A jóia mais rara

   

Autor Leandro José Severgnini

É fato incontestável que o ser humano procura incessantemente e a todo custo algum fator de felicidade e plenitude. É fato também que em cada indivíduo seja diferente o seu conceito de felicidade e o que traz satisfação para uns pode não servir para outros; o que uns enxergam como salvação pode ser visto como perdição para outros. Quem está certo? Quem está errado? Mas o que é certo e o que é errado? São questões relativas à verdade de cada um e que certamente está longe de haver um consenso. Longe da pretensão de dar um fim ao assunto, devo dizer que a minha experiência pessoal me mostrou que para aquele que busca com sinceridade a autossatisfação, este jamais encontrará um ponto de chegada. O ponto de partida pode ser dado a qualquer instante, mas não existe uma chegada. Isto não significa que a plenitude espiritual seja uma ilusão. Muito pelo contrário, ela é tão real que não existe um limite para ela. O somatório é infinito, não existe um resultado final nesta equação.

O ponto a ser frisado é que cedo ou tarde cada um vai "dar o start" na busca por si mesmo. Uns antes e outros depois, mas todos vão. O que difere de indivíduo para indivíduo é o grau de apego aos seus conceitos e suas "verdades", o quanto cada um está ou não preparado para abrir mão de todo o conformismo daquilo que julgava ser absoluto e inquestionável. Esta transição não é repentina e muito menos suave e, como todo o resto, também não é definitiva, pois uma transição sucederá à outra ad infinitum. A questão é estar aberto para isso, pois a cada aceitação vem a mudança; a cada mudança nós crescemos; a cada crescimento estaremos mais próximos de nós mesmos. 

Haverá de chegar o momento em que mudaremos o foco de nossa busca e, como diria o filósofo Huberto Rohden, "substituiremos a 'alo-redenção' pela 'auto-redenção'". Ou seja, perceberemos que a salvação, a redenção não virá de fora, mas de dentro! Afinal, alguns entendem que a sua plenitude crescerá à medida que cresce a sua conta bancária e o status social; outros preferem acreditar que a sua plenitude virá na mesma proporção de suas crenças e rituais devocionais à uma divindade externa (alo-redenção); e ainda há alguns que para se sentirem bem, julgam precisar de entorpecentes (que como o próprio nome sugere, apenas "entorpece" a incapacidade de ser feliz consigo mesmo). 

Como sugeri anteriormente, isto também há de ser transitório pelas próprias consequências que acarretam, e também por que chegará o momento em que cada um perceberá que todo e qualquer tipo de adorno externo não mudará em nada a existência interna do ser que aí habita. E vou mais longe: chegará o momento em que o brilho da plenitude espiritual que alcançarmos brilhará como um sol dentro de cada um e ofuscará o falso-brilho de tudo aquilo que nos satisfazia externamente e de modo ilusório. Mas para esse dia não tardar a chegar, compete somente a nós o esforço em adquirir tudo aquilo que não teremos de deixar um dia pela força natural das coisas. Talvez esta paz, essa plenitude e amorosidade já estejam brilhantes dentro de nós, mas criamos tanta lama ao redor que sequer percebemos! 

"A questão não é ir para o céu, mas aprender a arte de estar no céu onde quer que você esteja" - Osho.

Avaliação: 5 | Votos: 5

     

Conteúdo desenvolvido pelo Autor Leandro José Severgnini    Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui.