UM NATAL (QUASE) INESQUECIVEL
Atualizado dia 12/14/2009 12:10:05 PM em Espiritualidadepor Alberto Carlos Gomes Lomba
A mídia certamente já estressou suas melhores intenções com mil ofertas de presentes.
E presente para parentes, conhecidos e afins. Na categoria dos afins, podemos enumerar uma lista telefônica que vai desde o humilde lixeiro, passando pelo manobrista, da garagem onde você estaciona o carro, ate o amigo secreto da empresa em que trabalha.
E claro que as lojas de R$1.99, acabam salvando o bolso de muita gente.
Não bastasse isto temos, hoje em dia, milhões de lojas em ruas conhecidíssimas, onde se encontra de tudo, sendo 30% falsificado em pais vizinho. Mas vale a intenção.
Afinal, é o espírito de Natal.
Por isto mesmo, Zizinha Pena, casada com Donato Pena, e mãe de três lindas crianças, e mais uma infinidade de parentes, dona de casa exemplar, e diarista por profissão sempre “arrumava” uma depressão neste período.
Jogada numa cama, encenando total abandono pelas festas transferia para Donato o comando de toda a festança.
Embora sem nenhuma medicação e nos bastidores, com a filharada, se informava do andamento das coisas.
Quando o marido chegava em casa, todo empacotado, ou seja, cheio de pacotes, pois que era chefe do almoxarifado de uma multinacional e ganhava razoavelmente bem, Zizinha corria para a cama e se jogava e continuava a encenação de doente.
Coitado do Donato. Mulher doente e lá se iam seu décimo terceiro em mil bugigangas que seriam distribuídas na ceia natalina, principalmente, para os parentes da esposa, que vinham do interior e nada colaboravam e exigiam conforto total.
Sem contar que estes dias que antecediam o Natal faziam churrasco, bebiam tudo que tinham direito e lavavam a roupa suja da família em verdadeiras batalhas verbais.
Zizinha nem estava aí. Continuava a manipular tudo ao seu interesse.
Para sair da depressão pediu ao marido uma televisão moderna pois que o primo Castrinho levaria a da sala, como bônus por ter viajado 800 quilômetros para a grande noite.
No emprego, Donato caiu de amigo secreto de um diretor e como um saudável puxa-saco comprou para o mesmo um litro de uísque escocês 10 anos. O seu presente foi um mísero CD que acabou travando no aparelho de som.
Mas consciente do espírito do Natal, não negou fumo.
Para a alegria total da população que superlotava a casa de Donato, no dia 24, Zizinha estava curada da depressão. E ainda teve tempo de assaltar a carteira do marido para ir comprar um vestido novo e fazer o cabelo.
E a ceia chegou.
Antes da meia noite, parentes e amigos, atacavam a farta mesa com muita variedade em comida, além de bebidas e doces.
Zizinha vibrava com sua nova televisão. Donato a distancia esperava a badalada da meia noite quando então os comilões começaram a passar mal.
A fila do banheiro parecia interminável. Era um corre-corre. Zizinha chorava vendo seu Natal ir para o brejo. Enquanto isto, Donato pegou o carro e foi participar da Missa do Natal.
Até hoje, Zizinha e seus parentes, que passaram o resto do Natal no pronto socorro, não sabem quem colocou purgante digestivo nas comidas.
E muito no seu íntimo prometeu que para o próximo ano nada de depressão, pois ela mesma cuidara de tudo. Afinal este foi um Natal inesquecível.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 8
Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |