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MUDANDO O MUNDO

Atualizado dia 07/12/2010 11:12:01 em Espiritualidade
por Oliveira Fidelis Filho


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"Continuo tendo a capacidade para mudar o mundo". Barack Obama

Em entrevista, por escrito, ao jornal Espanhol "El Pais" publicado em 20/11/2010, o então presidente americano Obama teria feito a declaração supracitada.

Vale lembrar que a eleição do referido presidente aconteceu em meio a uma avalanche emocional. Os americanos precisavam - e me parece que a necessidade só aumenta - de um herói, de um ídolo, de um salvador da pátria e então surge Barack Obama (antes dele sugiram outros como Superman, Homem Aranha, Mulher Maravilha...). Rapidamente, não apenas eles, mas um expressivo percentual de terráqueos transferiu para Obama o sonho de superação, de paz, prosperidade, de dias melhores, do paraíso na Terra. É possível que por um bom tempo Obama acreditasse ser a solução dos problemas não só dos americanos, mas também do mundo.

A necessidade de um salvador da pátria, de um herói, é geralmente retrato ruim de uma sociedade, revela sentimento de fragilidade, insegurança, baixa estima e desesperança experienciados. Quanto mais desesperada uma nação, quanto mais mergulhado no medo um povo, maior a comoção e a irracionalidade com a qual se apega a um líder. Atitude que, desnecessário dizer, geralmente acaba em final infeliz, pois passada a forte névoa da comoção, da inflação emocional, a realidade começa novamente a se tornar visível, podendo redundar em sentimentos ainda maiores de frustração e de desânimo. Surge então a depressão pessoal e coletiva: a outra extremidade da gangorra emocional.

Quando uma nação goza de bem estar social, em áreas como educação, distribuição de renda, saúde, segurança, estabilidade política e econômica, as eleições geralmente transcorrem sem alardes; a vida simplesmente segue seu curso. As pessoas se realizam em si mesmas, se autogovernam e não precisam de heróis, de messias, de salvador da pátria. Quando há justiça há paz e não há espaço para paixões insanas, aventureiros e/ou aproveitadores.

Grandes e cruéis ditadores surgem, quase sempre, de nações fragilizadas, dificilmente de nações fortes. Como o poder é o sonho oriundo das necessidades dos fracos, o ditador surge para preencher o vácuo resultante da fragilidade de um povo. Acaba sendo o resultado dos sonhos compensatórios, presentes na consciência e no inconsciente coletivo.

A frase atribuída a Barack Obama, "ainda posso mudar o mundo", tenho que confessar, mexeu comigo. Não tanto pelo seu aspecto megalomaníaco, até porque nunca na história deste escritor ouvi, vi e li tantas declarações megalomaníacas como nos últimos anos. Além do que, entre o megalomaníaco deles e o nosso, prefiro o nosso! Não ligo se me chamarem de bairrista ou anti-imperialista, porque também temos o nosso império: o IFS - Império da Falta de Sentido.

Se o leitor estiver estranhando meu estado um pouco alterado eu posso explicar: hoje é segunda-feira, meu time não classificou para a Libertadores, o que é um claro sinal do fim dos tempos, e sem prorrogação; o Santos cometeu muitos pecados e mesmo assim protagonizou os melhores espetáculos; o Fluminense, com o técnico que admiro e que deveria estar no São Paulo, sagra-se campeão brasileiro de 2010. E para alterar ainda mais meu estado emocional acabo de saber que a Bola de Ouro ficou com o argentino Conca, ou seja, o melhor jogador do campeonato é um argentino!

Talvez, também em função de estar com a cabeça "inchada", continuo sem compreender a declaração de Barack Obama: o que exatamente ele quis dizer com "ainda posso mudar o mundo"? Ele acha mesmo que pode mudar o mundo? Em que aspecto acredita poder mudá-lo? O mundo deseja ser mudado por ele? Qual o mundo que ele alega ainda poder mudar? Ele é capaz de reconhecer algum outro mundo fora dos Estados Unidos?

Tenho pouca chance de ser recebido na Casa Branca (Aliás, tem gente que não acha politicamente correto designar tal residência oficial de Casa "Branca"; quanto à Casa "Rosada" dos argentinos, há os que acham normal) ou recebê-lo para um cafezinho aqui em casa, para um bate papo esclarecedor; portanto, não podendo desvendar sua enigmática declaração só me resta aproveitá-la para algumas considerações.

Penso ser, também, capaz de mudar o mundo. Não o mundo inteiro, o meu país, minha cidade, minha companheira ou minhas filhas. Ainda assim, creio que a mudança do mundo depende mesmo de uma pessoa, de uma pessoa de cada vez, de cada um mudando o seu próprio mundo, seu mundo interior.

Ha muitas coisas no mundo que precisam ser mudadas, muitas trevas à espera de Luz, muita maldade esperando ser substituída por atos de bondade, muito sofrimento à espera de compaixão. Entretanto, tudo o que existe fora de nós é fruto do que existe ou do que falta dentro de nós.  Assim, para mudar o mundo visível, necessário se faz mudar o mundo oculto no interior de cada um, pois é a partir do material armazenado por dentro que é construído o que percebemos por fora. A realidade externa não passa de projeção de crenças, valores, pensamentos e sentimentos que cada um hospeda dentro de si.

Assim, se desejo que meu mundo, grande ou pequeno, com o qual me relaciono, usufrua amorosidade, necessário se faz me limpar dos sentimentos menores que dificultam a livre expressão do amor. Se desejo habitar em um ambiente iluminado, preciso me limpar de todas as sombras. Se desejo viver em um ambiente pacífico, preciso arejar meus pensamentos e sentimentos com a resfrecante brisa da paz. Cada um é co-criador da realidade, gostemos ou não de tamanha responsabilidade.

Aqui vale lembrar, não em estado hipnótico, mas consciente, as declarações de Francisco de Assis: "Senhor fazei de mim um instrumento de tua paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erros, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz".

É preciso, no entanto, entender que todas as deficiências e necessidades devem ser primeiramente identificadas e corrigidas no universo pessoal. Para mudar o mundo externo é imprescindível iluminar o mundo interno. Com tal compreensão, é possível até mesmo tomar posse das palavras de Barack Obama e, sem se sentir megalomaníaco, afirmar: "Continuo tendo a capacidade para mudar o mundo", o mundo que em mim existe. Quando alguém muda o seu próprio mundo, o mundo muda!

As sementes da árvores do bem e do mal germinam e lançam suas raízes a partir do solo interior de cada um para só depois aparecer e frutificar, como projeção, no mundo exterior.
Texto revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Oliveira Fidelis Filho   
Teólogo Espiritualista, Psicanalista Integrativo, Administrador,Escritor e Conferencista, Compositor e Cantor.
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