mesma quem me punia.
Mais tarde, passei a ser a mais resolvida das irmãs, aquela que deu certo. A que cursou universidade, a profissional que conquistou independência financeira, a que estava pronta para socorrer a todos porque era forte.
Essa referência teve um peso terrível em minha construção, porque eu me ajustei muito a essa perspectiva. Eu me sentia forte, eu me acreditava forte, eu tinha que ser forte. Era doloroso, mas tinha uma satisfação fantástica em receber esses títulos e ser amada por eles. Se eu deixasse de ser forte, inteligente, resolvida, independente... provavelmente seria menos amada.
Para manter esse padrão de aceitação eu precisava estar disponível para socorrer sempre, em tempo hábil, com uma solução equilibrada e responsável. Vivi essa situação por anos. E, claro, um dia as coisas começaram a desandar. A minha vida pessoal ficou muito ruim e eu desenvolvi crises de ansiedade e estresse.
Através de meditação, reiki e práticas religiosas, fui me harmonizando e passei a identificar a minha grande falha em aceitar atributos que os outros me deram.
Essa imagem foi forjada pelos meus pais e minha família. Eu era e sou uma pessoa absolutamente normal, em processo evolutivo e de aprendizado, com falhas e erros. Passei a me permitir limitar as possibilidades de auxílio, negociando alternativas quando me sentia cansada, ou sem condições para o momento, entendendo essa condição como normal do ser humano. Refleti sobre as minhas verdadeiras qualidades e percebi que sou uma pessoa perfeitamente capaz de ser amada, como qualquer outra com suas qualidades e defeitos.
Com isso fui eliminando vários fantasmas que me incomodavam como o de não corresponder às expectativas que os outros tinham de mim e, consequentemente, passei a agir mais livremente, sem me cobrar tanto.
Evidentemente não sou ainda uma pessoa em perfeito equilíbrio, até porque entendo equilíbrio como uma coisa dinâmica e pulsante. As questões da nossa sociedade ainda mobilizam muito da minha energia, mas estou muito melhor do que há 10 anos atrás. Esse é o processo evolutivo.
Isso me faz refletir sobre a necessidade de observar como lidar com as nossas crianças. A importância de elogiarmos as conquistas verdadeiras e não rechearmos o seu ego com as nossas fantasias e expectativas. Permitirmos que elas tropecem, caiam ao longo da caminhada que irão construindo na medida em que processam o caminhar.
Desmerecer-se, desqualificar-se, é péssimo, elogiar a imagem idealizada também não é nada saudável. Precisamos amar a nossa própria imagem e não aquela que os outros criaram de nós.
Aceitar essa imagem real é o processo de autoconhecimento tão importante para nossa felicidade.
Texto revisado
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Conteúdo desenvolvido por: Estrela da Manhã Musicoterapeuta, Arteterapeuta. Atendimento também com Reiki e Florais. Fone- 71-99411-0107 Contato [email protected] E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |