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A arena BBB

Atualizado dia 30/03/2010 15:24:50 em Espiritualidade
por Flávio Bastos


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Passados séculos das carnificinas vistas como forma de espetáculo e divertimento público, a arena repleta de "gladiadores" modernos, ganha uma versão nova com toques de sentimentalismo e grosseria. É a arena do Big Brother Brasil, promovida pelo império da mídia e coordenada pelo imperador da hora.

A cada paredão,  um ou mais gladiadores são escolhidos pelo público - com o movimento do polegar para baixo - para serem  eliminados sem chances de sobrevivência. Mesmo mediante pedido de clemência ao imperador.

No sentido de dinamizar o espetáculo e "envolver" o público, muitas atrações extras são providenciadas pelo império, situação que gera muitos dividendos aos patrocinadores, bem como ao próprio império. Reluzentes bigas de "marca" com pontas de lança na carroceria, e rodas cravadas de punhais que dilaceram, colaboram sobremaneira, com o cenário do espetáculo. Close de cintilantes espadas ou da indumentária usada pelos competidores, também fazem parte do show da moderna arena do BBB. 

Reflito e, ao mesmo tempo, pergunto: O que o Big Brother, programa de excepcional audiência, acrescenta em termos de valores dos quais as novas gerações estão, urgentemente, necessitando?

Quais exemplos, nós, adultos, estamos passando a essas gerações de jovens semi-perdidos e cada vez mais carentes de valores humanos em suas vidas?

Como nas antigas arenas do passado romano, velhos "ensinamentos" se reproduzem na arena da mídia, ou seja, somente os "fortes", bajuladores ou manipuladores sobrevivem em um sistema que enquadra perfis "ideais" de comportamento social.

Na verdade, são valores sutilmente baseados na "lei de Gerson" que movem os gladiadores da arena do BBB, onde as disputas diárias escancaram a competitividade e a luta pela "sobrevivência" em um cenário que representa fielmente a essência de um sistema que previlegia o capital acima de valores humanos.

A hipocrisia chega às raias do ridículo, quando o melodrama acontece à medida que um gladiador ou gladiadora é eliminado da arena. Isso pelo menos não acontecia há séculos atrás, quando a hipocrisia que envolvia os "circos" das arenas romanas era potíticamente aceita, embora sórdida e disfarçada de espetáculo público.

Penso que nós, terapeutas alternativos, e demais profissionais formadores de opinião,  temos o dever de nos posicionarmos a respeito de um programa de baixo nível cultural, mas que, paradoxalmente, assim como acontecia em Roma, hipnotiza o espectador e serve como cenário de "divertimento" às custas de seres humanos que se prestam a fazer papéis de palhaços, gladiadores ou sei lá o que possa ser, mas que acabam colaborando com uma cultura consolidada, ou seja, a cultura da competitividade quase sem ética que prioriza valores materialistas como mecanismo de crescimento pessoal.

O resultado dessa cultura de massa é do nosso conhecimento: a alienação, a crise de valores na educação, o crack, o aumento da criminalidade, etc.

Sobre a finalíssima do BBB, escreve o jornalista Paulo Santana na edição do jornal Zero Hora de 30 de março: "... de um lado, um dos três finalistas é Cadu, um bebezão brutamontes que não acrescentou nada, absolutamente nada, ao programa durante todo o transcorrer. Mostrou em todo o BBB a única coisa que tinha, um físico extraordinário, um torax avantajado que deve ser de agrado das mulheres, mas nenhuma ternura, nenhuma inteligência, nenhuma sensibilidade".

E segue a sua análise, o colunista de ZH: "No centro dos três finalistas, figura a extasiada Fernanda. Outra que, além da beleza dos seus olhos e do encanto do conjunto lábios, dentes e sorriso aliados a um nariz bem feito, emoldurados por uns olhos azuis tentadores, nada tinha a oferecer ao respeitável público. Nada mais. Nenhuma palavra, nenhum pensamento, nenhum raciocínio, nenhuma participação em qualquer diálogo mais interessante, nem que fosse pelo bom humor ou pela descontração. Cadu e Fernanda foram as mais altas expressões de mediocridade da história de todos os Big Brothers".

E conclui, o jornalista gaúcho: "Vai ganhar o Dourado. Bastou espalhar que era homofóbico (aversão por homossexuais). Bastou arrotar e escarrar a torto e a direito no programa, mostrando que os que estão dentro da casa não têm muita noção de que são vistos durante as 24 horas do dia no peiperviu. Vai ganhar o grosso, o sem ternura, o que mais se esforçou para fingir que era meigo, sem nunca ter sido convincente. Mas ganhou o que se definiu, os outros todos ficaram sempre em cima do muro, querendo agradar aos colegas e ao público. Vai ganhar o Dourado, mas tinha que ter ganho o Michel ou o Diocésar, pelo menos os últimos dois pensavam alguma coisa...".

Um bom filme está em cartaz nos cinemas. Um filme que pelo menos "tenta" resgatar valores éticos entre seres que vivem num cenário de barbárie pós-apocalíptico. "O livro de Eli", nome do filme, representa a caminhada do  homem no planeta Terra, cuja mensagem estimula-nos a refletir sobre valores e o e o futuro das próximas gerações de seres humanos. É o que estamos precisando, pois nem tudo acaba nas arenas dos Big Brothers espalhados pelo planeta. Resta-nos, portanto, uma esperança: a lucidez.

Psicoterapeuta Interdimensional.

flaviobastos

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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