Alcoolismo – a dor do sistema familiar clamando por ser vista
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Autor Alex Possato
Assunto Corpo e MenteAtualizado em 7/28/2009 1:00:32 PM
![](https://allcare.net/s2/images/alcoholism21.jpg)
Theresia conviveu comigo na fase difícil da bebida, quando eu não tinha motivação de trabalhar, vivia super-ansioso e totalmente ausente, de espírito. Na época, eu tinha as desculpas mais esfarrapadas: não sou alcoólatra! Eu sei o que estou fazendo! Eu não bebo tanto, não vivo dando escândalo e nem caindo pelas sarjetas! Mas depois aprendi, numa das quatro visitas que fiz no AA, que não é a quantidade ingerida, mas a incapacidade de dominar o impulso de beber que determina o alcoolismo. E, lógico: dentro de mim eu sabia que estava atrasando minha vida, ao tomar mesmo que fosse meia garrafa de cerveja. Simplesmente porque necessito da minha mente consciente para o meu trabalho, e a bebida tira a minha consciência. Não tanto para eu ficar bêbado, mas só o suficiente para eu não conseguir mais escrever, trabalhar, atender. Portanto, tornava-me um inútil. Um inútil alegre, afinal, eu adorava o "barato" de estar ligeiramente zonzo. E as vezes, totalmente...
Theresia teve uma paciência e dedicação incrível. E eu tive muita força de vontade para ver que, mesmo sendo uma quantidade mais ou menos pequena, para aquilo que vim fazer neste planeta, que é servir aos outros com o meu trabalho e talento, nem um copo de cerveja poderia ingerir. Foi duro admitir isso. Afinal, a Juliana Paz está aí, toda hora, para me mostrar como a vida com uma loira na mão é boa! Mas não é não. Era um insulto à minha inteligência, beber. Eu sabia disso. Mas não conseguia parar. E resolvi mergulhar fundo na questão. O que fazia eu beber?
Bem, a primeira resposta é: isso é hereditário. Veio do meu pai, do meu avô! Fácil! Achei um culpado. Os dois se remexeram no túmulo, quando pensei este pensamento abominável. Já não basta toda a dor que eles viveram, e eu ainda para culpá-los de um vício que era meu? Bem... está certo. Comecei a investigar mais fundo ainda. Influência da propaganda. Más amizades... Ah, é isso! Más amizades! Vovó dizia que as más companhias me levariam ao vício. Engraçado. Quando lembrei quais as más amizades que eu tinha, vi que era tudo gente boa, muitos dos quais ainda hoje, amigos leais. E agora? Por que bebo?
Está certo. Resolvi olhar para o meu íntimo. E vi. Eu tinha medo. Medo de encontrar pessoas. Medo de me soltar, de rir, de ser feliz. Sentia uma dor inexplicável no peito. Tinha mágoa do papai, mágoa da mamãe, mágoa da vovó, do vovô. Até do meu irmão, que se suicidara anos atrás. Eu carregava o mundo nas costas. Todas as dores do mundo. Eu achava isso, era claro. Carregava coisa nenhuma. Senti que eu vivia um sofrimento inexplicável e irreal. Minha vida não fora tão ruim, apesar da separação dos meus pais no meu nascimento, do abandono da minha mãe, de eu ter sido criado preso pelos meus avós, da esquizofrenia do meu irmão, da pobreza da minha família... É sério. Não foi ruim, não. Hoje, tenho muita gratidão por esta vida, que me transformou em homem. Mas eu não queria ser homem. E então, bebia. Para fugir do medo. Comecei a fazer constelações sistêmicas. Decidi que não queria mais o medo. Decidi que queria amar meu pai e minha mãe, mesmo sem saber como. Decidi que queria ser feliz.
E então, tudo começou a mudar. As nuvens de cobranças foram desaparecendo. Quem é que cobra eu ser melhor do que já sou? Ninguém! Se paro de perder energia nas minhas emoções conflitivas, esta energia, automaticamente, vai para algo produtivo, para a criatividade, para o trabalho, para a diversão, para o prazer, para a espiritualidade... Foi isso que aconteceu. Mas tive que olhar para os fatos escondidos da minha família. Tive que olhar para meu pai e para minha mãe, e aceitá-los, do jeito que foram. Tive que abraçar meu irmão, mesmo que somente com o coração, já que ele repousa morto, num túmulo, em Arujá. Lembro-me como foi bom ter ido até o cemitério, levado meus dois filhos, e colocado um lindo vaso de flores em sua lápide. É lógico que o mano não está no túmulo. Eu senti ele sorrir, e até pude deixar escapar uma lágrima de perdão, e alívio.
Percebi, na minha família, que quase todo mundo fingia que vivia unido, mas na verdade, todos escondiam suas dores. E aí eu respondi ao amigo, que havia enviado o email, preocupado com o irmão alcoólatra. Ele queria saber se a constelação familiar resolve o problema do irmão. E eu falei: o problema do alcoolismo não é do irmão. É da família. Quando todos escondem seus sentimentos, fingem que está tudo bem, tem mágoas dos pais e não resolvem isso, não trabalham a si mesmo, esta emoção vai se acumulando. E alguém da família pode sentir uma necessidade inconsciente de "harmonizar na marra" esta dor, nem que seja com a sua própria saúde, ou com a sua própria vida, como foi o caso do meu irmão. Para se curar o alcoolismo, é necessário que o alcoólatra queira. Mas para se curar a alma familiar, que permite que surjam casos de alcoolismo, é necessário honestidade, vontade e amor aos membros familiares. E este amor pode vir de qualquer membro da família. Sempre existe alguém preparado para amar - geralmente, o alcoólatra não consegue, já que está com seus neurônios imersos em solução etílica. É aí necessário alguém despertar, parar de se meter na vida dos outros, e resolver suas próprias pendências emocionais. Cada um resolve a própria. Este é o amor que Bert Hellinger, o criador da constelação familiar, diz. Todo o resto, a preocupação, a tentativa de "curar" as pessoas doentes, as críticas contra as atitudes "erradas" dos outros, de nada adianta, a não ser, prorrogar a herança de dor e infelicidade.
Libertei-me do álcool. Mas principalmente, libertei-me da necessidade de culpar meus pais e parentes pela minha dor. Não há culpados. Não há dor. Deus não me criou para ficar me lamentando. Deus criou cada ser humano para compartilhar o amor, que é a essência de tudo. Só isso.
Alex Possato é professor de constelação familiar sistêmica e terapeuta sistêmico. Clique aqui e saiba mais
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Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |