A evolução do espírito na problemática humana - 3



Autor Dante Bolivar Rigon
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 24/04/2012 14:48:47
Continuação A3
Se observarmos com atenção as cartas de Paulo para seus companheiros de outras terras, notaremos sua preocupação tanto para o presente como para o futuro, pois sabia que a implantação do cristianismo levaria tempo dilatado até ser totalmente assimilado não só pelas populações, mas também pelas famílias que dominavam os postos-chave do Império soberano. Foi um período difícil e escuro, pois marcava uma cisão profunda no abismo entre as deidades antigas e milenares com suas leis e costumes, e as ideias renovadoras de Jesus. Aos poucos, a vala foi dilatando, marcando indelevelmente o novo e moderno conceito de vida comparado ao antigo e já desgastado modus vivendi. A humanidade dava um passo decisivo, pois como já foi comentado por nossos companheiros de estudo, passava do jardim da infância espiritual para o curso primário. Na sequência dos estágios anteriores, a evolução curricular continuava sem interrupção. O primeiro período desse novo tempo foi o mais difícil, pois os mestres que seguiram Jesus após a sua morte teriam que levar avante os ensinamentos a custo do próprio sangue, único material disponível para solidificar a nova escola que se iniciava. E foram milhares deles, muitos retornando dezenas de vezes em missões sacrificais a fim de consolidar a obra iniciada. A história do cristianismo foi escrita a suor e sangue, mas a ideia venceu as muralhas da ignorância e intransigência, despertando como um sol radiante a conduzir os destinos dos filhos da Vida que se demoravam naquele estágio evolutivo.
Impressionada com os acontecimentos vividos pelos primeiros cristãos, a Sra. Irma indagou:
- Até quando esse período bárbaro que cobriu a terra de sangue mártir se prolongou aterrador?
- Aproximadamente trezentos anos, embora tenha havido períodos de menor intensidade de acordo com o caráter do Imperador eleito. Houve até momentos em que parecia que o cristianismo havia superado todos os obstáculos, recrudescendo a perseguição com maior intensidade com o desaparecimento do dirigente benigno, substituído por outro mais terrível e desumano. Parece que as potestades celestes permitiam essa trégua para que os mestres sacrificados pudessem, a pedido próprio, retornar novamente e atingir idade necessária para continuar a obra brutalmente interrompida.
- E nesse período que marcou o fim da perseguição sistemática aos cristãos até ao surgimento da Igreja Católica Apostólica Romana que assumiu para si a tarefa de estafeta divino, o que aconteceu?
- Embora haja muita contradição entre os diversos historiadores que registraram esse período e ter sido destruído o acervo da Igreja Cristã, os poucos fragmentos conseguidos da história arquivada nos dá uma pálida imagem dos acontecimentos vividos na época. Havia terminado o que poderemos chamar de primeiro ano primário espiritual para os novos filhos da terra. As principais sociedades antes dominadas pela espada romana já aceitavam o cristianismo como verdade plausível, relegando seus deuses distanciados ao abandono. As classes dominadoras, apesar de ainda não se conformarem totalmente com a nova filosofia, estavam infiltradas pela ideia nazarena, e devido a quantidade de famílias nobres que aderiam ao novo conceito de vida desinteressaram-se de continuar a perseguição sistemática pois feririam seus próprios parentes e amigos, principalmente as senhoras, as primeiras a aderirem ao novo pensamento. Conscientes de que seus deuses não mais lhes inspiravam devoção, trataram de buscar outras alternativas religiosas e filosóficas que lhes facultassem a continuidade das devoções. E após muitas experiências encontraram a deidade mais próxima às suas necessidades espirituais na religião mítrica, a qual passaram a seguir secretamente a fim de não se exporem ante seus amigos ainda fiéis aos princípios milenares. O cristianismo não os convencera devido às seus ideais absurdos e extravagantes, mas os deuses milenares também não lhes respondiam mais as indagações patrícias. Sentiam-se realmente abandonados por seus deuses...
- Porque escolheram o mitrismo a qualquer outra religião?
- O mitrismo seria quase como um traço de união entre a velha tradição patrícia e o cristianismo que se firmava.
- De onde surgiu e qual foi a base doutrinária que fez com que os poderosos e líderes da época lhe aceitassem a fé?
- Possivelmente terá vindo da Persa. Basicamente seus princípios eram parecidos com os do cristianismo, embora sua filosofia pendesse para a manutenção das castas diversificadas, não determinada pela condição de nascimento, mas conforme a capacidade individual. Sem deixar de pregar o conceito universal do direito e do bem, a continuação da vida após a morte e a reencarnação, aceitava o domínio das sociedades privilegiadas por serem elas as que lideravam e legislavam, proporcionando aos menos afortunados e escravizados o amparo e o trabalho para o seu sustento e o de suas famílias. Na verdade, o mitrismo propunha o modelo em que as modernas repúblicas de hoje se estruturam.
- Você falou que o mitrismo tinha princípios parecidos com o cristianismo. Quais seriam esses princípios? - continuou a Sra. Irma.
- Inicialmente devemos levar em conta que na época, entre o ano trezentos e quatrocentos do nosso calendário houve muita confusão em torno do cristianismo, pois misturavam a vida de Jesus e seus feitos com seus enunciados. O Professor passou a ser mais estudado e cultuado que seus ensinamentos. Jesus tornou-se de um momento para outro o homem divino martirizado.
- E por que tão bruscamente essa mudança de conceito pelos adeptos do cristianismo?
- Como falamos anteriormente, aquilo que podemos definir como o primeiro ano primário da atual humanidade espiritual estava concluído e os mestres que vieram após Ele para complementar e dar consistência e continuidade à obra concluíram sua tarefa e retornaram ao mundo espiritual deixando os alicerces do cristianismo firmados e entregues aos novos filhos da Terra. Os terráqueos da segunda infância distanciados dos professores e sós, adaptaram a magistral doutrina conforme seu entendimento limitado, adequando-a da melhor maneira à sua capacidade de compreensão.
- Com isso quer dizer que a implantação do cristianismo na Terra levou aproximadamente trezentos anos?
- A implantação do cristianismo na verdade iniciou há mais de quinhentos anos antes do nascimento de Jesus. Sócrates propôs as verdades e posteriormente Jesus as aperfeiçoou. Sendo uma matéria curricular de importância primordial para a evolução da humanidade, havia necessidade de a enraizar primeiro nas mentes que já se adequavam a entendê-la, e qual semente a multiplicar-se e substanciar a ideia para que quando chegasse o momento programado houvesse quem a aceitasse com tranquilidade, fazendo eco aos ensinamentos propostos.
continua









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