Mente Ecológica




Autor Marco Moura
Assunto Corpo e MenteAtualizado em 4/16/2025 7:44:08 AM
A vida na natureza é deslumbrante em toda a sua diversidade e na dinâmica entre os diversos reinos: o mineral, vegetal, animal. Mas o que acontece com o hominal, que parece tiranizar os outros reinos? Dotado de autoconsciência, o homem é o ser que exerce domínio sobre a natureza para benefício próprio, resultando a longo prazo, em seu próprio desastre. A falta de uma consciência ecológica é, fundamentalmente, o reflexo da falta de uma ecologia interna.
Olhamos com espanto para a capacidade destrutiva do homem quando o mesmo agride a natureza, mas se considerarmos o modo como lidamos com o nosso mundo interno nas atitudes mentais do dia a dia tão comuns a todos nós, não haverá razão para se surpreender - o que fazemos no exterior é apenas um reflexo. A raiz do problema chama-se ignorância.
A ignorância leva a um processo de fragmentação, de desconsiderar a totalidade e se apegar a um aspecto parcial. A ignorância se converte em um despreparo para a vida coletiva. Aquele que vive apenas para si, cuja atuação acarreta prejuízo a longo prazo para o meio, vive em ignorância por não compreender o mecanismo de causa e efeito. Não consegue enxergar quando sua ação tem como consequência a degradação. Por ignorância, as pessoas se acham superiores à lei natural, consideram suas opiniões soberanas e menosprezam perspectivas integrativas. Literalmente, o indivíduo se fecha em um mundo ilusório. O resultado da ignorância em nossa personalidade é o excesso de ego.
O ego é um fragmento da consciência totalitária. Quando o indivíduo se identifica com seus aspectos dualistas, conceituais e opinativos daquilo que é bom ou ruim, ele deixa de considerar o todo. Esquece que a luz cria a sombra, que o alto depende do baixo, que o consciente depende do subconsciente. A degradação que criamos em nosso subconsciente é imensa. E não percebemos isso até que os dejetos se acumulem em forma de crises psicológicas e patológicas. Trata-se do acúmulo da degradação do ambiente interno.
A ignorância induz a um regime ditatorial do dominante sobre o todo. Quando os desejos do ego são expressos sem levar em conta suas implicações viciosas, temos os desequilíbrios psíquicos. Quando a ação desproporcional do ego sobressai às necessidades fisiológicas do corpo, temos a doença. Enfim, ao nos identificarmos com uma das partes, induzimos a prepotência dela sobre o todo. O reflexo disso é o homem se impondo sobre a mulher, o chefe sobre os subordinados, o ser humano sobre a natureza, o instinto sobre a ética, o consciente sobre o subconsciente. O resultado natural são os dejetos que, a longo prazo, se convertem em grandes males coletivos. Com uma visão holística de como a parte afeta o todo e de como o interior se reflete no exterior, podemos olhar de forma mais compassiva ao todo orgânico onde vivemos e adaptar nossa ação para colhermos bons frutos.
Marco Moura
Professor de Meditação, Tai Chi Chuan e Qigong no Centro Dao









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Marco Moura Marco Moura conduz no Centro Dao de Cultura Oriental (metrô Ana Rosa, São Paulo) práticas voltadas ao desenvolvimento integral do corpo e da mente, por meio do Tai Chi Chuan, Qigong e Meditação Budista. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |