Conversa matinal, o amor-próprio e o ser humano
Atualizado dia 21/10/2008 12:23:10 em Corpo e Mentepor Camila Krychina Marchiodi
É mais um dia, com hora já marcada pra acordar...
Levantar preguiçosamente, dar os primeiros passos do dia com o corpo ainda vagaroso e letárgico, olhar-se no espelho, ainda sem se aperceber de um novo amanhecer, como quem em um ato de desânimo e falta de coragem, ainda quase adormecido, se dirige a palavra em um olhar triste e quase bravio de Bom dia! Que coisa, não? Você mal acorda e já se dá por vencido! E assim, como um carrasco - aliás, o seu carrasco particular - que lhe exige obediência e lhe dá sem pestanejar, aquele bom dia, que mais destrói, do que cria!
Ah, sim, aquele bom dia cheio de amargura, de frustração, aquele que mais parece um veredicto de um mau dia, do que o desejo sincero de que seja mesmo bom. Destruindo desse jeito os possíveis sorrisos da manhã, afinal, seu humor já está tão pesado que qualquer um poderá sentir à distância o seu pessimismo, destrói consigo as esperanças de um novo dia, aquele... é, aquele dia chuvoso, de uma manhã fresca e aconchegante, que mesmo assim acordou lenta e de difícil trânsito, mas que preserva sua magia, inspira uns e desanima outros. E com tudo isso, você segue, sem lembrar que com tanta desleixo você destrói também o otimismo que possivelmente viria depois de uma noite de sono, noite de sonhos encantados, ou não, presságios alegres ou notícias amargas que lhe deixaram com uma certa dor de angústia no olhar; ou pesadelos, que escondem lá no fundo aquilo que você faz com você mesmo, e olha, tenha certeza de que sem querer você acaba por fazer muito mal a si próprio; durante essa noite você teve tempo pra reorganizar as idéias, tomar distância dos problemas e conseguir a clareza ideal pra encontrar as soluções; teve tempo de se visitar, de entrar em contato com você mesmo, afinal, o que mais é o ato de fechar os olhos e adormecer, se não se fechar pro externo e se abrir por interno, mesmo que inconscientemente, ficar ali, na solidão do seu mais íntimo ser existencial. Já nascemos sós, e é nessa hora que voltamos a ser somente nós, puros e ingênuos.
Você ainda não percebeu, não é?
Não percebeu que sua vida recomeça a cada amanhecer, que a manhã de chuva vem trazer a purificação do dia, limpa as energias ruins, e em um sentido mais romântico e naturalista, até fecunda a vida... Mas eu sei, sei que você está morando aí, nessa cidade toda encapada por asfaltos e concretos, que chega a ser desumana em quase todos os seus momentos, porque agora só vive em função do avanço material e se esquece que a alma também evolui, mas não é por isso que você não cresce. Você não cresce porque fica aí preso ao pessimismo de uma vida tão passageira quanto o toque da primeira brisa do dia, que suavemente alcança sua pele no começo de sua jornada diária. Não cresce porque já não mais se dá conta de que está vivo, e que estar vivo não significa se levantar, dar-lhe aquele mal humorado bom dia lá do início.
Eu realmente não entendo, não entendo porque não te aceitas, não aceitas a vida com suas belezas incontáveis, seus aromas e aconchegos incomparáveis, não aceitas o "Bom Dia" que vim lhe desejar com todo amor do mundo, o seu amor-próprio que lhe fala sufocado a cada manhã, que tenta todos os dias caminhar de mãos dadas com sua alma, é uma pena, tenho tanto pra lhe dar, mas parece que você não quer me aceitar!
É, vamos lá, então, mais uma manhã que você não me viu!
Bom dia...
Carinhos aconchegantes,
Camila K. Marchiodi
Texto revisado por: Cris
Bióloga por paixão, auxiliar em administração por opção e escritora por amor! E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |