A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS E O INDIVÍDUO ESPÍRITA
Atualizado dia 02/11/2006 20:29:14 em Espiritualidadepor Maísa Intelisano
Embora todo indivíduo espírita convicto represente, de algum modo, a doutrina dos espíritos, esta, por sua vez, nem sempre pode ser tomada e analisada tendo-se por base os indivíduos que a praticam.
A doutrina que Kardec tão bem estudou, estruturou e batizou é obra de revelação espiritual e não de invenção humana e, por isso mesmo, é indestrutível e progressiva, permanecendo estabelecida desde os seus primeiros momentos entre os encarnados até a eternidade.
Vale ressaltar que, embora Kardec tenha sido o instrumento de precisão utilizado para organizar os conhecimentos trazidos pelos espíritos, a doutrina, em si mesma, não é obra dele, pois é conseqüência direta e clara da própria natureza e de suas leis, sendo, assim, obra divina, tão antiga quanto a própria Criação, em suave e gradativo desvendar aos homens da Terra.
Já o indivíduo espírita é, antes de mais nada, um espírito em evolução, criação divina destinada à perfeição, mas ainda em processo árduo e contínuo de burilamento moral e espiritual. Assim sendo, todo espírita, por mais convicto que seja, é ainda um ser imperfeito, sujeito a enganos e exageros de toda a sorte, os quais só o tempo e a experiência poderão extirpar de sua índole e, por conseguinte, de sua conduta.
Temos, portanto, uma doutrina perfeita praticada e divulgada por indivíduos imperfeitos. Como administrar esse aparente paradoxo?
Lembremo-nos de que um dos ensinamentos básicos da doutrina é a constante busca da melhora interior. Ou seja, a própria doutrina previu que seus adeptos e praticantes seriam falhos e colocou, dentre seus mais importantes preceitos, o contínuo trabalho de reforma íntima, baseada no exemplo do Cristo e na vivência consciente dos ensinamentos contidos em seu Evangelho.
Desta forma, a doutrina não só garante o aperfeiçoamento permanente de seus adeptos sinceros, como pressupõe a constante atualização dinâmica, progressiva e gradativa de suas práticas e “descobertas”, fazendo com que os seus conceitos básicos possam ser cada vez mais e melhor compreendidos, acrescidos das novas “notícias” que os espíritos continuam a trazer até o plano terreno.
A compreensão paulatina da doutrina dos espíritos dá aos seus seguidores, portanto, a garantia de que o futuro será sempre melhor e mais esclarecedor do que o presente, muito embora, às vezes, as aparências pareçam dizer o contrário, e de que todos nós, sujeitos ainda aos processos de aperfeiçoamento através dos mecanismos de encarne e desencarne, teremos acesso a esse esclarecimento de forma a fortalecer profundamente a nossa fé e alicerçar, em bases irremovíveis, o nosso conhecimento.
Tomar a doutrina dos espíritos ou, como melhor a conhecem, o Espiritismo, pelo que faz dele um grupo bem intencionado, mas nem sempre bem encaminhado, de indivíduos espíritas, é um erro que os verdadeiros adeptos e estudiosos da doutrina não podem mais cometer ou deixar que se cometa.
É chegada a hora de encararmos de frente os preceitos espíritas, esforçando-nos para aplicá-los, com lucidez e discernimento, em nós, conosco e para nós, de acordo com a nossa capacidade de entendimento, deixando de nos desviar por observações aparentemente coerentes, mas não tão bem esclarecidas ou atualizadas da faceta da verdade que eles representam.
É tempo, pois, de separarmos, dentro dos salões espíritas, o joio do trigo, para que este último possa florescer e dar frutos saudáveis para alimentar a alma dos que ainda não se sentem totalmente despertos para os esclarecimentos trazidos pela doutrina dos espíritos.
Não nos cabe julgar ninguém, a não ser nós mesmos, no rumo que tem sido dado à divulgação, exemplificação e prática espíritas nestas últimas décadas. Não nos cabe perguntar a mais ninguém, além de nós mesmos, se a conduta adotada está realmente de acordo com os preceitos essenciais da doutrina e, a partir da resposta sincera a esse questionamento, empreender os esforços que forem necessários para tanto.
Queremos que todos compreendam que a nossa tarefa não é a de desestimular nem privilegiar quem quer que seja nas suas práticas, mas, sim, a de alertar a todos que se encontram, de algum modo, ligados à doutrina consoladora e esclarecedora dos espíritos, para que se conscientizem de sua importância perante a imagem que hoje é veiculada a respeito da mesma, esforçando-se para que esta imagem reflita sempre o liberalismo, o dinamismo e o estudo conscientes que fazem do Espiritismo o que ele realmente é: a doutrina espiritualista da modernidade.
MIRAMEZ
Recebido espiritualmente por Maísa Intelisano em março de 1997
Texto revisado por: Cris
Avaliação: 5 | Votos: 160
Psicoterapeuta com formação em Abordagem Transpessoal, Constelações Familiares, Terapia Regressiva, Florais de Bach e Reiki II, é também tradutora e revisora; palestrante e instrutora em cursos sobre espiritualidade e mediunidade; e fundadora e presidente do Instituto ARCA de Mediunidade e Espiritualidade. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |