A Deusa é tríplice
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Autor Marisa Petcov
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 01/07/2011 08:17:53
A Deusa é tríplice, manifestando-se, pois, sob três aspectos, visto unir em si complementos e os opostos da psique. Assim sendo, ela é tanto delicada como rigorosa e implacável. É plena de luz e de visões famosas, mas ao mesmo tempo pode nos levar para as trevas e para terríveis horrores.
Com efeito, essas polaridades são parte essencial da arquitetura da alma humana. A coisa importante a perceber é a natureza complementar dessas polaridades, o fato de cada polo se confundir com o outro e voltar a se distinguir dele. As polaridades dependem umas das outras; de suas relações e dos seus encontros vem a energia dinâmica da psique, o mercúrio interior da substância anímica, que se move constantemente de um para outro polo - e que, em seu eterno movimento, descobre e explora criativamente. Sem essa polaridade, nossa vida interior murcharia, seria uma mera flor seca, num reino fossilizado.
O impulso proponderante do patriarcado, que começou sua ascendência há uns 2000 ou 3000 anos com a negação do feminino, não podia preservar uma mitologia que unisse essas polaridades - preferindo, em vez disso, negar um dos polos. Foi essa a causa da terrível doença do dualismo, em que a tradição patriarcal identificava um polo como bom e outro como ruim. Isso produziu um sentido de justiça absoluta importante para civilizações fundadas no poder militar e no imperialismo. Uma civilização dessa espécie sempre pode projetar a imagem do mal na raça ou povo que deseja conquistar, enquanto se vangloria de sua própria retidão, certa de que o seu Deus está do seu lado. Esses impulsos de modo algum foram erradicados do nosso mundo atual; por exemplo o dualismo Leste-Oeste, Capitalismo-Comunismo ainda fornece combustível a um conflito e a uma competição absurda entre nações e povos.
Em termos mitológicos, a estrutura patriarcal só podia incorporar o seu oposto dual na forma de divindades rivais. Nesse dualismo ingênuo, havia uma hierarquia de deuses bons, plenos de luz e bem intencionados com relação à humanidade, e uma hierarquia invertida de deuses maus do mundo inferior, sempre conspirando contra a humanidade e tentando destruir tudo o que a religião ou a sociedade patriarcal particular representavam. Logo, durante o conflito entre muçulmanos e cristãos, cada parte via a outra como incrédulos infieis; do mesmo modo, tanto o cristianismo como o islamismo perseguiram os judeus ao longo da história.
É evidente que uma mitologia masculina não pode integrar as polaridades do dualismo; e se continuássemos a trabalhar, enquanto sociedade, com esses arquétipos, estaríamos condenando a nós mesmos e aos nossos descendentes a dar prosseguimento à luta e ao conflito interpessoal e internacional. No nível pessoal, estaríamos também negando uma oportunidade de integrarmos os opostos na psique, impedindo a liberação correspondente dos enormes recursos de energia humana criativa aprisionada em nosso interior por causa desse dualismo.
O feminino, contudo, é capaz de unir os opostos. Sua imagem cósmica é a Lua, com sua fase sombria de Lua Nova, sua fase luminosa de Lua Cheia e seus crescentes e minguantes intermediários. Ela não é constante; em vez disso, move-se num ciclo, penetrando nas trevas, e, mais tarde, trazendo a luz. Os deuses masculinos, identificados com a luz do Sol, não poderiam passar por um tal ciclo; suas mitologias eram forçadas a ser dualistas - os bons deuses celestes e os maus deuses do sombrio mundo inferior. A Deusa tríplice, por outro lado, traz em si todas as polaridades. Encontramo-la numa variedade de disfarces, e, como é mutável, ela desafia nosso pensamento unidimensionalmente com contradições e aparentes inconsistências. Ela muda de forma a cada volta do seu ciclo e o nosso pensamento, para compreendê-la, tem de se ajustar à mudança.
Continua
Baseado no livro de Adam Mclean, A Deusa tríplice
Marisa Petcov
Sacerdotisa da Tradição Diânica Nemorensis, Numeróloga e Contadora de histórias
Comunicadora do site link com o programa Contando histórias e números, terças-feiras, às 20 horas
Organizadora do PNT-SP, no Parque Trianon
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