Não tenha medo da liberdade
Atualizado dia 14/09/2018 16:37:05 em Corpo e Mentepor Bernardino Nilton Nascimento
O medo é o nosso velho inimigo, e nunca foi vencido. A vida complicada, o acúmulo irregular de bens pelos mais favorecidos, o estresse, a falta de consciência e responsabilidade, a sensação de inferioridade, tudo isso faz com que a juventude veja seu futuro com medo. O jovem tem medo de sofrer, de ser constrangido ao esforço e, sobretudo, de morrer. “Nós receamos muito a morte, o exílio familiar e a pobreza”.
Infeliz de quem tem medo, porque acha logo quem o explore. Conhecida a sua fraqueza, pegam-no e o conduzem sob ameaças de castigos cruéis e dolorosos. O medo nos faz escravos. Eis por que os exploradores do medo são muitos. Entre eles, os mais malignos são os que aterrorizam para, em seguida, tranquilizar, a fim de que os recompensem como protetores.
Armados para garantir sua vida e encorajados a serem bravos e cruéis, espalham a violência e, vemos de volta, o antigo medo da presa, como um veado na mira do leopardo.
Há sistemas de governo fundados sob o medo, religiões fundamentadas sob o medo. Muitos métodos de educação não conhecem outra base. O cúmulo de tudo isso é que também existe uma moral estabelecida sob o medo. Esta moral vem a dar nisso: o bem está onde não há perigo de morte, porém, corre atrás de ganhar dinheiro a todo custo. Muita gente não tem outra regra a seguir. Os governantes, como toda a sociedade, podem evitar que a juventude caia em vícios grosseiros.
A mocidade reclama seus direitos à sociedade e seus governantes. Se ao menos lhe sacrificasse apenas as suas extravagâncias, ela não se queixaria. Mas sacrificam as suas boas intenções, os seus tesouros de confiança, de entusiasmo, de esperança.
Antes que seja tarde, não podemos atirar ao poço o ouro, que é a juventude. Não podemos adiar mais, e nem fingir que não temos conhecimento do que está acontecendo, por erros passados. Do contrário, faz-se loucura. Uma sociedade de medrosos que exageram tudo e se agitam mutuamente sem cessar, parece um ajuntamento de loucos. Um ser humano mais equilibrado no meio dessa desordem de pessoas é uma bênção dos céus. Ele faz logo crer aos menos disparatados que a situação não é tão terrível como se pensa e que, ainda que fosse grave, o pior meio de salvar-se seria perder a esperança e a fé.
De todas as qualidades de um coração valente, não conheço outra mais preciosa do que este dom de suavizar, de fortalecer com esperança, de levantar os ânimos abatidos e de produzir um pouco de tranquilidade, de ordem e de luz, na confusão dos que estão perturbados.
Na paz como na guerra, na família como na vida política, é preciso buscar-se, antes de tudo, uma alma firme, generosa e leal aos princípios da justiça.
O grande trunfo que temos é o nascimento, em nós, de alguma coisa que destrua o medo, ou que pelo menos o suavize, e essa coisa é o amor. O medo remonta ao egoísmo, para aquele que põe toda a esperança e toda a felicidade na sua própria pessoa. A senha é o amor à juventude. Nesta fase bela da vida, onde se estabelecem as aspirações, não tem havido muitos momentos de esperança. É necessária que se arme alguma coisa de si mesmo, alguma coisa maior e menos frágil. A coragem, real, a que não prospere de um só dia nem simples valentia física, onde a fonte maior seja o sentimento de justiça e amor.
O jovem corajoso é aquele que se atira na batalha pela verdade, pela justiça, pela defesa do fraco, pela salvação da vida. É aquele que, ainda quando não dê à sua crença uma forma definitiva, ama a vida por causa dos bens superiores. Ele deve estar convencido de que a vida não consiste em beber, em comer, em fumar, em gozar, em ter um raio de luz nos olhos ou uma gota de sangue nas veias, mas em consagrar-se ao amor, a essas realidades invisíveis, as únicas que dão à vida um verdadeiro sentido.
É desta disposição do coração que florescem a coragem e a perseverança. O segredo da energia superior e da influência que ela exerce está em sentir a necessidade de ir até o fim; o soldado valente é aquele que mesmo abatido passa coragem para sua tropa.
Termino com as palavras de um jovem soldado depois da primeira batalha. Quando lhe perguntaram o que ele havia experimentado, respondeu: "Tive medo de ter medo, mas não tive medo".
BNN
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